sábado, 28 de janeiro de 2012

A História, os discursos e as verdades

Baltasar Garzón é alvo de entidades fascistas, diz Ramonet


“Estão usando como desculpa denúncias nebulosas sobre honorários de uma palestra que ele deu para o banco Santander, mas a verdade é que não passa de um ataque de duas entidades claramente fascistas. É uma resposta a decisão do juiz Garzon de autorizar a abertura das covas coletivas do franquismo e de investigar os crimes cometidos durante a guerra civil e a ditadura. Proponho que os participantes do Fórum Social Temático preparem um documento de solidariedade ao juiz Garzon", disse Ignacio Ramonet em Porto Alegre.

Fonte: Boletim Carta Maior

Porto Alegre - O ciclo de debates Direitos Humanos e Justiça iniciou sexta-feira (27), com uma palestra do jornalista espanhol Ignácio Ramonet, que falou para um auditório repleto na faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). A mesa foi aberta pela ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, que lembrou que o exame dos erros do passado influi diretamente no futuro: “Enquanto não respondermos sobre as mortes na ditadura militar, a democracia brasileira será uma democracia frágil”. Rosário frisou a importância da aprovação recente da Comissão da Verdade, que examinará as mortes e demais violações aos direitos humanos durante o regime militar brasileiro.

Em sua fala, porém, Rosário não comentou nenhuma das críticas que a comissão vem recebendo. O governo brasileiro é acusado por parentes de vítimas e movimentos de defesa dos direitos humanos de ter cedido à pressão da direita e criado uma comissão ineficiente. A ministra lamentou que ainda hoje violações sigam acontecendo, citando a recente remoção violenta dos moradores da comunidade do Pinheirinho, em São José dos Campos, São Paulo: “A própria presidenta Dilma chamou a ação de barbárie. É preciso combater com firmeza a violência policial que ainda é frequente no Brasil”, disse para aplausos.

O diretor do Le Monde Diplomatique (edição espanhola) iniciou sua fala lembrando que tratava-se de um dia muito especial, já que a justiça da Guatemala tinha decidido pela condenação do ex-ditador Efraín Ríos Montt, 86, a 30 anos de cadeia por genocídio cometido durante os 36 anos em que governou o país, entre 1960 e 1996. “Mesmo tão idoso, a justiça deixou claro que não se pode esquecer”, disse Ramonet.




Se a justiça guatemalteca trouxe boas notícias, na França e na Espanha, as novidades são muito piores: “Na França, uma lei foi aprovada e promete punir quem negar o genocídio armênio pelo império otomano, o que tem sido considerado pelos historiadores como uma volta à política da verdade oficial, uma forma de inquisição”. No país natal de Ramonet, o ataque é ainda mais grave, com o julgamento do juiz Baltasar Garzon pela justiça espanhola:

“Estão usando como desculpa denúncias nebulosas sobre honorários de uma palestra que ele deu para o banco Santander, mas a verdade é que não passa de um ataque de duas entidades claramente fascistas. É uma resposta a decisão do juiz Garzon de autorizar a abertura das covas coletivas do franquismo e de investigar os crimes cometidos durante a guerra civil e a ditadura. Proponho que os participantes do Fórum Social Temático preparem e assinem documento de solidariedade ao juiz Garzon. Se condenado, ele poderá ser suspenso por 10 a 20 anos, o que o impediria de lutar pela liberdade”.

O trabalho de Garzon, que mandou prender o ditador chileno Augusto Pinochet, entre diversos outros militares, policiais e agentes das ditaduras chilena e argentina, para Ramonet, caminha juntamente com a instalação de comissões da verdade, entidades que investigam crimes cometidos por regimes autoritários: “Entre 1974 e 2011, mais de 35 dessas comissões foram instaladas. Elas vem atender uma obrigação dos estados, que é o dever de memória. Cada estado precisa assumir sua responsabilidade por atos criminosos do passado”.

Ramonet argumentou ainda que colocar os criminosos na cadeia não é a única resposta que os estados devem dar à sociedade: “Principalmente nos casos em que o tempo passa e os criminosos morrem, o Estado precisa prover uma reparação moral às vítimas. Reconhecer que torturou e matou. O desejo de memória nasceu em Auschwitz, quando Hitler tentou exterminar os judeus e todo o rastro que aquele povo havia deixado”.
Em seguida o fundador da ONG Global Media Watch expôs os percalços que a busca pela verdade vem sofrendo: “As leis de anistia, que foram aprovadas em diversos países, causaram uma forma de amnésia coletiva que, com o tempo, podem se tornar uma explosão de intolerância e violência”.

Para encerrar, Ramonet enumerou as funções que cada comissão da verdade tem que cumprir. Sua última frase definiu perfeitamente o espírito da mesa e do ciclo de debates: “Há que se ter memória, para se fazer justiça”. Assista no vídeo acima os minutos finais da fala do jornalista.

A ministra Maria do Rosário encerrou a mesa com uma fala breve, em que disse que a democracia, para ser viva, tem que estar em movimento, ativa pela participação da sociedade: “Se não há participação dos movimentos sociais, a democracia abre caminhos para sérios retrocessos. As ditaduras não conhecem barreiras e as lutas pelos direitos humanos também não podem ser contidas”.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Coisas do facebook... e de outras redes?

Afinal, de quem são os conteúdos que circulam nas redes sociais?

A liberdade na internet vai muito além da navegação sem censura e criminalização. Há questões como propriedade dos conteúdos, autorização das empresas produtoras e gestoras de plataformas de armazenar (e usar?) esses conteúdos... Enfim: Thayara pescou este vídeo interessantíssimo, de 2011. Trata-se de relato de um estudante de direito europeu que está processando o facebook por razões que todos nós devíamos conhecer de perto!


E mais um vídeo espanhol que tem um caráter mais reflexivo sobre o tema...
Chama-se "A face oculta de facebook", é de 2010.





segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Sopa, Pipa, Anonymous... velhas lutas nos novos meios

A guerra na rede

Fonte: Autoria em Rede 

post de Bia Martins

23/01/2012

A semana passada marcou a passagem para um novo patamar na luta pela liberdade na rede. Por um lado, houve a maior ameaça de todas para a cultura digital, com a possibilidade de aprovação dos projetos Stop Online Piracy Act (SOPA) e PROTECT IP Act (PIPA) pelo Congresso americano. (Leia mais sobre o SOPA neste post.) Mas, por outro, a potência de resistência da rede se mostrou como nunca.

Na quarta-feira, dia 18 de janeiro, milhares de sites em todo mundo estiveram fora do ar para protestar contra essas proposições, liderados pela gigante Wikipedia. A mobilização resultou em milhões de emails de protesto sendo enviados para os congressistas que acabaram adiando a votação do projeto. Não se pode dizer que desistiram da ideia, mas sem dúvida perceberam que votar contra a liberdade da rede pode representar uma enorme perda de votos.

No dia seguinte, como numa retaliação, o FBI fechou o site Megaupload, um serviço de compartilhamento de arquivos, por onde circulavam filmes e músicas protegidos por direito autoral, mas também muito material livre, arquivos produzidos pelas próprias pessoas que tinham ali um meio de partilhá-los com seus amigos.

Em seguida, o grupo de ciberativistas Anonymous retirou do ar os sites da Motion Picture Association of America (MPAA), da Recording Industry Association of America (RIAA), do Departamento de Copyright da Casa Branca e até mesmo do FBI, entre outros, deixando evidente que o jogo de forças nesse conflito está longe de ser definido.

O interessante, a meu ver, é perceber como mudaram as armas de combate. Na guerra em rede, a resistência ao controle tem o poder de desestabilizar o sistema num novo paradigma no qual a inteligência, ou a potência cognitiva, pode rapidamente mudar o placar. O grande diferencial é que poder econômico não pode mais querer dar as regras sem ter que enfrentar a força dos que lutam para manter a Internet livre.

Tenho defendido que a livre circulação das informações e, portanto, da cultura e do conhecimento, é parte da dinâmica do capitalismo atual, de caráter cognitivo, e por isso mesmo é irrefreável. Pode-se até tentar deter o fluxo, como tem sido feito, mas a dinâmica do compartilhamento é algo tão intrínseco à rede e já tão incorporado como prática social que não tem como voltar atrás.
Resta-nos, então, aguardar os próximos rounds da batalha.

Deixo aqui alguns links para dois artigos interessantes sobre o tema:

EUA farão do combate à pirataria a nova guerra às drogas, diz analista – entrevista com Sergio Amadeu.

Saiba quem são os Anonymous, que derrubaram o site do FBI

***
veja aqui uma das mensagens do Anonymous:


quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Explicacion de la ley SOPA

                                           Fonte: Youtube




Ativismo na rede, pela rede!


 Fonte: youpix - pessoas + pixels






18 janeiro 2012

Hoje, definitivamente, é uma das datas mais marcantes na internet. Os principais sites da web estão lutando para proteger a própria rede do SOPA e o PIPA – dois grandes projetos de lei que ameaçam mudar tudo o que a internet é e representa. Caso você ainda não saiba muito bem do que tratam essas duas siglas e quais são seus perigos, aqui a gente explica tudo bonitinho.

Como o SOPA e o PIPA podem realmente prejudicar a internet e, consequentemente, grandes empresas e sites que trabalham com isso, vários gigantes e entusiastas da web resolveram se posicionar contra. Pra você ter uma noção de como estão essas lutas ao redor da web, resolvemos dar uma compilada dos principais protestos dos maiores sites:


Um dos maiores berços da cultura de internet, replicador de virais e memes, o Reddit é um dos principais sites da internet inteira. Quem entrar no Reddit hoje, vai encontrar um site preto, cheio de links para se informar e protestar.




Até ela, que já te salvou milhões de vezes, também é uma das principais organizações contra o SOPA. A versão em inglês do site também resolveu aderir ao blackout e a mensagem que eles deixam é bem clara:
“Por mais de uma década, nós gastamos milhões de horas construindo a maior enciclopédia da história humana. E, exatamente agora, o Congresso dos EUA está considerando um projeto de lei que pode danificar a internet livre e aberta. ”




O Google ainda não fez apagão, mas deixou um simples link na página principal da versão americana do site. Ela te direciona para uma hotpage especial feita especialmente pra lutar contra o SOPA, com um PDF explicando tudo bonitinho e uma petição para enviar ao Congresso dos EUA.


É um enorme portal de notícias de tecnologia e internet nos EUA. E também tá fazendo blackout de 100%, com um link pra você também enviar sua petição ao Congresso Americano.


A maior revista e site de cultura web do mundo fez um semi-apagão animal. O site tá todo censurado, com tarjas pretas em cima de tudo, chamando a atenção das pessoas pra também assinarem a petição contra o SOPA


Pra você ter uma noção de como o SOPA e o PIPA podem prejudicar qualquer tipo de site, até o Explosm, que faz aquelas tirinhas do Cyanide and Happines, fez apagão. Sim, o humor e o entretenimento de internet podem ser prejudicados pela própria indústria do entretenimento offline.


Uma das plataformas mais populares de blogs pelo mundo inteiro também fez apagão. É claro que os blogs que usam o WordPress continuam funcionando normalmente, mas a home deles não.


Outro site genial e importantíssimo para a cultura de internet. Eles aderiram ao blackout criando o GIF mais genial do dia e que resume bem o SOPA:


A Clara Gomes, nos lembrou de outro site gigante que aderiu legal aos protestos. O Imgur é um dos maiores do mundo em compartilhamento de imagem. Mas, hoje, qualquer imagem que você abrir lá, aparecerá isso: