sábado, 27 de junho de 2015

O panóptico no século XXI

Câmeras, para que te quero?

A Faculdade de Direito da USP, 188 anos após sua fundação, quer instalar câmeras emergencialmente. Fica a sensação de que foram quase dois séculos de caos.


Jorge Luiz Souto Maior
Bolteim Carta Maior 
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A Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, 188 anos após sua fundação, resolveu que tem urgência, urgentíssima, em votar – e com resultado previamente estabelecido – uma proposta de instalação de câmeras em suas dependências e o fará, segundo está programado, na próxima sessão da Congregação a se realizar no dia 25 de junho.

Fica a sensação de que foram quase dois séculos de caos, que precisam ser reparados emergencialmente, sob pena de perecimento da instituição.

Diz-se que é uma questão de segurança, já que vários furtos têm sido verificados no estabelecimento. Mas não é possível desconsiderar que a Faculdade é um espaço de pensamento, de manifestações culturais e políticas, incompatível, portanto, com a lógica da vigilância, cuja conseqüência, é a punição.

Assim, sopesam dois valores contrapostos, o da segurança patrimonial e o da liberdade de expressão interligado à produção do conhecimento.

A Faculdade de Direito enquanto instituição de ensino tem como finalidade precípua constituir-se em ambiente favorável à produção do conhecimento e ao fortalecimento da democracia. Se uma Faculdade de Direito, instituída pelo Estado, abre mão do papel de conferir à democracia um valor supremo, toda a sociedade tende a sentir os efeitos disso.

Como a Faculdade de Direito não é um depósito de utensílios, é plenamente sem sentido concreto buscar raciocínios para privilegiar a defesa do patrimônio e sacrificar a própria finalidade institucional da Faculdade, que, vale reforçar, não pode ser equiparada a um banco, por exemplo.

Argumenta-se que é possível garantir um valor sem prejudicar o outro e dentro do contexto de tentar equilibrar as coisas fala-se da colocação de câmeras apenas em locais estratégicos, que não atingiriam o espaço do “território livre” que é o pátio. Mas se o propósito é a segurança essa estratégia se não for combinada com os assaltantes e malfeitores da ordem jurídica não adianta muita coisa visto que estes podem, então, elaborar estratégias diferentes para o cometimento dos ilícitos, ou seja, nos locais não atingidos pelas câmeras.

As câmeras colocadas em locais restritos, então, apenas constituirão a base do argumento para que, na constatação da ineficácia da medida, se passa a justificar, futuramente, a ampliação dos locais de colocação. É uma porta que se abre...

Fato é que as câmeras não são garantias eficazes da preservação do patrimônio e certamente constituem elementos de interferência negativa na vida acadêmica e estudantil.

E nem se contra-argumente dizendo que estou preconizando que a vida acadêmica é ambiente propício para o cometimento de ilícitos. O que estou dizendo é que diante de uma câmera, vista sabe-se lá por quem e sabe-se lá com qual propósito (até porque as imagens ficam registradas para sempre), as manifestações e as condutas tendem a uma padronização odiosa à contestação e à crítica.

Lembre-se que em um dos clássicos da compreensão da racionalidade punitiva implementada a partir do século XVIII, a obra de Michel Foucault, Vigiar e Punir, editada em 1975, o autor explica a alteração que se processa no modo de punição, que deixa a perspectiva do espetáculo público do suplício, da agressão explícita ao corpo do condenado, vez que isso fazia com que o carrasco se parecesse com o criminoso e transformava os juízes em assassinos, e passa ao processo de formatação da consciência abstrata para construção de uma fisionomia do criminoso, visto com alguém que pratica o crime por ato de vontade, favorecendo, assim, ao desenvolvimento de relações de poder e de dominação, de modo a aprisionar não o corpo, mas a alma, ao mesmo tempo em que permite à institucionalização da delinqüência como entidade coletiva, que mais facilmente pode ser mantida sob controle mediante constante vigilância.

As ações de vigiar e punir, desenvolvidas racionalmente, ou seja, de forma calculada, organizada, tecnicamente pensada, mediante manobras e táticas, servem, pois, a um projeto de submissão comportamental, sendo que tais ações se ligam por interdependência.

Voltando ao aspecto específico da segurança, uma instituição de ensino jurídico deveria iniciar o debate apontando a inconstitucionalidade da utilização da terceirização como forma de contratação de trabalhadores para o exercício da função de vigilância, que, além disso, gera extrema precarização nas condições de trabalho e, consequentemente, deficiência nos objetivos de segurança do serviço prestado, não por desinteresse dos trabalhadores que realizam a atividade, mas em razão do reduzido número de empregados contratados e da fragilidade jurídica, que lhes impede de auferir maior identidade com o local de trabalho, submetidos que estão, sempre, às ameaças de transferências e de punições.

Prosseguindo-se o debate seria essencial que se apresentassem dados concretos acerca da eficácia de câmeras para os propósitos da segurança, mas sem deixar de fazer referência aos efeitos sobre a intimidade, a privacidade, a organização coletiva de funcionários, de professores e de estudantes.

Necessário estender essas discussões e não suprimi-las com os argumentos falaciosos do fato consumado, da inexorabilidade e da necessária adaptação à realidade deturpada dos “tempos modernos”, até porque o desafio a que deve se propor uma instituição de ensino é o de superar as incorreções sistêmicas, jamais de se submeter a elas.

Se não há estudos que demonstrem a eficácia das câmeras. Se nenhuma outra medida de segurança foi pensada e posta em discussão. Se a questão da qualidade dos serviços de vigilância terceirizada não é examinada. Se não é realizado um debate amplo sobre a questão. O que resta é apenas o aumento das potencialidades de controle sobre estudantes e trabalhadores.

A eliminação do debate se dá exatamente para que o verdadeiro propósito da implantação das câmeras não seja revelado: manter sob controle os movimentos estudantis e dos trabalhadores.

Se estivéssemos mesmo em uma situação de estado de sítio em que os direitos e a liberdade individuais, duramente conquistados, tivessem que sofrer restrições para a defesa de um bem maior, seria o caso então de uma “vigilância total”, com câmeras colocadas em todos os ambientes, incluindo as salas do Diretor da Faculdade e dos chefes dos Departamentos, o que serviria, inclusive, para que os estudantes, funcionários e professores mantivessem sob controle esses agentes públicos, com favorecimento, inclusive, da transparência no que se refere às sessões dos órgãos deliberativos da Faculdade: Conselhos Departamentais, Congregação e Conselho Técnico Administrativo (CTA).

Além disso, se o propósito fosse efetivamente apenas o de tentar garantir o patrimônio, a instituição poderia deixar consignado o seu compromisso público de que nenhuma imagem gerada pelas câmeras seria utilizada para avaliar a conduta de alunos, funcionários e professores ou mesmo servir de base para instauração de procedimentos disciplinares por condutas comportamentais, normalmente arbitrariamente enquadradas em normas abertas como a da agressão à moral e aos bons costumes, como ainda se verifica previsto no regime disciplinar da USP construído nos idos da ditadura civil-militar (1972).

Claro que esse compromisso não seria suficiente para eliminar todos os danos acima mencionados e apenas se faz referência à hipótese para melhor explicitar a verdadeira funcionalidade da instalação das câmeras. Um compromisso desses é impensável exatamente porque o propósito não revelado é o de vigiar e punir, como já manifestado.

Enfim, é bastante triste e até mesmo desestimulante verificar que existe uma quase unanimidade entre gestores e professores da instituição, que se vangloria de ter se apresentado para a sociedade, em vários momentos históricos, como uma espécie de bastião da liberdade e dos direitos fundamentais, em se deixar conduzir, com assustador conformismo, pelo determinismo que inspira regimes ditatoriais.
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Jorge Luiz Souto Maior é professor livre-docente da Faculdade de Direito da USP. Chefe do Departamento de Direito do Trabalho e da Seguridade Social.

quarta-feira, 17 de junho de 2015

Internet Livre, o que é?


Autoria em rede
17/06/2015 23h31

O menino da Internet, documentário-tributo a Aaron Swartz

by Bia Martins

Leis injustas existem; devemos nos contentar em obedecê-las, ou devemos esforçar-nos em consertá-las, e enquanto não conseguimos, obedecê-las, ou devemos transgredi-las de uma vez por todas?
Henry Thoreau

Estas palavras, que dizem muito da disputa atual pelo modelo de circulação dos bens intelectuais em nossa sociedade, abrem o documentário “The Internet's Own Boy: The Story of Aaron Swartz”.

Sua trajetória ativista retrata a luta entre o direito de acesso ao conhecimento e à cultura versus o recrudescimento da propriedade intelectual.

Desde muito novo, Aaron participou de algumas das grandes invenções da internet, como o recurso RSS, a especificação das licenças Creative Commons e o site Reddit.

Ainda muito cedo, optou por deixar o mundo das startups e do dinheiro rápido para ficar ao lado de gente como Tim Berners-Lee, em prol da rede livre. Berners-Lee, para quem não sabe, criou a WWW e a disponibilizou de graça para a humanidade, tornando possível a criação de um sem número de inovações e serviços sobre a plataforma, algo que seria muito mais limitado se ela fosse proprietária.

Entre muitos projetos, Aaron criou o site OpenLibrary.org, uma biblioteca online aberta, onde é possível acessar e ler livros gratuitamente. Outra iniciativa de peso, que incomodou o governo norte-americano, foi disponibilizar gratuitamente 2,7 milhões de documentos da justiça federal do país que, apesar de serem dados públicos, tinham acesso restrito e cobrado. O FBI chegou a investigá-lo por esta iniciativa, mas não conseguiu base legal para processá-lo.

O ativista foi ainda peça fundamental na luta contra o projeto Stop Online Piracy Act (SOPA), que pretendia restringir a circulação de dados na rede e que acabou derrotado no congresso americano.

No final de 2010 e início de 2011, Aaron iniciou mais um projeto ambicioso: baixar uma grande quantidade de revistas e artigos científicas da plataforma JSTOR, usando a rede do MIT. Mesmo que ele nunca tenha disponibilizado os arquivos para terceiros, o FBI encontrou aí os fundamentos para processá-lo. E apesar de tanto o MIT quanto a JSTOR terem retirado a denúncia contra ele, o processo continuou e ele corria o risco de ser preso e ter que pagar uma multa de U$ 1 milhão.

O final da história, você já deve conhecer: Aaron não suportou a pressão e cometeu suicídio em 11 de janeiro de 2013. Um garoto brilhante, uma das lideranças da luta pelo conhecimento aberto e livre, acabou servindo de "exemplo" do que pode acontecer em solo norte-americano para quem ousa se contrapor às normas vigentes do capital. Mas, não, a luta ainda não acabou. Sabemos disso.

Vale assistir ao documentário, que conta em detalhes a sua história e nos inspira a continuar no front.


Bia Martins | 17/06/2015 às 23:31 | Tags: Aaron Swartz, Commons, Cultura Hacker, Pirataria, Propriedade intelectual, Vídeos | Categorias: Commons, Cultura hacker, Pirataria, Propriedade intelectual | URL: http://wp.me/p10BcQ-te

domingo, 14 de junho de 2015

Comunidades discursivas - II

Por que as conquistas históricas do futebol feminino não saem na mídia?

Todas as respostas possíveis levam ao machismo: no dito 'país do futebol', a mídia comercial ainda acredita que lugar de mulher é fora do campo. 

2/06/2015 - Copyleft 


Najla Passos
Boletim Carta Maior 


Reprodução/torcedores.com

Noite de terça-feira (9), Montreal, Canadá. Abertura da Copa do Mundo de Futebol Feminino.  A seleção brasileira estreia com vitória de 2 x 0 sobre a Coreia do Sul. Mais do que isso, registra dois feitos históricos. No início do 2º tempo, Marta, cinco vezes eleita a melhor jogadora do mundo, balança a rede em cobrança de pênalti, atinge a marca 15 gols em mundiais e se torna a maior artilheira da história campeonato. Antes disso, ainda no 1º tempo, Formiga, 37 anos, 20 de seleção brasileira, abre o placar e se transforma na jogadora mais velha a marcar gol em mundiais.

Pouquíssimos brasileiros, porém, comemoraram a tripla conquista da noite de estreia. Os feitos nem chegaram a ser assunto nas rodas de conversas da semana. A maioria das pessoas sequer ficou sabendo. As marcas das maiores jogadoras do dito "país do futebol" obtiveram pouco espaço na imprensa comercial, inclusive na especializada. Por que Ronaldo, o fenômeno, que também ostenta a marca de 15 gols em mundiais, tem muito mais visibilidade? Por que o menino Neymar, qualitativamente distante de marcas como estas, é quem frequenta as primeiras páginas dos jornais?

Professora do Bacharelado em Estudos de Gênero e Diversidade da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Maíra Kubik afirma que a mídia tende a reproduzir estereótipos e, por isso, nela, a mulher ocupa apenas seus papeis mais tradicionais, como o de dona de casa ou de mãe. "Pesquisas demonstram que, por exemplo, em matérias de economia, a mulher é entrevistada no supermercado para falar sobre o aumento dos preços, enquanto os homens são os economistas, que comentam tecnicamente", exemplifica.

No caso específico do futebol, ela aponta que a mulher é tratada muito mais como "musa" do que como "atleta". "No Brasil do machismo, o lugar da mulher não é no futebol, que ainda é tido como um nicho masculino. E, por isso, mesmo conquistas valorosas como a de Marta e Formiga não ganham visibilidade", esclarece.

A professora destaca que estudos críticos da imagem demonstram que o machismo na cobertura esportiva é tão grande que, mesmo quando as mulheres conseguem algum espaço, são retratadas em ângulos que visam destacar partes especificadas dos seus corpos, de forma a retratá-las muito mais como objeto sexual do que elas como atletas.

Machismo à espreita
A militante feminista Isa Penna acrescenta que, independente do aspecto que você analisar na cobertura da mídia esportiva brasileira, irá encontrar o machismo à espreita. De acordo com ela, até mesmo no jornalismo esportivo o papel da mulher é diferente. Os homens são os comentaristas. Elas, as apresentadoras. "As mulheres funcionam quase como enfeites. Quem dá a linha editorial da cobertura são os homens", denuncia.

Isa observa que o machismo também está estampado nos salários pagos. Enquanto os jogadores chegam a negociar cifras milionárias, as mulheres ganham entre R$ 320 e R$ 2 mil. Há apenas dois anos, em 2013, os salários delas, embora baixos, variavam de R$ 800 a R$ 5 mil. "Isso mostra que, neste momento de crise econômica, os patrocínios para o futebol feminino são os primeiros a serem cortados", afirma.

Ela acrescenta que, atualmente, há 800 times de futebol masculino inscritos nos campeonatos regionais. Já os femininos são apenas 175. "Em São Paulo, os principais clubes não têm seleções femininas. O Santos, que tinha, fechou recentemente, com a velha desculpa de que falta patrocínio", relata.

O jornalista esportivo José Roberto Torero avalia que o futebol feminino ainda é muito desconsiderado não só no Brasil, mas em vários outros países com tradição no esporte. De acordo com o jornalista, o futebol feminino só se destaca mesmo nos países em que o masculino não é forte, como na Suécia, na Noruega e nos Estados Unidos. "Parece que as mulheres ainda não têm licença para jogar futebol", afirma.

Dentre os fatores, ele também cita o machismo, que faz com que o público encare os esportes mais brutos, de maior contato, como genuinamente masculinos. “Vôlei, que não tem contato, mulher pode jogar. Basquete, fica o meio termo. Mas futebol, não”, esclarece.  O jornalista esportivo lembra também que as mulheres vêm conquistando espaço em práticas como a natação e o atletismo, mas, mesmo no país do futebol, não rompe a barreira dos espaços exclusivos dos homens.

Torero afirma que, mesmo na cobertura do jornalismo esportivo, o papel da mulher ainda é escasso. "Jogadoras como a Marta e a Formiga teriam muito a contribuir como comentaristas, mas não são sequer convidadas para falarem sobre partidas masculinas. O máximo de espaço que as mulheres ocupam é para comentar partidas das próprias mulheres", observa ele.

quinta-feira, 4 de junho de 2015

Comunidades discursivas

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TODXS SOMOS ELLA

De 07 à 10 de maio mais de 300 ativistas de 21 países se reuniram na Bolívia para dar vida ao ELLA 2015, o Segundo Encontro Latino-Americano de Mulheres que foi realizado na Villa Coronilla, em Cochabamba.
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Durante quatro dias, militantes, midiativistas, agentes culturais, organizações e representantes de diferentes movimentos de mulheres vivenciaram o proyecto mARTadero, localizado na periferia da cidade. O ambiente é considerado um berço das artes, focado na mudança social através de mecanismos ​​artísticos e culturais. Foi assim que, do coração da América Latina, dos cantos do mARTadero, a polifonia e a pluralidade das mulheres reunidas apontaram acordos estratégicos para o empoderamento de todas as identidades femininas e criaram uma agenda comum para o fortalecimento do papel da mulher na sociedade contemporânea.
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A programação do ELLA 2015 abrangeu diversos eixos temáticos de trabalho, entre eles: corpo, saúde e aborto, LGBTTTIQ, Micromachismos, Mulheres + TICs, Mulheres Afrodescendentes, Mulheres indígenas, Cultura, Violência e Sexualidade. As participantes refletiram e debateram em torno às temáticas, além de propor ações coletivas pontuais e abrangentes. Tudo isso, em um grande espaço de convivência, encontros e reencontros, em que a troca de experiências e as conexões subjetivas também fizeram parte importante da programação.
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A primeira edição do ELLA foi realizada em 2014, de 15 a 18 de maio, na cidade de Belo Horizonte/Brasil. Formada por cerca de 50 atividades marcadas por convívios e práticas colaborativas, o encontro teve como intuito, colocar em contato experiências de diferentes perfis de mulheres vindas de mais de 15 países da Iberoamérica, como a Argentina, Bolívia, Venezuela, Chile, Equador, Colômbia, Perú, Costa Rica, Uruguai, México, Guatemala, Honduras, Espanha, Paraguai e Brasil.
O objetivo principal do primeiro encontro foi conectar iniciativas e pessoas em rede para troca de experiências e elaboração de propostas conjuntas em escala continental. A aliança gerada pelo encontro construiu diversas campanhas feministas ao longo do ano, além do ELLA 2015, ampliando sua abrangência e tornando-se ainda mais colaborativo.
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Nandin Solis a Wigudur Galu, como gosta de ser chamada é nativa da comunidade dos Kuna, uma população indígena do Panamá. Ela habita sua comunidade e seus afetos a partir de uma identidade particular, as Wigunduguid, em honra a um Deus Kuna cuja a particularidade é ter uma alma dupla. Omeguid, significa "como mulher", e muitas vezes é usado depreciativamente, para falar dos homens homosexuais da comunidade. Nandin, em um gesto de reapropriação de insulto, se apresenta de ambas formas. Qualquer um que não conheça suas terras pensaria que uma Omeguid é claramente uma pessoa trans, mas segundo o que nos conta Wigudur, é uma identidade transgênero particular muito diferente - http://bit.ly/1B6M8o4
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Kelly Inés é colombiana afrodescendente, e se apresenta como lésbica-abortóloga, seus ideais apostam na construção a partir da crítica feminista, com o objetivo de criar as possibilidades necessárias para que cada corpo faça de sua carne, seu próprio campo de batalha. Nesta entrevista aumenta a urgência de diferenciar o potencial e o futuro de ambas as categorias políticas: o feminismo como projeto emancipatório e as mulheres como experiência politizada - http://bit.ly/1HmrjcX
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Simone Silva confirma que o MTST começou por volta de 1990, sendo uma luta de ocupação de espaços públicos, para logo negociar com o governo local soluções de moradia digna. Em São Paulo, uma das cidades mais caras da América Latina, milhares de trabalhadores não tem ingressos suficientes para pagar o aluguel de um apartamento pequeno, que pode custar cerca de 1.500,00 reais, ou um passe de metrô que pode custar em torno de 4,50 reais, demais para quem os salários não passam de 1.600 reais mensais.
Só alguns minutos de conversa bastaram para entender que sendo em sua maioria de mulheres, o MTST está intimamente ligado com a politização radical do pessoal - http://bit.ly/1FmVUrh
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A voz de Magdalena Fabbri - coordenadora da Organizando Trans Diversidad (Chile) - nos convidou a questionar nossos privilégios de sexo, gênero, classe e raça, para avançar na construção de agendas específicas.
Sua experiência de transgenerização é traçada no limite de vida em um suicídio, a ansiedade, e, principalmente, sobre as críticas de cada privilégio com o qual ele foi socializadx - http://bit.ly/1ddgOik
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Com 28 anos Georgina Orellano (Argentina) transmite na força das suas palavras, a experiência de ter exercido durante 9 anos o trabalho sexual nas ruas de Buenos Aires. Suas reflexões ecoaram no ELLA para questionar a hipocrisia moral da sociedade que habitamos e para posicionar a autogestão dos corpos, como forma de disputar o poder com o capitalismo e suas formas de domínio e exploração do corpo das mulheres e homens na relação capital-trabalho. - http://bit.ly/1E9MyK6
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"Se eu pudesse escolher, eu teria escolhido mil vezes ser lésbica." Assim começa o depoimento de Vero Ferrari, jornalista, ciberativista e militante feminista do Peru que liderou o Movimento Homossexual de Lima. http://bit.ly/1QjuMLJ
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Veja a cobertura colaborativa fotográfica completa realizada dia a dia durante o ELLA 2015:
(Todas as fotografias produzidas na cobertura colaborativa do ELLA se encontram disponíveis em alta resolução nos albuns linkados e podem ser utilizadas livremente com a licença Creative Commons 3.0)
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As diferentes mesas de debates e reflexões do Segundo Encontro Latino-americano de Mulheres, foram transmitidas ao vivo pelo canal de streaming Abya Yala com o objetivo de aproximar do ELLA, todas aquelas que não puderam acompanhar presencialmente a jornada. Com transmissões em tempo real, todo o material do ELLA 2015 pode se ver nesse link - http://bit.ly/1Hxn4eF
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De que maneira você vê a imagem da mulher nos meios de comunicação? O debate muitas vezes é invisibilizado por nossa sociedade. A imprensa segue desenhando os destinos e papéis sociais das mulheres enquadrando-as em um contexto de desigualdade. Foi a partir dessa provocação que o Facción + ELLA proporcionaram através de diferentes linguagens, como as entrevistas, fotografia, crônicas e vídeos projetar a luta feminista em todos os campos. Por meio das redes e das ferramentas de comunicação alternativa, os quatro dias do encontro estiveram em um fluxo de informação sob a mesma lógica, e concluímos que: a comunicação deve ser feminista.
Conheça mais e acompanhe o material das redes sociais!
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Durante todo o encontro, em um estúdio armado pelo canal de televisão Abya Yala, as participantes do ELLA realizaram entrevistas para compartilhar suas expectativas sobre o espaço. O que levaram do ELLA 2015? As mulheres levantaram a voz: saíram da Bolívia com alegria, um espírito renovado de resistência e acompanhadas por novas companheiras de luta.
Dê play na lista de reprodução e conheça quem são ELLAS, nós mesmas. Assista - http://bit.ly/1PJ3vY7
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A rádio no ELLA 2015 foi uma espécie de auto-falante livre, criada para acompanhar as refeições, intervalos, entre outras atividades que se sucederam no encontro. Essa cobertura foi feita pelo Facción Rádio - O braço radiofônico da rede Facción. A Plataforma tem como objetivo traspor a pluralidade de vozes unindo o mapa latinoamericano para ecoar no continente. Essa foi a primeira experiência de cobertura feita pela frente específica de rádio do Facción.
Acompanhem e escutem como soaram os 4 dias de vivências em Cochabamba. Veja a cobertura do Fáccion Rádio - http://bit.ly/1Gyymk7
Além da produção dos materiais, a rádio também incidiu na formação de novos quadros em conjunto do projeto Sonora Coronilla. As atividades contaram também com a atuação da "NoisRádio Comunicação Alternativa" e com as crianças do Coletivo Villa Coronilla, um grupo formado por meninos e meninas do bairro da periferia cochabambina. A iniciativa é semente que se formou no processo de comunicação aberta impulsada pelo proyecto mARTadero. Os pequenos se lançaram a aprender rapidamente como manusear os equipamentos básicos para realizar registros em áudio. Assim, colocamos em prática a aprendizagem e o trabalho colaborativo nas entrevistas sem censura. Nessa nota, um destaque sobre a experiência: As crianças dominaram a rádio.
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Com seus diversos eixos temáticos de trabalho, as participantes se empoderaram das discussões que compuseram a programação, tal como o ato de soberania e autonomia das mulheres sobre os seus corpos, a urgência de seguir militando pela diversidade, o papel da mulher no trabalho e a violência patriarcal, entre outras temáticas.
As reflexões finais foram além dos debates teóricos e se buscou trabalhar em soluções coletivas, elaboradas principalmente a partir das histórias de vida de cada participante que agregaram seus corpos à luta do movimento feminista a partir da pluralidade do movimento de mulheres.
Acesse aqui a sistematização das mesas do encontro: http://bit.ly/1HJiPws
Veja a programação do ELLA aqui: http://bit.ly/1eAJS3G
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PROPOSTAS DA ÚLTIMA PLENÁRIA
-> Transformar o ELLA em uma plataforma, um espaço permanente para compartilhar metodologias, informação, formulação de projetos e a criação de intervenções múltiplas e diversas.
-> Foi acordado que o ELLA 2016 será realizado na Centro-América para fomentar maior participação das mulheres da região, em uma lógica de autogestão e com pesquisa de fundos alternativos para alcançar uma maior participação de outras mulheres. Também foi decidido, a inclusão de novos temas, como por exemplo as mudanças climáticas e a transversialização do multiculturalismo em todas as agendas.
-> Abrir um grupo de trabalho a partir do eixo cultural: Fazer com que a cultura seja a base de interação das diversas agendas. Desenhar campanhas entrelaçadas onde se podem levantar todas as lutas na diversidades de uma abordagem cultural. A campanha que foi proposta, foi batizada como nome “A Batalha Cultural” para… (direito das mulheres lésbicas, direitos das trabalhadoras sexuais, direito a decidir, direito a autonomia sexual, direito a identidade de gênero, etc)
-> Promover o convite à organizações participantes do ELLA que se somem à criação da convenção pelos DDSS e DDRR do OEA. A iniciativa está em curso, aberta a quem queira se somar.
-> Criar um fundo colaborativo para viabilizar o que foi proposto e o que foi gerado nas vivências em práticas colaborativas.
-> Ilustração e a criação de simbologias e/ou de simulacros para os próximos encontros por exemplo; Casamentos homossexuais, famílias diveras, amor livre, como formas de manifestação.
-> Criar um plano de fortalecimento entre membros, redes, coletivos e organizações que já exitem em torno do ELLA. Propõe-se fazer parte de um grupo, fortalecer as redes e os movimentos existentes em uma vinculação com as redes regionais de diferentes populações de mulheres e as diversas causas.
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-> Construir um diretório das organizações que tenham participado no ELLA 2014/2015, a mais mulheres, organizações, redes, grupos categorizados que possa ser alimentado de volta progressivamente. Onde todos os participantes podem encontrar temas afins e parcerias criativas.
-> Criar um plano estratégico de participação regional e vinculação de agendas e populações. Criar um plano de comunicação intern junto com a experimentação de novas formas de comunicação para além de redes digitais.
-> Desencadear a mobilidade de recursos em termos internacionais, debater sobre o bem-estar como possibilidade de enfrentar muitas lutas, propor formas de economia criativa, cooperação Sul - Sul entre os países para que estas lutas se tornar virais.
-> Criar uma memória viva que conte a historicidade dos encontros.
-> Fazer encontros temáticos nacionais e subregionais do ELLA para nos conhecermos e saber o que estamos propondo. Realizar mesas permanentes para o próximo encontro.
-> Pelas que já não estão, pelas que seguem junto e as que logo virão. Vamos ao #ELLA2016!
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