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quarta-feira, 15 de abril de 2015

História, memória, contradições

14/04/2015 às 14:11

Em evento da Globo, manifestante é preso no Congresso depois de gritar que emissora apoiou a ditadura

Escrito por: Redação
Fonte: Viomundo

O militante Pedro Rafael, da Frente Nacional pelo Direito à Comunicação, foi preso hoje cedo no Congresso depois de gritar 'A verdade é dura, a Rede Globo apoiou a ditadura' durante sessão solene em homenagem aos 50 anos da Globo.

O militante Pedro Rafael, da Frente Nacional pelo Direito à Comunicação, foi preso hoje cedo no Congresso depois de gritar “A verdade é dura, a Rede Globo apoiou a ditadura” durante sessão solene em homenagem aos 50 anos da Globo.
O evento foi convocado pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha, atendendo a requerimento dos deputados Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR) e Rômulo Gouveia (PSD-PB).
O FNDC, coordenado pela secretária de comunicação da CUT, Rosane Bertotti, é uma das principais entidades envolvidas na luta pela democratização da mídia.
Em recente evento em Belo Horizonte, cobrou ação do governo Dilma.
Diante das cobranças, o secretário de Serviços de Comunicação Eletrônica do Ministério das Comunicações, Emiliano José, garantiu que o governo irá promover neste ano o debate sobre a regulação da mídia no Brasil. “Todos os setores da sociedade serão chamados a participar dos espaços de discussão e ali poderão responder qual marco regulatório querem para o País”, afirmou. Emiliano fez referência à mídia hegemônica brasileira, também considerando-a como um polo político. “Eu não acredito na auto-regulação da mídia sobre si mesma. O estado democrático é quem deve regular a mídia”, acredita. Em ironia às críticas feitas ao Brasil e a países da América Latina por setores de direita da sociedade, o representante do Ministério das Comunicações fez menção à América do Norte. “Os EUA têm uma legislação muito mais rigorosa do que a nossa no setor e por que, então, não são chamados de bolivarianos ou censuradores?”, questionou.
Durante o evento da Globo, Pedro Rafael tentou estender uma faixa com os mesmos dizeres, mas foi retirado por seguranças do Congresso.
A homenagem de Eduardo Cunha à Globo acontece apesar de um incidente constrangedor envolvendo o deputado e a empresa no passado.
No final dos anos 90,  a esposa do atual presidente da Câmara, Cláudia Cordeiro, era apresentadora do RJTV, no Rio, quando foi demitida. Moveu ação trabalhista e teve vínculo empregatício reconhecido com a emissora, já que era contratada como Pessoa Jurídica. Na época, o site da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) noticiou:
Pejotização Condenada 28/10/2008 | 11:30
Em decisão proferida recentemente, a Sexta Turma do Tribunal Superior do Trabalho reconheceu o vínculo empregatício da jornalista Claudia Cordeiro Cruz com a TV Globo. Relator do recurso da emissora, que já havia sido condenada pelo Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região (RJ), o ministro Horácio Senna Pires constatou que havia evidências de fraude nas relações de trabalho no contrato de locação de serviços mantido entre a Globo e a jornalista no período de maio de 1989 a março de 2001.
Num período de mais de 10 anos, Claudia trabalhou para a Globo sem anotação em sua carteira de trabalho. A emissora condicionou a contratação à constituição de Pessoa Jurídica e ela criou a C3 Produções Artísticas e Jornalísticas Ltda.
O Agravo de Instrumento AIRR – 1313 /2001-051-01-40.6 entrou na pauta de votações da Sexta Turma do TST no dia 22 de outubro e teve a decisão divulgada pela assessoria do órgão no dia 24. Nela, o relator registrou que “se tratava de típica fraude ao contrato de trabalho, caracterizada pela imposição feita pela Globo para que a jornalista constituísse pessoa jurídica com o objetivo de burlar a relação de emprego”.
A profissional entrou com ação na Justiça do Trabalho após ser informada, em julho de 2000, que seu contrato não seria renovado, e após, segundo ela, ter contraído doença ocupacional. Claudia teve seus pedidos indeferidos pela 51ª Vara do Trabalho do Rio de Janeiro, mas recorreu e, após avaliar provas periciais e depoimentos, o TRT da 1ª Região modificou a sentença, que foi confirmada pela Sexta Turma do TST, condenando a Globo à anotação da carteira de trabalho da jornalista, no período de maio de 1989 a março de 2001, com o salário de R$10.250,00.
Detalhe: Cunha é sócio de Claudia na empresa. Se a ação tivesse sido movida sob as regras do PL 4330, recentemente aprovado com esforço extraordinário do presidente da Câmara, tudo indica que o resultado da ação na Justiça teria sido diverso, já que o projeto autoriza a terceirização de atividades-fim das empresas.
Quando presidiu a Telerj, no Rio, Eduardo Cunha foi acusado de favorecer a NEC do Brasil, então controlada pelo dono da Globo, Roberto Marinho, ao assinar um aditivo de R$ 92 milhões num contrato, quando deveria ter promovido uma nova licitação.
Entidades de todo o Brasil organizam manifestações para “descomemorar” o aniversário de 50 anos da Globo no próximo dia 26 de abril.

sábado, 11 de abril de 2015

Contribuições para uma história da mídia corporativa



Vozes Silenciadas – mídia e protestos: as manifestações de junho de 2013 nos jornais O Estado de S.Paulo, Folha de S.Paulo e O Globo



vozes silenciadas - capa final
Em junho de 2013, o país foi surpreendido por uma série de protestos replicados em diversas cidades, reunindo multidões e causando a paralisação de grandes centros urbanos. Foram as maiores manifestações desde as “Diretas Já” na década de 1980 e do “Fora Collor” na década de 1990. Os protestos das “Jornadas de Junho”, ou simplesmente as “Manifestações de Junho” nasceram da reivindicação contra o aumento da tarifa do transporte público e se expandiram, na sua fase final, para bandeiras e mais difusas e menos pontuais. 



Para o Coletivo Intervozes, os protestos de junho refletem um momento significativo de mobilização social que deve ser comemorado e também melhor compreendido. Um dos elementos importantes neste processo é a comunicação social. Tanto as os novos meios (mídias sociais, comunicação móvel) quanto os meios tradicionais (mass media, jornalismo formal) desempenharam papeis importantes. Serviram como caixas de ressonância para as vozes dos diversos atores que compuseram este enredo. Porém, se as mídias digitais serviram como ferramenta de mobilização e ampliação dos protestos, de que forma ocorreu a cobertura do mass media? Como os principais jornais brasileiros trataram o tema e seus atores? 

Para responder a estas questões ou pelo menos tentar esclarecê-las surgiu assim esta pesquisa ainda em 2013. Optou-se pela escolha de 3 importantes veículos de jornalismo online como objetos de estudo: Estadão, Folha de S. Paulo e O Globo e considerou-se que este seria um extrato representativo da mídia brasileira, até porque constituem jornais de grandes conglomerados de mídia atuantes no país. Quanto ao recorte temporal, optou-se pela análise dos 19 primeiros dias de junho por abarcar os momentos principais dos protestos e comportar uma quantidade significativa de matérias. Após a extensa coleta de dados e triagens de informação a análise foi realizada em um conjunto final de 964 matérias analisadas, somando os três veículos.

O estudo foi coordenado e executado pelo professor Sivaldo Pereira da Silva, da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e Universidade de Brasília (UnB). Envolveu uma equipe de pesquisadores do Centro de Formação e Extensão em Comunicação, Democracia e Direitos Humanos (Coscentro) da Ufal no processo de coleta de dados e dupla checagem de informações.

Esperamos que a pesquisa possa contribuir para o entendimento histórico do que significaram as Manifestações de Junho e também sirva como registro da ação mediadora dos meios de comunicação neste processo. Uma mediação nem sempre pacífica e, como demonstram os dados, nem sempre adequada aos princípios normativos que regem a boa prática jornalística. 



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