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domingo, 30 de junho de 2013

O império em queda, o whistleblower em fuga

EUA ameaçam países que ajudarem Snowden

Fonte: ARede 

25/06/2013 - Em artigo publicado ontem no jornal La Jornada, David Brooks diz que "o homem mais procurado do mundo desapareceu como fumaça depois de voar de Hong Kong para Moscou, em um episódio em que vários países 'aliados' decidiram desobedecer às ordens de Washington e em que o grande aparato de espionagem estadunidense aparentemente não funcionou para evitar o que é, até o momento, a grande fuga de Edward Snowden.

De acordo com o jornal mexicano, além dos governos de Hong Kong, China, Russia e Equador, há indícios de que outros países poderiam se recusar a entregar Snowden - perseguido por revelar programas de espionagem de comunicações privadas de milhões de civis, dentro e fora dos Estados Unidos.

Em sua primeira referência ao assunto, diz o La Jornada, o presidente Barack Obama respondeu brevemente a perguntas durante uma reunião sobre a reforma migratória, afirmando que todos os canais legais estão sendo acionados e que os EUA estão trabalhando junto a vários países "para assegurar a aplicação da lei". De acordo com Brooks, o presidente estadunidense se referia a uma intensa pressão diplomática que tem sido frustrada a cada passo, e considerada por analistas e legisladores como "vergonhosa" e um revés para Obama.

A reportagem revela que o secretário de Estado John Kerry disse que Snowden é acusado de três atos graves de espionagem, e que a Rússia deveria entregá-lo aos EUA. Kerry mencionou possíveis "consequências" caso isso não aconteça. Sobre Hong Kong, o secretário afirmou que "seria profundamente preocupante se eles receberam notificaçáo adequada e decidiram ignorar, o que seria desrespeitar as normas".

Washington, conta o jornal mexicano, advertiu os países latinoamericanos que não permitam a passagem de Snowden. Fala-se que o aviso foi dirigido a Cuba, Venezuela e Equador. O chancelar do Equador, Ricardo Patiño, revelou que seu país está avaliando um pedido de asilo, o qual diz respeito a "liberdade de expressão e segurança de cidadãos ao redor do mundo". Patiño leu uma suposta declaração de Snowden, na qual comparava sua situação ao soldado Bradley Manning, que passou documentos secretos ao WikiLeaks e agora está diante de uma corte marcial acusado de "ajudar o inimigo".

Julian Assange, em uma teleconferência com veículos de comunicação, ontem, afirmou que Snowden "não é um traidor, não é um espião". É um "whistleblower" -- literalmente, alguém que sopra em um apito, referindo-se a pessoas que divulgam ao público informações sobre abusos ou violações de autoria de autoridades. O fundador do WikiLeaks confirmou que está dando apoio legal e financeiro a Snowden e que foi solicitado asilo a vários países, além do Equador. Funcionários da Islândia confirmaram que receberam o pedido formal, mas que o processo não pode ser iniciado sem que Snowden esteja no país.

Para o Equador, segundo analisa o La Jornada, oferecer refúgio a Snowden poderia gerar consequências econômicas, se Washington decidir modificar acordos comerciais com Quito. Na semana passada, Cuba e EUA negociavam o reinício do serviço postal direto e marcaram uma reunião sobre migração para meados de julho. Em relação à Venezuela, foi marcado um encontro entre o secretário de Estado Kerry e o chanceler Elías Jaua, para estudar o restabelecimento de representações diplomáticas e envio de embaixadores às respectivas capitais.

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Edward Snowden será torturado como Bradley Manning?

Edward Snowden: "Não quero viver num mundo onde tudo o que eu faço e digo é registrado"

O assistente técnico da CIA que revelou os programas de vigilância interna dos EUA teme que "nada de bom" lhe venha a acontecer no futuro

Edward Snowden, um antigo assistente técnico da CIA e funcionário de uma empresa do sector da defesa, identificado como a fonte das notícias relativas aos programas de vigilância interna da Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos, explica as razões por que decidiu passar documentos internos e classificados como secretos: "Não quero viver numa sociedade que faz este tipo de coisas, num mundo onde tudo o que eu faço e digo é registrado”.
Eward Snowden está em Hong Kong S/Ewen MacAskill/The Guardian/Reuters

“A NSA [Agência Nacional de Segurança, na sigla original em inglês] construiu uma infra-estrutura que lhe permite interceptar quase tudo. Com essa capacidade, a grande maioria das comunicações humanas são automaticamente integradas no sistema de forma discricionária. Se eu quisesse ver os seus emails ou os telefonemas da sua mulher, bastava aceder a esse registo. Eu posso obter a informação relativa aos seus emails, palavras-passe, registos telefónicos, cartões de crédito”, explicou.

A fuga de informação de Edward Snowden expôs a existência do programa PRISM, através do qual a NSA recolhe dados de empresas de telecomunicações como a Verizon e de gigantes tecnológicos como a Microsoft, Apple, Google e Skype e ainda de redes sociais como o Facebook.
Segundo o informático, a população está completamente indefesa perante a sofisticação do programa. “As pessoas não têm noção do que é possível fazer: a extensão das capacidades [da NSA] é horripilante. Nós podemos plantar escutas dentro das máquinas. Quando você aceder à rede, eu identifico a sua máquina, e você nunca mais estará a salvo, independentemente das protecções que usar”.

 “Tenho os mapas que mostram onde é que as pessoas são mais escrutinadas. [A NSA] recolhe mais comunicações digitais na América do que na Rússia”, diz Snowden, que, instado a comparar o programa norte-americano com as alegações de pirataria informática pelo Exército chinês, garante que “[os EUA] pirateiam toda a gente em todo o lado. Gostamos de fazer essa distinção entre nós e os outros. Mas estamos em quase todos os países do mundo. E não estamos em guerra com esses países”.

Além de falar nas suas razões – pessoais e políticas – para divulgar publicamente os programas secretos da NSA, Edward Snowden informa por que prescindiu da protecção do anonimato e quis ter a sua identidade revelada como o responsável pela fuga de informação. “Não tenho nenhuma intenção de esconder quem sou porque sei que não fiz nada de errado.”

Ainda assim, procura proteger a família e conhecidos, assegurando que ninguém tinha conhecimento das suas acções e lamentando o que, antevê, será a resposta “agressiva” das autoridades. “O meu medo é que vão atrás da minha família, amigos, a minha namorada, qualquer pessoa que tenha alguma ligação comigo. Vou ter de viver com isso o resto da minha vida. Não vou poder comunicar com eles.”

Sobre o seu refúgio num hotel em Hong Kong, Snowden estima que seja provisório. “Não deixa de ser trágico que um americano tenha que se mudar para um país que tem reputação de garantir menos liberdade”, nota, acrescentando que apesar de pertencer à China, Hong Kong tem “uma forte tradição de liberdade de expressão”. Mas a sua intenção é pedir asilo na Islândia, “um país com os mesmos valores que partilho”.

Quando lhe perguntam sobre o que acha que lhe vai acontecer, Edward Snowden responde simplesmente: “Nada de bom”. Acha possível que seja emitido um mandado de captura contra si através da Interpol, e que possa terminar na cadeia, mas sublinha que sempre esteve disposto a correr esse risco. “Ninguém pode desafiar a agência de serviços secretos mais poderosa do mundo sem aceitar esse risco. Se eles me quiserem apanhar, vão-me apanhar”, acredita.

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MAIS INFORMAÇÕES:

O que é PRISM? (Gizmodo)
http://gizmodo.uol.com.br/o-que-e-prism/

Esquema de espionagem norte-americano pode ter afetado brasileiros (Folha de S. Paulo)
http://www1.folha.uol.com.br/dw/1293728-esquema-de-espionagem-norte-americano-pode-ter-afetado-brasileiros.shtml

Prism: porque nós deveríamos nos preocupar (Galileu)
http://revistagalileu.globo.com/Revista/Common/0,,EMI339098-17770,00-PRISM+PORQUE+NOS+DEVERIAMOS+NOS+PREOCUPAR.html

Fonte que revelou rede espiã dos EUA deixa hotel em Hong Kong e busca asilo (Estadão)
http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,fonte-que-revelou-rede-espia-dos-eua-deixa-hotel-em-hong-kong-e-busca-asilo-,1041059,0.htm

União Europeia vai debater com EUA programa de vigilância PRISM (Lusa)
http://www.tsf.pt/PaginaInicial/Internacional/Interior.aspx?content_id=3265292

Prism: 80 organizações pressionam Congresso norte-americano (IDG Now!)
http://idgnow.uol.com.br/internet/2013/06/12/prism-80-organizacoes-pressionam-congresso-norte-americano/

Além de telefonemas, EUA monitoram e-mails e redes sociais no exterior (Estadão)
http://www.estadao.com.br/noticias/internacional,alem-de-telefonemas-eua-monitoram-e-mails-e-redes-sociais-no-exterior,1039929,0.htm

Homem que vazou informações secretas dos EUA conta detalhes do monitoramento (Jornal Nacional)
http://globotv.globo.com/rede-globo/jornal-nacional/v/homem-que-vazou-informacoes-secretas-dos-eua-conta-detalhes-do-monitoramento/2626911/