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sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Formações Discursivas > Formações Ideológicas > Formações Econômicas

Um retrato da economia brasileira nos últimos 20 anos

Fonte: Boletim Carta Maior

A intenção do trabalho é disponibilizar dados que possam contribuir à análise objetiva das restrições e desafios atualmente enfrentados pela economia.


Brasil Debate reprodução
É fácil dizer que o Brasil mudou muito em duas décadas. Qualquer brasileiro com idade suficiente é capaz de afirmar que a dívida externa e a inflação deixaram de ser os grandes fantasmas de antes, o desemprego reduziu, contingentes saíram da pobreza rumo à classe média e o acesso ao crédito e ao consumo foi ampliado. Um pouco mais difícil é mostrar essa trajetória em números, de fontes oficiais e privadas, reunidos em uma mesma publicação.

Pois é esta a proposta de “Vinte Anos de Economia Brasileira – 1995/2014”, uma publicação do Centro de Altos Estudos Brasil Século XXI lançada em julho de 2014 e reeditada em março.

São mais de 140 gráficos e tabelas com dados sobre o setor externo, atividade econômica, crédito e financiamento, inflação e preços, contas públicas, emprego e distribuição de renda e ainda um apêndice com indicadores selecionados com médias quadrienais que expressam tendências dominantes em cada período e os reflexos das políticas macroeconômicas adotadas.

Pontos e curvas nos mostram, por exemplo, que os investimentos diretos no país saltaram de US$ 4,4 bilhões em 1995 para US$ 62,5 bilhões em 2014 (primeiro gráfico), que a dívida externa bruta em relação ao PIB foi de 20,7% em 95, teve um pico de 41,8% em 2002 para chegar em 2014 com 15,9%; e as nossas reservas internacionais líquidas passaram de US$ 51,8 bilhões em 95 para US$ 374,1 bilhões em 2014 (segundo gráfico).

Vinte anos - invetimentos diretos

Vinte anos - reservas internacionais liquidas
Há informações sobre a evolução das exportações – só de produtos básicos, esta foi de US$ 11 bilhões em 95 para US$ 109,6 bilhões em 2014 -, o PIB do Brasil em comparação com o de outras grandes economias no período pós-crise e o ritmo de atividade de vários setores. Em um gráfico sobre a produção de petróleo da Petrobras, vemos que esta saltou de 713 mil barris/dia em 95 para 2,345 milhões barris/dia em 2014.
 
No quesito inflação, o país registrou, pelo INPC, a variação anual de 22% em 95 e de 6,2% em 2014 (ver gráfico abaixo). O PIB real per capita, outro indicador importante, se elevou de R$ 18.170,00 para R$ 24.710,00 em termos reais.

Vinte anos - inflacao1
Sobre o poder de compra do salário mínimo, um gráfico nos mostra que em 95 a cesta básica custava 91,5% do mínimo em São Paulo, enquanto em 2014, na mesma cidade, o custo era de 44,9%. Só para citar um último dado de emprego e distribuição de renda, a proporção de pobres e pobres extremos no Brasil que em 95 era de 33,2%, em 2014 passou a 12,8%.

De acordo com os autores, a intenção do trabalho é “disponibilizar dados que possam contribuir à análise objetiva das restrições e desafios atualmente enfrentados pela economia brasileira e ajudar na construção de alternativas para seu equacionamento e preservação dos avanços alcançados, tanto na esfera econômica quanto na social”.

Acesse a íntegra da publicação AQUI.


Sobre o Centro de Altos Estudos

O Centro de Altos Estudos Brasil Século XXI é uma associação civil sem fins lucrativos, concebida com o propósito de se tornar um centro de excelência voltado para o estudo e discussão das questões fundamentais, desafios e opções de desenvolvimento do Brasil e para a formação e qualificação complementar de quadros de alto nível envolvidos na formulação, direção e gestão estratégica das políticas públicas.

A matriz conceitual em torno a qual se estruturam os objetivos e as atividades do Centro tem como elemento constitutivo a visão do desenvolvimento como um processo que combina, simultaneamente, o crescimento econômico e a transformação das bases técnicas do sistema produtivo com a redistribuição da renda e redução das desigualdades sociais e regionais, a sustentabilidade ambiental, o aperfeiçoamento da democracia e a afirmação dos interesses estratégicos nacionais e da soberania do Estado brasileiro.

As atividades preparatórias do Centro, iniciadas em 2012, e o processo de sua institucionalização foram apoiados pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e, a partir de 2013, também pelo Ministério da Educação (MEC), em ambos os casos por intermédio do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE).

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Saturação tecnológica

Fonte: FayerWayer

Mastercard lança cartão de crédito com LCD e keypad

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É um novo computador? Um novo gadget? Na verdade, a foto mostra o novo cartão desenvolvido pela MasterCard. A empresa de cartões anunciou a implantação de um novo crédito/débito. O modelo aplica uma tecnologia invejável (por se tratar apenas de um cartão), possuindo LCD e teclado numérico.
Ele possui a mesma aparência de um cartão regular, mas com uma pequena tela e botões que geram uma senha de OTP que pode ser usado para permitir transações seguras. A iniciativa é uma tentativa de evitar novas fraudes bancárias.
A empresa após esse teste inicial pretende desenlvover uma versão mais complexa que deve incluir assinaturas electrónicas e métodos de autenticação, bem como recursos avançados de segurança e aplicações de desafio / resposta de autenticação e proteção código PIN do cartão, até mesmo para mostrar o saldo atual.
A MasterCard está testando tais cartões inteligentes em um banco turco e se bem sucedida, expandirá o uso da tecnologia para outros países. Bastante interessante, mas eu já “apanho” dos caixas eletrônicos com um cartão comum, imagino quanto tempo vou demorar com esse novo cartão.

domingo, 21 de outubro de 2012

IV Liberdade e regulação: quem reivindica o quê?

Fonte:  Instituto de Economia da Unicamp

Manifesto em Defesa da Civilização


Economistas formados na Unicamp escreveram o “Manifesto em Defesa da Civilização”. Alertam para profunda regressão social em curso nos países desenvolvidos. Apontam que a crise atual intensifica um processo iniciado no início dos anos de 1970. Sob o ideário liberal dos mercados, em nome da eficiência e da competição, a ética da solidariedade foi substituída pela ética da concorrência ou do desempenho. O desempenho no mercado é que define posição do indivíduo na sociedade: vencedor ou perdedor. O desemprego e o trabalho precário atingem proporções dramáticas, ampliando a massa de perdedores. O Welfare State, ao invés de se espalhar pelo planeta, encampando as tradicionais hordas de excluídos, encolhe, aumentando a quantidade de deserdados, afirmam. Diante desse quadro, perguntam: estamos nós, hoje, vivendo uma crise que nega os princípios fundamentais que regem a vida civilizada e democrática? E se isso for verdade: quanto tempo mais a humanidade suportará tamanha regressão?

O “Manifesto em Defesa da Civilização” orienta as reflexões do núcleo Plataforma Política Social – Agenda para o Brasil do Século XXI, que pretende ser uma trincheira na defesa e na consolidação da cidadania social conquistada pela sociedade brasileira em 1988. Como se sabe, elas foram inspiradas, em grande medida, nos princípios de seguridade social e da universalidade que orientaram a ação governamental nos “anos de ouro” (1945/1975) de capitalismo regulado.  Os economistas da Unicamp têm razão quando afirmam que “o Welfare State não pode ser interpretado como uma mera reforma do capitalismo, mas sim como uma grande transformação econômica, social e política. Ele é, nesse sentido, revolucionário”.




MANIFESTO EM DEFESA DA CIVILIZAÇÃO

Vivemos hoje um período de profunda regressão social nos países ditos desenvolvidos. A crise atual apenas explicita a regressão e a torna mais dramática. Os exemplos multiplicam-se. Em Madri uma jovem de 33 anos, outrora funcionária dos Correios, vasculha o lixo colocado do lado de fora de um supermercado. Também em Girona, na Espanha, diante do mesmo problema a Prefeitura mandou colocar cadeados nas latas de lixo. O objetivo alegado é preservar a saúde das pessoas.

Em Atenas, na movimentada Praça Syntagma situada em frente ao Parlamento, Dimitris Christoulas, químico aposentado de 77 anos, atira contra a própria cabeça numa manhã de quarta-feira. Na nota de suicídio ele afirma ser essa a única solução digna possível frente a um Governo que aniquilou todas as chances de uma sobrevivência civilizada. Depois de anos de precários trabalhos temporários o italiano Angelo di Carlo, de 54 anos, ateou fogo a si próprio dentro de um carro estacionado em frente à sede de um órgão público de Bologna.

Em toda zona do euro cresce a prática medieval de anonimamente abandonar bebês dentro de caixas nas portas de hospitais e igrejas. A Inglaterra do Lord Beveridge, um dos inspiradores do Welfare State, vem cortando recorrentemente alguns serviços especializados para idosos e doentes terminais. Cortes substantivos no valor das aposentadorias e pensões constituem uma realidade cada vez mais presente para muitos integrantes da chamada comunidade europeia. Por toda a Europa, museus, teatros, bibliotecas e universidades públicas sofrem cortes sistemáticos em seus orçamentos. Em muitas empresas e órgãos públicos é cada vez mais comum a prática de trabalhar sem receber. Ainda oficialmente empregado é possível, ao menos, manter a esperança de um dia ter seus vencimentos efetivamente pagos. Em pior situação está o desempregado. Grande parte deles são jovens altamente qualificados.

A massa crescente de excluídos não é um fenômeno apenas europeu. O mesmo acontece nos EUA. Ali, mais do que em outros países, a taxa de desemprego tomada isoladamente não sintetiza mais a real situação do mercado de trabalho. A grande maioria daqueles que hoje estão empregados ocupam postos de trabalhos precários e em tempo parcial concentrados no setor de serviços. Grande parte dos postos mais qualificados e de melhor remuneração da indústria de transformação foram destruídos pela concorrência chinesa.

Nesse cenário, a classe média vai sendo espremida, a mobilidade social é para baixo e o mercado de trabalho vai ficando cada vez mais polarizado no país das oportunidades. No extremo superior, pouquíssimos executivos bem remunerados que têm sua renda diretamente atrelada ao mercado financeiro. No extremo inferior, uma massa de serviçais pessoais mal pagos sem nenhuma segurança, que vivem uma realidade não muito diferente dos mais de 100 milhões que recebem algum tipo de assistência direta do Estado. O Welfare State, ao invés de se espalhar pelo planeta, encampando as tradicionais hordas de excluídos, encolhe, aumentando a quantidade de deserdados.

Muitos dirão que essa situação será revertida com a suposta volta do crescimento econômico e a retomada do investimento na indústria de transformação nestes países. Não é verdade. É preciso aceitar rapidamente o seguinte fato: no capitalismo, o inevitável avanço do progresso tecnológico torna o trabalho redundante. O exponencial aumento da produtividade e da produção industrial é acompanhado pela constante redução da necessidade de trabalhadores diretos. Uma vez excluídos, reincorporam-se – aqueles que o conseguem – como serviçais baratos dentro de um circuito de renda comandado pelos detentores da maior parcela da riqueza disponível. Por isso mesmo, a crescente desigualdade de renda é funcional para explicar a dinâmica desse mercado de trabalho polarizado.

Diante desse quadro, uma pergunta torna-se inevitável: estamos nós, hoje, vivendo uma crise que nega os princípios fundamentais que regem a vida civilizada e democrática? E se isso for verdade: quanto tempo mais a humanidade suportará tamanha regressão?

A angústia torna-se ainda maior quando constatamos que as possibilidades de conforto material para a grande maioria da população deste planeta são reais. É preciso agradecer ao capitalismo, e ao seu desatinado desenvolvimento, pela exuberância de riqueza gerada. Ele proporcionou ao homem o domínio da natureza e uma espantosa capacidade de produzir em larga escala os bens essenciais para as satisfações das necessidades humanas imediatas. Diante dessa riqueza, é difícil encontrar razões para explicar a escassez de comida, de transporte, de saúde, de moradia, de segurança contra a velhice, etc. Numa expressão, escassez de bem estar!

Um bem estar que marcou os conhecidos “anos dourados” do capitalismo. A dolorosa experiência de duas grandes guerras e da depressão pós 1929, nos ensinou que deveríamos limitar e controlar as livres forças do mercado. Os grilhões colocados pela sociedade na economia explicam quase 30 anos de pleno emprego, aumento de salários e lucros e, principalmente, a consolidação e a expansão do chamado Estado de Bem Estar Social. Os direitos garantidos pelo Estado não deveriam ser apenas individuais, mas também coletivos. Vale dizer: sociais. Dessa maneira, ao mesmo tempo em que o direito à saúde, à previdência, à habitação, à assistência, à educação e ao trabalho eram universalizados, milhares de empregos públicos de médicos, enfermeiras, professores e tantos outros eram criados.

O Welfare State não pode ser interpretado como uma mera reforma do capitalismo, mas sim como uma grande transformação econômica, social e política. Ele é, nesse sentido, revolucionário. Não foi um presente de governos ou empresas, mas a consequência de potentes lutas sociais que conseguiram negociar a repartição da riqueza. Isso fica sintetizado na emergência de um Estado que institucionalizou a ética da solidariedade. O individuo cedeu lugar ao cidadão portador de direitos. No entanto, as gerações que cresceram sob o manto generoso da proteção social e do pleno emprego acabaram por naturalizar tais conquistas. As novas e prósperas classes médias esqueceram que seus pais e avós lutaram e morreram por isso. Um esquecimento que custa e custará muito caro às gerações atuais e futuras. Caminhamos para um Estado de Mal Estar Social!

Essa regressão social começou quando começamos a libertar a economia dos limites impostos pela sociedade, já no início dos anos 70. Sob o ideário liberal dos mercados, em nome da eficiência e da competição, a ética da solidariedade foi substituída pela ética da concorrência ou do desempenho. É o seu desempenho individual no mercado que define sua posição na sociedade: vencedor ou perdedor. Ainda que a grande maioria das pessoas seja perdedora e não concorra em condições de igualdade, não existem outras classificações possíveis. Não por acaso o principal slogan do movimento Occupy Wall Street é “somos os 99%”. Não por acaso, grande parte da população espanhola está indignada.

Mesmo em um país como o Brasil, a despeito dos importantes avanços econômicos e sociais recentes, a outrora chamada “dívida social” ainda é enorme e se expressa na precariedade que assola todos os níveis da vida nacional. Não se pode ignorar que esses caminhos tomados nos países centrais terão impactos sob essa jovem democracia que busca, ainda, universalizar os direitos de cidadania estabelecidos nos meados do século passado nas nações desenvolvidas.

Como então acreditar que precisamos escolher entre o caos e austeridade fiscal dos Estados, se essa austeridade é o próprio caos? Como aceitar que grande parte da carga tributária seja diretamente direcionada para as mãos do 1% detentor de carteiras de títulos financeiros? Por que a posse de tais papéis que representam direitos à apropriação da renda e da riqueza gerada pela totalidade da sociedade ganham preeminência diante das necessidades da vida dos cidadãos? Por que os homens do século XXI submetem aos ditames do ganho financeiro estéril o direito ao conforto, à educação e à cultura?

As respostas para tais questões não serão encontradas nos meios de comunicação de massa. Os espaços de informação e de formação da consciência política e coletiva foram ocupados por aparatos comprometidos com a força dos mais fortes e controlado pela hegemonia das banalidades. É mais importante perguntar o que o sujeito comeu no café da manhã do que promover reflexões sobre os rumos da humanidade.

A civilização precisa ser defendida! As promessas da modernidade ainda não foram entregues. A autonomia do indivíduo significa a liberdade de se auto-realizar. Algo impensável para o homem que precisa preocupar-se cotidianamente com sua sobrevivência física e material. Isso implica numa selvageria que deveria ficar restrita, por exemplo, a uma alcateia de lobos ferozes. Ao longo dos últimos de 200 anos de história do capitalismo, o homem controlou a natureza e criou um nível de riqueza capaz de garantir a sobrevivência e o bem estar de toda a população do planeta. Isso não pode ficar restrito para uma ínfima parte. Mesmo porque, o bem estar de um só é possível quando os demais à sua volta encontram-se na mesma situação. Caso contrário, a reação é inevitável, violenta e incontrolável. A liberdade só é possível com igualdade e respeito ao outro. É preciso colocar novamente em movimento as engrenagens da civilização.


Assinaturas

DAVI DONIZETI DA SILVA CARVALHO
EDUARDO FAGNANI
CAMILA LINHARES TEIXEIRA
CLAUDIO LEOPOLDO SALM
MILTON LAHUERTA
EDSON CORREA NUNES
MIRIAM DOMINGUES
WILMA PERES COSTA
NEIRI BRUNO CHIACHIO
NATÁLIA MINHOTO GENOVEZ
PEDRO GILBERTO ALVES DE LIMA
SAMIRA KAUCHAKJE
FABIO DOMINGUES WALTENBERG
ALICIA UGÁ
JULIANO SANDER MUSSE
AMÉLIA COHN
LIGIA BAHIA
MAGDA BARROS BIAVASCHI
FABRÍCIO AUGUSTO DE OLIVEIRA
ANTONIO CARLOS ROCHA
RODRIGO PEREYRA DE SOUSA COELHO
GABRIEL QUELHAS DE ALMEIDA
MARIENE GONÇALVES TUNG
AMILTON MORETTO
ANA AURELIANO SALM
MARCIO SOTELO FELIPPE
FREDERICO MAZZUCCHELLI
CELIO HIRATUKA
EDUARDO BARROS MARIUTTI
ANGELA MOULIN SIMÓES PENALVA SANTOS
ANGELA MARIA CARVALHO BORGES
JOÃO MIRANDA SILVA FAGNANI
RODOLFO AURELIANO SALM
EVA LUCIA SALM
ÉDER LUIZ MARTINS
FERNANDA MAZZONI DE OLIVEIRA
MICHELLE MAUREN DOVIGO CARVALHO
FELIPE LARA CIOFFI
ALOISIO SERGIO ROCHA BARROSO
RONEY MENDES VIEIRA
NAIRO JOSÉ BORGES LOPES
MARIA FERNANDA CARDOSO DE MELO
WILSON CANO
NEREIDE SAVIANI -
FREDERICO LOPES NETO
MARIA DE FÁTIMA BARBOSA ABDALLA
BRANCA JUREMA PONCE
LUIZ GONZAGA DE MELLO BELLUZZO
ALAN GUSMÃO SILVA
JOSE ANTONIO MORONI
VANESSA CRISTINA DOS SANTOS
JOSÉ CLAUDINEI LOMBARDI
EDSON DONIZETTI XAVIÉR DE MIRANDA
MARIA EDUARDA PAULA BRITO DE PINA
MARIA DE FATIMA FELIX ROSAR
CÁSSIA HACK
DERMEVAL SAVIANI
ROBSON SANTOS DIAS
RODRIGO TAVORA GADELHA
JORGE LUIZ ALVES NATAL
LUCIANO VIANNA MUNIZ
ALUIZIO FRANCO MOREIRA
MARISE VIANNA MUNIZ
JURACI COLPANI
ALESSANDRO CESAR ORTUSO
GENILDO SIQUEIRA
CARLOS EDUARDO DE FARIAS
CARLOS ALONSO BARBOSA DE OLIVEIRA
JOSE DAMIRO DE MORAES
FERNANDO MOREIRA MORATO
CELSO JOÃO FERRETTI
SILVIA ESCOREL DE MORAES
DANIEL ARIAS VAZQUEZ
EVERTON DAB DA SILVA
JOÃO GABRIEL BARRETO SILVA ROCHA
CELSO EUGÊNIO BRETA FONTES
SARAH ESCOREL
VINICIUS GASPAR GARCIA
DENIS MARACCI GIMENEZ
DENISE DO CARMO SILVA PEREIRA
JEFFERSON CARRIELLO DO CARMO -
VAGNER SILVA DE OLIVEIRA
GABRIEL PRIOLLI
JÉSSICA MARCON DALCOL
MARINA VENÂNCIO GRANDOLPHO
PEDRO HENRIQUE DE MELLO LULA MOTA
DANIEL SANTIAGO MOREIRA
VANESSA MORAES LUGLI
SANDRA MARIA DA SILVA LIMA
CARLOS RAFAEL LONGO DE SOUZA
MARIA SILVIA POSSAS
LUCIANA RAMIREZ DA CRUZ
CAROLINA PIGNATARI MENEGHEL
PEDRO DOS SANTOS PORTUGAL JÚNIOR
JOSÉ AUGUSTO GASPAR RUAS
WELLINGTON CASTRO DOS SANTOS
ALESSANDRO FERES DURANTE
DANIEL HERRERA PINTO
PEDRO HENRIQUE VERGES
DAVI JOSÉ NARDY ANTUNES
CARLA CRISTIANE LOPES CORTE
CARLOS ALBERTO DRUMMOND MOREIRA
DANIEL DE MATTOS HÖFLING
MARCELO WEISHUPT. PRONI
ENIO PASSIANI
JOSÉ DARI KREIN
ANSELMO LUIS DOS SANTOS
FABIO EDUARDO IADEROZZA
HIGOR FABRÍCIO DE OLIVEIRA
DANER HORNICH
HELDER DE MELO MORAES
JOSE EDUARDO DE SALLES ROSELINO JUNIOR
JULIANA PINTO DE MOURA CAJUEIRO
FERNANDO CATALANI
FERNANDA PIM NASCIMENTO SERRALHA
LEANDRO PEREIRA MORAIS
MARCELO PRADO FERRARI MANZANO
OLIVIA MARIA BULLIO MATTOS
RENATO BROLEZZI
LUCAS JANNONI SOARES
MÁRCIO SAMPAIO DE CASTRO
MARIA PINON PEREIRA DIAS
LUIZ MORAES DE NIEMEYER NETO
RODRIGO COELHO SABBATINI
LÍCIO DA COSTA RAIMUNDO
FERES LOURENÇO KHOURY


sábado, 23 de abril de 2011

Um economista falando de economistas e de economia... das novas redes se tecendo...

A propósito do que vimos discutindo... Apocalipse?! Há saídas?! O que cada um de nós pode fazer?! Não há o que fazer...?!

Economia| 22/04/2011 | Copyleft

Há vida inteligente no horizonte teórico dos economistas?

O mundo avança gradualmente no que tem sido caracterizado como catástrofe em câmara lenta, e os ajustes necessários no coração mesmo das formas de administrarmos a economia ainda estão engatinhando. Assustados com a acumulação e superposição de tendências críticas, os povos buscam de certa maneira voltar ao limbo do que funcionou no século passado, e temem naturalmente os transtornos. Gera-se um tipo de inércia institucional cada vez mais perigosa. Inovar é preciso. A boa notícia é que está se gerando uma rede planetária de economistas de bom senso que começam resgatam uma visão da economia a serviço da sociedade, e não de como se servir melhor. O artigo é de Ladislau Dowbor.


Ladislau Dowbor

O lamentável mainstream econômico ainda acha que o preço das commodities pode ser deixado na mão de um grupo de especuladores internacionais, que o futuro do petróleo ser resolverá por si mesmo, que a mudança climática é uma perspectiva desagradável trazida por cientistas ávidos de manchetes, que déficits gerados por especuladores financeiros (praticamente 100% do PIB só nos Estados Unidos) devem ser pagos pelos pobres, que a crescente desigualdade mundial se resolverá pela mão invisível. Quem são os sonhadores?

O mundo avança gradualmente no que tem sido caracterizado como catástrofe em câmara lenta (slow motion catastrophe), e os ajustes necessários no coração mesmo das formas de administrarmos a economia ainda estão engatinhando. Assustados com a acumulação e superposição de tendências críticas, os povos buscam de certa maneira voltar ao limbo do que funcionou no século passado, e temem naturalmente os transtornos. Gera-se um tipo de inércia institucional cada vez mais perigosa. Inovar é preciso.

Em Paris, neste mês de abril de 2011, reuniram-se economistas de diversos continentes para discutir os desenhos de uma “alternativa econômica global”. A iniciativa é do CCFD, uma ONG tradicional que luta pelos avanços sociais no planeta. Foram tres dias de apresentação de angústias e propostas por parte de economistas que têm consciência da dimensão dos desafios, e da própria fragilidade das propostas inovadoras, frente aos interesses dominantes que se agarram às velhas práticas e aos privilégios.

Não é uma reunião para soluções, tipo de um novo catecismo com regrinhas. Os desafios são demasiado complexos. Mas há sim eixos teóricos que se desenham.

Julia Wartenberg trouxe um pouco do clima que prevalece nos Estados Unidos, onde uma onda de pessimismo está varrendo do mapa a tão sólida crença no progresso indefinido, de que cada nova geração estará melhor do que a dos pais, de que as crises são coisas de países pobres, de que uma pessoa que queira trabalhar duro subirá na vida, de que se deixarmos o mercado em paz as coisas irão se resolver. Com uma dívida que equivale a um quarto do PIB mundial, e 40% dos lucros corporativos provenientes não da produção mas da especulação financeira, realmente já é tempo que os economistas americanos comecem a pensar em vez de repetir dogmas do século passado. Desorientados, os americanos se perguntam porque as coisas não estão funcionando, e buscam soluções menos ideológicas, e mais funcionais.

Os economistas franceses estão se mexendo, como Geneviève Azam, Xavier Ricard, Christian Arnsperger e Gael Giraud. Os países ricos foram adiando problemas ao substituir a demanda baseada em rendimentos reais por demanda baseada em crédito ao consumidor: as populações passaram a consumir não a partir da renda já recebida, mas em função do crédito obtido – via cartões e outros – gerando assim imensos lucros financeiros, mas uma demanda que vai se estrangulando pelo acúmulo de dívidas. “Porque a vida é agora”, por assim dizer. O resultado é um nível de consumo artificial cuja conta hoje aparece. Com a direita no poder, não são os intermediários financeiros os que são chamados a pagar, mas os que dependem de políticas sociais. Em nome da austeridade, reduz-se a demanda popular, aprofundando a crise.

A partir de economistas latinoamericanos, e em particular de representantes indígenas, surge com força a idéia do “bien vivir”, que implica reduzir a corrida extrativista e a obsessão consumista, e buscar equilíbrios nos valores, nos objetivos reais representados pela qualidade de vida para as pessoas associada ao respeito pela mãe natureza. Não é poesia, é bom senso. Idiotice é pensar que podemos continuar a espoliar o planeta impunemente, e equilibrar a economia ao concentrar os recursos nas mãos de minorias.

Teopista Akoyi, de Uganda, trouxe os imensos desafios da agricultura familiar, que ainda ocupa a metade da população mundial. Na linha do excelente relatório IAASTD com o qual contribuiu, analisa o mundo rural não apenas como fonte de produção e exportações, mas como dinâmica que tem de ser culturalmente aceitável pelas populações. A agricultura científica pode perfeitamente acomodar-se da agricultura familiar, dinamizando sistemas tradicionais, em vez de expulsar as populações com a monocultura extensiva que gera esgotamento de solos no campo, contaminação química da água e favelas nas cidades.

Enfrentamos, sem dúvida, elites predatórias, e em grande parte nos sentimos impotentes. Arnsperger traz com força a visão da necessidade de se democratizar os procedimentos econômicos, tanto pelo reforço da transparência, como por processos que permitam supervisão, em particular no mundo financeiro que afinal trabalha com dinheiro de terceiros, mas também em uma série de áreas críticas. Na realidade, não há porque a democracia parar nas portas das corporações. Toda atividade que tem impacto social deve prestar contas à sociedade, não é nenhum abuso. Quem tem mãos limpas pode mostrá-las.

As visões que surgiram na reunião podem provavelmente encontrar neste conceito de democracia econômica o seu denominador comum. A economia dever estar a serviço da sociedade. É tempo de repensarmos os seus paradigmas não com as bobagens de que se trata de uma “ciência”, e sim com bom senso. O que vivemos hoje é uma crise de visão do mundo. Até quando aceitaremos a morte de dez milhões de crianças por ano quando temos os meios financeiros e organizacionais para resolver o problema?

Alberto Arroyo nos fala do socialismo comunitário, democrático e descentralizado, em vez do socialismo burocrático. Kavaljit Sing, da India, apresenta o seu Fixing Global Finance, Oscar Ugarteche a necessidade de buscarmos formas práticas de expandir a compreensão do novo “senso comum”, em particular com a generalização do acesso ao conhecimento. São numerosas propostas, e pouco poder. Mas a rede que vai se formando no planeta tende a gerar novas convergências.

A realidade é que através de inúmeras iniciativas, que vão desde as reuniões do Fórum Social Mundial, até a rede Otro Desarrollo na América Latina, a New Economics Foundation de Londres, Ethical Marketplace de New York, Alternatives Economiques da França, blogs como o nosso Crise e Oportunidade , o movimento Real Economics, o Madhyam na Índia, enfim, está se gerando uma rede planetária de economistas de bom senso que começam resgatam uma visão da economia a serviço da sociedade, e não de como se servir melhor.