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sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Novas mídias articuladas formarão a próxima grande mídia


  

9.12.2015 - 9:36  

debate Mídia de Massas e Massas de Mídia trouxe para o Emergências a apresentação de destacadas experiências de comunicação alternativas à tradicional grande mídia. O debate foi realizado na tarde dessa terça-feira (8) no palco principal da Fundição Progresso, no bairro da Lapa, no Rio de Janeiro (RJ).

A mesa formada majoritariamente por mulheres foi mediada pela secretária da Cidadania e da Diversidade Cultural do Ministério da Cultura (MinC), Ivana Bentes, que definiu a proposta do debate como uma pequena mostra de projetos latino-americanos que resolveram não esperar o fim dos oligopólios midiáticos por meio de regulamentação legal, passando à experimentação em verdadeiros "laboratórios de novas narrativas". Nas palavras da secretária, "a articulação dessas novas mídias é a nova grande mídia".

Debate Mídia de Massas e Massas de Mídia trouxe para o Emergências a destacadas experiências      de comunicação alternativas à tradicional grande mídia (Foto: Rafael Vilela)
A experiência dos Jornalistas Livres foi apresentada pela jornalista Laura Capriglione. Por meio de um detalhado relato sobre as recentes ocupações de escolas públicas de São Paulo e sobre a cobertura realizada pelos próprios estudantes, por seu coletivo e pela mídia tradicional dessas mobilizações, ela reafirmou a necessidade e a possibilidade concreta de se criarem narrativas contra-hegemônicas com alcance massivo.

Descontentes com o tratamento truculento que recebiam do governo e da imprensa, que os tratavam como vândalos, os estudantes organizaram em todas as escolas ocupadas uma página no Facebook e oficinas para aprenderem a fotografar e a conceber, filmar e editar vídeos, por exemplo. Tudo com ajuda de vários outros coletivos, entre eles os Jornalistas Livres, que conseguiram gravar e publicar falas do então secretário de Educação de São Paulo revelando sua tática de guerra contra os jovens. 

"Descobrimos que eles [Governo de São Paulo] iriam fazer uma reunião com os diretores para preparar essa guerra e esse foi exatamente o termo que eles usaram. E isso foi gravado. E imediatamente os jovens foram pra rua para falar: se quer guerra terá, se quer paz quero em dobro", contou Capriglione.

#YoSoy132

Vinda do México, Ana Rolón contou a história do movimento estudantil #YoSoy132, nascido de um protesto feito por 131 estudantes da Universidade Ibero-americana durante uma visita do então candidato à presidência do México Enrique Piñera Nieto, acusado de violar os direitos humanos. Hostilizados pelo candidato e chamados de "manifestantes pagos", os estudantes publicaram um vídeo na internet sobre o ocorrido que, em menos de uma hora, obteve mais de 1 milhão de visualizações.   

"Aí percebemos a internet como uma ferramenta poderosa para democratizar a comunicação. Por suas qualidades rizomática e democrática, ela apresentava novas soluções para responder às nossas novas necessidades", relatou. 

Com a viralização do vídeo, espalhou-se pela rede também a hashtag #YoSoy132 em apoio aos estudantes. Daí nasceria o movimento que, durante as eleições, conseguiu realizar um debate com os candidatos a presidente transmitido ao vivo via internet e sem a participação de Piñera, que se negou a comparecer. Esse vídeo hoje possui quase 1,5 milhão de visualizações no canal do movimento no Youtube. Passado o pleito, os estudantes transformaram seus canais digitaisem espaços de difusão de conteúdos relacionados a pautas de movimentos sociais.

Também do México e com inspiração no movimento Zapatista, o espaço de comunicaçãoDesinformémonos foi apresentado pela jornalista Gloria Munhoz como uma tentativa de combater a criminalização de lutas sociais e, ao mesmo tempo, refletir criticamente sobre elas. "O conceito é desaprender um monte de coisas que nos ensinaram e não ter só uma informação complementar, mas outra informação, construída de baixo para cima", definiu Munhoz, agregando que atualmente os conteúdos postados por eles nas redes sociais tem em média 35 milhões de interações por semana.

Uma experiência similar, mas concebida no Uruguai, foi contada por Lucas Silva, um dos integrantes do jornal-cooperativa La Diária. "A proposta é ampliar a agenda informativa, de maneira contextualizada e enfocando temas como gênero, direitos humanos, economia solidaria e outros", destacou.

O jornalista colombiano Holman Morris falou sobre sua experiência como diretor da TV pública da cidade de Bogotá. Criador do programa de TV Contravia, que mostrava as violações aos direitos humanos "em uma época em que o governo de Alvaro Uribe dizia que na Colômbia não havia conflito armado, nem desaparecidos", Morris afirmou ter sido preso arbitrariamente duas vezes e exilado por retaliação ao seu trabalho. 

O jornalista voltou a seu país convidado para assumir o cargo na TV pública de Bogotá com a missão de coloca-la a serviço dos direitos humanos e de uma cultura de paz. "Vimos que não basta ter um canal. O importante era fazer diferente do tradicional, aprender como relatar, projetar e qual era a agenda própria desse canal. Então, entregamos o canal às pessoas: aos movimentos jovens, Hip Hop, LGBT, ambientalistas. Uma TV de muitas caras e cores", contou.

Já o ator e humorista brasileiro Gregório Duduvier pouco falou sobre seu projeto Porta dos Fundos, dedicando seu tempo às críticas sobre as relações promíscuas que tanto a política como os meios de comunicação mantêm com o grande capital, o que limitaria o potencial transformador de ambos. Porém, todas as ações de caráter conservador por eles praticadas são justificadas em nome "do suposto gosto conservador do povo", disse ele.  

"Sempre tive que lidar com críticas ao humor que faço com frases do tipo ‘o povo não gosta disso', com base em pesquisas que ninguém nunca viu. Cansei de ouvir isso quando era contratado da Globo e no começo do Porta dos Fundos também. E o humor da TV aberta são as mulheres objetificadas, os homens desmunhecando, o caipira, o negro, são sempre as minorias. Basicamente, eles batem nas mesmas pessoas que a polícia", ironizou.

quinta-feira, 30 de julho de 2015

Bibliotecas do Brasil - mapeamento

MinC lança mapa com bibliotecas públicas de todo o país

28.7.2015 - 10:00  
Fonte:  MinC

Acesso rápido


O Ministério da Cultura (MinC) acaba de lançar uma plataforma na qual é possível encontrar, dentro do mapa do Brasil, as 6.021 bibliotecas públicas (municipais e estaduais) e comunitárias cadastradas no Cadastro Nacional de Bibliotecas e que integram o Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas (SNBP). O acesso é livre para qualquer cidadão. Pelo mapa, é possível encontrar dados como endereço e acessibilidade das instituições. 
De acordo com a coordenadora geral do SNBP da Diretoria de Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas (DLLLB) do MinC, Veridiana Negrini, a ideia é, neste primeiro momento, divulgar os dados das bibliotecas públicas que já estão cadastradas para que, posteriormente, os gestores responsáveis por esses equipamentos possam complementar as informações sobre suas bibliotecas, com dados sobre acervo, serviços, infraestrutura, gestão, relação institucional e público principal da biblioteca.
"Pretendemos, no segundo semestre deste ano, lançar o novo cadastro nacional de bibliotecas, com objetivo de para mapear de maneira abrangente as bibliotecas públicas e comunitárias existentes no país", adiantou a coordenadora. 
Dentro do processo de aprimoramento e atualização do mapa, novas bibliotecas, bibliotecas comunitárias e pontos de leitura também poderão ser cadastrados no Sistema Nacional de Informações e Indicadores Culturais (SNIIC), que também está em processo de reformulação. Criado pelo MinC, o SNIIC visa coletar, armazenar e difundir dados e informações sobre a cultura brasileira.
Camila Campanerut
Assessoria de Comunicação
Ministério da Cultura
 

sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

A cultura como política exige uma política para a cultura

A cultura e os novos horizontes para a participação social

O Ministro da Cultura anunciou a criação de um Gabinete Digital, espaço de dialogo e participação da sociedade apoiado no uso das novas mídias digitais.


Vinicius Wu (*) 

 

ArquivoO retorno de Juca Ferreira ao Ministério da Cultura, MinC, abre novas possibilidades para a experimentação em termos de governança democrática no âmbito do Governo Federal. Juca assume decidido a inovar e coloca o diálogo no centro de uma nova estratégia de relacionamento entre Estado e sociedade.

A reoxigenação de nossas Instituições democráticas é um dos grandes desafios do Estado brasileiro nas próximas décadas. Refletir sobre a gestão pública a partir dessa perspectiva é fundamental e a cultura pode ser um terreno privilegiado para a adoção de instrumentos e metodologias inovadoras de participação.

O Ministro da Cultura anunciou, em sua posse, a criação de um Gabinete Digital, espaço de diálogo e participação da sociedade civil apoiado no uso das novas mídias digitais. A proposta, imediatamente atacada por setores conservadores, é coerente com esforços realizados por governos das mais distintas vertentes ideológicas, interessados na renovação da governança democrática no século XXI.

Diversas cidades do mundo - como Nova York, Barcelona e Londres - e governos nacionais - como o dos EUA e da Alemanha - investem em tecnologias destinadas à ampliação da participação da sociedade nas decisões públicas, bem como ao aumento da transparência e do controle social sobre o Estado. Instituições multilaterais, como o Banco Mundial e a Organização das Nações Unidas estimulam e apoiam ações governamentais dessa natureza. 

Governos locais e regionais no Brasil têm desenvolvido iniciativas semelhantes, tais como a administração municipal de Caruaru, em Pernambuco, ou o Governo do Rio Grande do Sul, estado pioneiro nesse quesito durante a gestão de Tarso Genro. 

Juca Ferreira terá um duplo desafio. De um lado, deve reativar toda a energia despertada por políticas públicas inovadoras implantadas durante sua primeira passagem pelo Ministério, como é o caso dos Pontos de Cultura. E de outro, terá de renovar sua agenda, podendo avançar em temas emergentes como o da participação cidadã na era digital, a radicalização da transparência e a gestão colaborativa do Estado. 

E é exatamente no campo da governança democrática que o MinC pode oferecer uma enorme contribuição ao segundo mandato de Dilma. Se lograr instituir uma dinâmica de colaboração na gestão cultural do país, que esteja fortemente ancorada no mundo da cultura e dialogue com os novos movimentos culturais e da juventude, permitindo a abertura de canais de participação adequados às exigências da complexa sociedade em rede do século XXI, Juca poderá contribuir para o enfrentamento de uma das mais desafiadoras tarefas do novo governo petista, qual seja, a busca por respostas ao esgotamento do atual sistema político brasileiro e ao desencantamento com a política, elementos que estiveram na base dos protestos de 2013.

A cultura em suas três dimensões fundamentais – simbólica, cidadã e econômica – pressupõe a afirmação de direitos e a conformação de estratégias públicas que afirmem a autonomia dos indivíduos e o empoderamento da sociedade civil, considerando toda sua diversidade e complexidade.

Ao colocar o diálogo como elemento central de sua gestão à frente do MinC, Juca Ferreira oportuniza ao Ministério um novo papel – estratégico – na afirmação de uma visão de Estado, que contribua para a consolidação dos valores da república e da democracia no Brasil. É, sem dúvida alguma, um debate que vai muito além da gestão das políticas culturais no Brasil.

Mesmo sem a pretensão de obter respostas definitivas aos grandes dilemas da democracia e da gestão pública no mundo contemporâneo, o chamado do MinC ao diálogo e à participação estimula a reflexão sobre o próprio significado da ação estatal e desafia toda a comunidade cultural a pôr-se em movimento.


(*) Vinicius Wu, historiador, Secretário de Articulação Institucional do Ministério da Cultura, coordenou a implantação do Gabinete Digital do Governo do RS. 
No Twitter: @vinicius_wu

quarta-feira, 23 de julho de 2014

Inovação na Cultura

Pontos de Cultura já são política de Estado


Escrito por: Redação FNDC
Fonte: Ministério da Cultura 

Plenário da Câmara durante aprovação do Programa Nacional de Promoção da Cidadania e da Diversidade Cultural, no dia 1 de julho.

23.07.2014

O Programa Nacional de Promoção da Cidadania e da Diversidade Cultural (Cultura Viva) é, a partir de agora, política de Estado. Após ser aprovada no Congresso Nacional, a Lei 13.018/2014, que institui a Política Nacional de Cultura Viva, teve sua sanção publicada no Diário Oficial da União desta quarta-feira (23/7). A nova legislação garante o compromisso do Estado brasileiro em ampliar, por meio dos Pontos e Pontões de Cultura, o acesso da população a seus direitos culturais.

Com a nova lei, o Sistema Nacional de Cultura (SNC) passará a ter uma política de base comunitária que possibilitará a ampliação do exercício dos direitos culturais no Brasil. O Cultura Viva terá garantia de longevidade e de mais recursos para serem ampliados no fomento de novos Pontos de Cultura. Além disso, o repasse dos recursos será simplificado. A transformação em política de Estado também fortalece a meta, prevista no Plano Nacional de Cultura (PNC), de chegar a 15 mil Pontos de Cultura até 2015 - hoje são cerca de 4 mil, distribuídos por mais de mil municípios de todas as Unidades da Federação.

Criado em 2004, o Cultura Viva potencializa iniciativas culturais já existentes, transformando-as em Pontos de Cultura, que funcionam como locais de recepção, articulação e disseminação de iniciativas culturais e não possuem um modelo único de atividades, nem de instalações físicas. A gestão dos Pontos é compartilhada entre o poder público e a sociedade civil. Para se tornar um Ponto de Cultura, é necessário participar dos editais lançados pelo MinC, pelos governos dos estados ou municípios e, eventualmente, por outras instituições públicas.

Os Pontos de Cultura selecionados pelo Cultura Viva terão projetos aprovados por um período mínimo de um ano e máximo de três anos, com possibilidade de renovação. Para participar do edital, é necessário ser pessoa jurídica. A pedido da Controladoria-Geral da União (CGU), foi vetado o parágrafo 2º do artigo 4º da legislação, que estendia o programa a pessoas físicas e a grupos e coletivos sem constituição jurídica. De acordo com a Presidência da República, o dispositivo "daria o mesmo tratamento jurídico a modalidades significativamente diversas de apoio financeiro, tais como bolsas e fomento".

São considerados público prioritário da Política Nacional de Cultura Viva os povos indígenas, quilombolas, povos de terreiro, povos ciganos, outros povos e comunidades tradicionais e minorias étnicas; mestres, praticantes, brincantes e grupos das culturas populares, urbanas e rurais; artistas e grupos artísticos; crianças, adolescentes, jovens e idosos; pessoas com deficiência; mulheres; população de lésbicas, gays, bissexuais e travestis - LGBT; pessoas em situação de rua; pessoas em situação de sofrimento psíquico; pessoas ou grupos vítimas de violência; pessoas em privação de liberdade; populações de regiões fronteiriças; grupos assentados da reforma agrária; população sem teto; populações atingidas por barragens; e comunidades de descendentes de imigrantes.

Para a ministra da Cultura, Marta Suplicy, o Programa Cultura Viva vem sendo, desde sua criação, uma importante ferramenta de inclusão social. "Os Pontos de Cultura são o que há de mais inovador na cultura brasileira. São aquelas pessoas que não têm a musculatura para produzir cultura ou até ter sustentabilidade, mas que, com este aporte de recursos do governo, conseguem uma autonomia e, depois, saem do Ponto de Cultura para ter sua autonomia financeira fazendo cultura", destaca.

Alessandro Mendes

Assessoria de Comunicação
Ministério da Cultura

quinta-feira, 14 de março de 2013

Os games e a cultura


Associação da indústria de games escreve carta aberta a Marta Suplicy

Da redação de ARede

13/03/2013 - A Associação Comercial, Industrial e Cultural de Games (Acigames) rechaçou a afirmação de Marta Suplicy de que os jogos eletrônicos não serão incluídos no rol de produtos a serem comprados com o vale-cultura. A organização, em nota dirigida à ministra, afirma que os games são os produtos culturais que mais faturam atualmente, ultrapassando o cinema, e que a postura da ministra contradiz políticas do ministério nos últimos anos.

A associação lembra que desde 2011, com a publicação da portaria 116, o Ministério da Cultura prevê que os games possam se enquadrar nas leis de incentivo. Lista ainda exemplos de jogos que foram beneficiados pela Lei Rouanet, usados nas escolas para auxiliar na educação, inclusive entre pessoas com dislexia, e lembram que o Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA) incluiu em seu acervo uma série de games.

"Infelizmente essa notícia pode se espalhar no mundo inteiro que hoje enxerga games como uma das mais fortes fontes de renda na ecomomia criativa e de cultura, ultrapassando a indústria do cinema já há dois anos. Se games não são considerados cultura por nossa própria ministra é uma afirmação de grave preconceito e um desrespeito a todos os trabalhos acadêmicos e científicos na área. Games são a nova expressão digital do mundo e nos países desenvolvidos isso é deixado bem claro",  afirma o presidente da ACIGAMES, Moacyr Alves Júnior.

Essa não é a primeira manifestação cobrando apoio ao setor. Em 1º de março, a Fatec de São Caetano do Sul (SP), parceira da Acigames, divulgou carta também ao Minc na qual lista a importância da industria de games para o desenvolvimento econômico e cultural do país.

terça-feira, 3 de abril de 2012

Por que importa tanto pensar SOBRE as mídias...?

Fonte: Blog do Emir

Cultura: propriedade comum ou mercadoria

No momento em que se avança no processo de privatização na que já foi um marco na TV pública brasileira – a TV Cultura de São Paulo – e ainda persiste um mandato no Minc que promoveu graves retrocessos na política de propriedade comum e convive de forma promíscua com o Ecad, vale a pena recordar que um dos mais importantes debates contemporâneos se deu justamente sobre a natureza da cultura: propriedade comum ou mercadoria.

Foi uma longa e tensa discussão no âmbito da Unesco, em que os Estados Unidos defendiam a inespecificidade da cultura, como uma mercadoria a mais, que deveria ser submetida às normas do livre comércio e estar no âmbito da Organização Mundial do Comércio. Não poderia haver visão mais mercantilizada da cultura, que aceleraria ainda mais o achatamento da diversidade cultural em beneficio dos modelos de consumo das potências centrais do capitalismo.

A posição - que finalmente triunfou - considera a especificidade da cultura como forma de definir as distintas identidades dos países, dos povos, das nações, que requer tratamento e proteção especifica. Por detrás do debate estava a contraposição entre a cultura como mercadoria e a cultura como patrimônio da humanidade, como propriedade comum. É a forma particular de refletir os grandes debates e dilemas contemporâneos entre esfera mercantil e esfera pública, entre neoliberalismo e pós-neoliberalismo, no plano da cultura.

Até o governo Lula predominou essa visão mercantil da cultura, de que um dos reflexos mais claros foi a Lei Rouanet de incentivo à cultura, em que o governo renuncia a seu papel de fomento da cultura e permite que empresas privadas deixem de pagar impostos para financiar atividades de propaganda das empresas, sem nenhum critério artístico. Ao invés de pagar seus impostos, as empresas privadas promovem sua imagem, em lugar do governo definir os critérios públicos de repartição de recursos.

O mandato do Gil e do Juca havia proposto reformulação da Lei de incentivo à cultura, que não avançou neste mandato, foi revista com os critérios que presidem esse mandato, de menor intervenção do poder público e de favorecimento dos mesmos mecanismos que presidem a lei ainda vigente.

A promiscuidade com o Ecad e a retirada do selo da propriedade comum vão na mesma direção, de ruptura com todos os avanços do mandato anterior, que fortaleceram o Minc no governo Lula e que projetaram uma imagem de governo dos mais avançados no mundo em termos de políticas culturais. A presença de um ministério fraco e sem apoio tem feito com que ressurjam teses de que os temas de propriedade e a própria Ancine deveriam estar subordinadas ao Ministério de Indústria e Comércio, formalizando os retrocessos sobre o caráter público da cultura.

É a mesma lógica de privatização da cultura que tem feito com que os tucanos destruam a melhor TV que o Brasil chegou a fazer, no auge da TV Cultura. Nas programações informativas, de debate politico, nas programações infantis, culturais – ela vai chegado a disputar audiência com a TV Globo em São Paulo. Os tucanos retiraram recursos e jogaram a TV Cultura na lógica de buscar recursos privados e, assim, ter que se submeter aos critérios das agências de publicidade e das empresas privadas, tirando paulatinamente o caráter diferenciado, público, da TV Cultura, até se chegar à desagregação de uma TV totalmente subordinada aos desígnios – e conflitos – internos do PSDB.

A luta pela eleição de um candidato alternativo em São Paulo, assim como por uma substituição no Minc que permita o resgate das políticas culturais de caráter público, é a mesma luta pela democratização da cultura e dos meios de comunicação no Brasil hoje.

Postado por Emir Sader às 09:48 [02/04/2012]

quinta-feira, 8 de março de 2012

Pra pensar na atual gestão do MinC...

Por uma Internet Livre!

Friday, 2 de March de 2012 • por
Fonte: Caligraffiti 
 



Queria fazer um desabafo para todos os leitores do Caligraffiti e explicar por que ficamos boa parte dessa semana com o site fora do ar. Recebemos um email do ECAD dizendo que teríamos que começar a pagar por embedar vídeos sonorizados do You Tube e Vimeo. Segundo o ECAD:

“Esclarecemos que, toda pessoa física ou jurídica que utiliza músicas publicamente, inclusive através de sites na Internet, deve efetuar o recolhimento dos direitos autorais de execução pública junto ao ECAD, conforme a Lei Federal 9.610/98.”

Então o ECAD, além de ganhar do Google e Facebook, agora está começando a taxar todos os sites que têm algum tipo de sonorização, mesmo sendo um compartilhamento. E o valor não é barato! O pior de tudo é que o Caligraffiti não é uma empresa e nem tem fluxo de caixa, não há beneficiamento financeiro em nenhum patamar. O projeto é bancado pelos próprios escritores que acreditam em poder contribuir com a evolução do design nacional.

E pasmem, a nossa legislação atual compactua e protege o ECAD a fazer esse tipo de cobrança. Não temos saída, a não ser colocar a boca no mundo e cobrar leis mais flexíveis quando o assunto é internet.

Conversamos com muita gente, blogueiros, advogados especializados e formadores de opinião, todos concordam que esse tipo de atitude inibiria a blogosfera brasileira, que utiliza muito material compartilhado de grandes canais de vídeo online. Por opiniões unânimes decidimos recolocar o site no ar e encarar a briga, caso realmente eles queiram isso.

Hoje, em um mundo web 2.0, não podemos nos abster de compartilhar o que achamos interessante no nosso site. É contra a liberdade de expressão e totalmente contra alguns dos mais importantes princípios do Caligraffiti, a divulgação, o compatilhamento e a discussão de assuntos relativos ao design, arte e cultura.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Ainda sobre a atual gestão do MinC e a revisão da lei de direitos autorais

Resposta ao MinC: sobre o mecanismo de notificação e retirada

Fonte: Pablo Ortellado (em "Apenas um blog")
Para saber mais: GPOPAI (Grupo de Pesquisa em Políticas Públicas para o Acesso à Informação)

No último dia 5, o jornal O Estado de São Paulo publicou uma matéria com declarações minhas sobre as modificações introduzidas pela nova gestão do Ministério da Cultura (MinC) no anteprojeto que reforma a lei de direitos autorais. Essas declarações foram criticadas em nota da assessoria de imprensa do ministério. A controvérsia diz respeito ao mecanismo de “notificação e retirada” introduzido no anteprojeto de lei de direitos autorais por meio do artigo 105-A. Abaixo apresento brevemente o funcionamento deste mecanismo e respondo às críticas que me foram dirigidas.

Sobre o mecanismo nos EUA
“Notificação e retirada” é uma tradução da expressão “notice and takedown” que é o nome dado ao mecanismo introduzido nos Estados Unidos por meio do Digital Millennium Copyright Act (DMCA) de 1998. O mecanismo busca regular as atividades das empresas provedoras de serviços de Internet cujo conteúdo é inserido pelo usuário. Quando uma publicação por meio destas plataformas viola direitos autorais há incerteza sobre quem deve ser responsabilizado pela violação – se o prestador do serviço que oferece a plataforma, o usuário que adiciona o conteúdo ou ambos. O DMCA introduziu o conceito de “notificação e retirada” determinando responsabilidades por meio do seguinte procedimento: 1) o alegado titular dos direitos autorais, quando identifica uma suposta violação aos seus direitos, notifica o provedor de serviços; 2) o provedor tem duas opções: ou retira o conteúdo com a suposta violação (de maneira “expedita” – que se entende como até 24 horas) ou a mantém e assume responsabilidade pelo conteúdo; 3) ao retirar o conteúdo, o provedor deve notificar o usuário (se for possível fazê-lo) que, por sua vez, pode contranotificar, assumindo ele (usuário) a responsabilidade pela publicação e por eventual infração ao direito autoral; 4) o conteúdo, neste último caso, é posto de volta no site se o titular do direito autoral não iniciar um processo contra o usuário em 10 dias úteis.

Tudo ocorre na esfera extrajudicial, sem qualquer decisão da Justiça. Desta maneira, o DMCA buscou dar segurança jurídica aos serviços de Internet que se baseiam em conteúdos de usuários, ao mesmo tempo que fornece aos titulares de direito autoral um instrumento para impedir violações.

A introdução do mecanismo no anteprojeto brasileiro
O modelo de “notificação e retirada” foi introduzido no anteprojeto que reforma a lei de direito autoral por meio do artigo 105-A (segue na íntegra abaixo). O artigo segue em linhas gerais o modelo americano, com duas modificações relevantes: no caso de contranotificação do usuário, o usuário passa a assumir a responsabilidade exclusiva pelo conteúdo e após uma eventual contranotificação o provedor de Internet deve imediatamente republicar o conteúdo. Além disso, qualquer outra pessoa interessada (que não o autor da publicação original) pode contranotificar, desde que assuma responsabilidade por eventual infração autoral realizada pelo usuário que publicou o conteúdo.

Críticas ao mecanismo
Embora em tese o mecanismo de notificação e retirada busque equilibrar o interesse dos titulares com o interesse dos provedores de serviço e dos usuários, na prática o mecanismo tem sido sistematicamente abusado pelos titulares. Foram essas críticas que expressei na matéria do Estado de São Paulo e que deram origem à reação do MinC.

A crítica consiste no fato de que o mecanismo de notificação e retirada cria, na prática, uma censura privada. Em primeiro lugar, o detentor dos direitos autorais, ao notificar, faz simplesmente uma alegação de violação, na esfera extrajudicial, que não é comprovada por qualquer instância jurisdicional (um juiz, por exemplo). Obviamente, os titulares tendem a interpretar a lei de maneira restritiva, minimizando, por exemplo, as possibilidades de usos livres conferidas pelas exceções e limitações dos direitos autorais (ou do fair use, no caso americano). Por exemplo, segundo estimativa da rede americana de clínicas de Direito, Chilling Effects, (formada por clínicas das universidades de Harvard, Stanford, George Washington, entre outras) cerca de 60% das alegações de violação utilizando o notice and takedown são improcedentes, seja porque simplesmente não há violação (são usos cobertos pelo fair use), ou porque a violação não é de direito autoral (é de marca, por exemplo) ou porque os procedimentos formais não foram realizados de maneira adequada. Apesar disso, os titulares conseguem atingir o objetivo de retirar o conteúdo já que os provedores de serviços de Internet preferem retirar o conteúdo e notificar o usuário a enfrentar o ônus legal de mantê-lo.

Embora o Brasil ainda não tenha formalmente o mecanismo, já enfrentamos notificações extrajudiciais em massa que servem como teste de ensaio para a introdução formal do mecanismo. Veja o seguinte exemplo. A Associação Brasileira de Direito Reprográfico (ABDR), que representa algumas grandes editoras, faz notificações extrajudiciais em massa a provedores de serviço de Internet (cerca de dez mil por mês). São notificações que alegam que determinada obra do catálogo de uma editora filiada está sendo disponibilizada sem autorização e que se ações não forem tomadas para retirar a publicação, medidas judiciais serão tomadas em face dos provedores. Os provedores então, para não assumir o ônus judicial, quase sempre retiram o conteúdo (ao ponto de a ABDR utilizar a retirada de conteúdo como “indicador” de sucesso).

Acontece que, neste caso, não há decisão judicial para averiguar se o uso que se faz das obras autorais é, por exemplo, coberto por limitações ao direito autoral – o que poderia acontecer com frequência, já que uma decisão recente do STJ indicou que as limitações na atual lei são exemplificativas, ou seja, nem todas as limitações estão expressamente previstas na lei de direitos autorais.

No caso dos livros, há vários levantamentos empíricos no Brasil indicando que entre 25% e 35% dos livros demandados pelas universidades (que é a maior parte da disponibilização de conteúdo na Internet) estão esgotados. Isso indica duas coisas: 1) o fato de os livros não estarem mais sendo vendidos ajuda a descaracterizar a responsabilidade civil – por ausência de dano – e pode, inclusive, ser encarada como uma limitação, numa interpretação extensiva como a estabelecida pelo STJ e também se interpretado à luz da Constituição Federal no que diz respeito à função social da propriedade e do acesso à educação; 2) muito provavelmente as editoras já não detêm os direitos de vários dos livros dos quais se dizem titulares já que a cessão contratual de direitos muitas vezes expira após alguns anos ou ainda elas podem jamais ter sido as titulares destes direitos, uma vez que a publicação digital de textos é um direito diverso da publicação física.

Isso posto, me parece bastante caracterizado o fato de que esse mecanismo cria uma censura privada, uma vez que conteúdo é suprimido em razão de uma simples notificação, sem qualquer intervenção judicial. Na proposta brasileira, abre-se a possibilidade de uma contranotificação por parte do usuário, após a qual a obra deve ser imediatamente republicada – no entanto, a disparidade entre o poder econômico dos titulares (editoras, gravadoras e produtores de audiovisual) e os usuários fará com que seja excessivamente oneroso aos usuários da Internet defender seu direito de publicação. Na prática, teremos uma censura privada – como aliás, já acontece.

O MinC alega que não se trata de censura, “porque censura carrega em si um crivo de conteúdo moral, ético, político ou doutrinário inexistente na proposta do MinC para o direito autoral.” O fato de este mecanismo fazer censura “apenas” para defender interesses econômicos – muitas vezes sem amparo na lei – me parece tão ou mais grave do que a censura feita com motivação moral ou política, justamente por ser mais difícil de identificá-la claramente. Censura é censura e seus efeitos são igualmente nefastos e anti-democráticos.

Além disso, o MinC alega que no meu argumento há “erro de princípio, porque inverte as ordens de direitos: obviamente, para se utilizar qualquer obra protegida, é fundamental e lógico que se obtenha primeiro a autorização do titular”. Aqui, de novo, acho que há uma profunda divergência de interpretação sobre o que é o direito autoral. Para o MinC tudo é protegido e para qualquer uso deve haver autorização – é a assunção da opressão do privado sobre o interesse público. O que o MinC está defendendo na nota é o direito autoral como hiper-propriedade – na qual o titular não tem deveres, só direitos – e como direito absoluto e superior a todos os demais direitos fundamentais, como o acesso à educação, à informação e à cultura. Eu, por meu lado, acredito que essa visão patrimonialista e proprietária do direito autoral não leva em conta o fato de que o direito autoral nasceu limitado: limitado porque protege só a forma e não o conteúdo, limitado porque a proteção tem prazo determinado, limitado porque vários usos foram historicamente considerados livres (citação, sátira, etc), limitado porque não é nem o único nem o direito mais importante. Penso que o direito autoral já é – e deve ser cada vez mais – uma ilha de exclusividade num imenso mar de usos livres e de obras plenamente livres. Do outro lado, parece que a atual gestão do MinC vê o direito autoral como a UDR vê a propriedade fundiária. É lamentável que tal visão seja respaldada por correntes de um partido dos trabalhadores.

* Agradeço ao Pedro Paranaguá e ao Allan Rocha de Souza por comentários a uma primeira versão deste texto. Eventuais erros, como de costume, são todos meus.

Íntegra do artigo 105-A:
“Art. 105-A. Os provedores de aplicações de Internet poderão ser responsabilizados solidariamente, nos termos do art. 105,  por danos decorrentes da colocação à disposição do público de obras e fonogramas por terceiros, sem autorização de seus titulares, se notificados pelo titular ofendido ou mandatário e não tomarem as providências para, no âmbito do seu serviço e dentro de prazo razoável, tornar indisponível o conteúdo apontado como infringente.

§ 1o Os provedores de aplicações de Internet devem oferecer de forma ostensiva ao menos um canal eletrônico dedicado ao recebimento de notificações e contranotificações, sendo facultada a criação de mecanismo automatizado para atender aos procedimentos dispostos nesta Seção.
§ 2o A notificação de que trata o caput deste artigo deverá conter, sob pena de invalidade:
I – identificação do notificante, incluindo seu nome completo, seus números de registro civil e fiscal e dados atuais para contato;
II – data e hora de envio;
III – identificação clara e específica do conteúdo apontado como infringente, que permita a localização inequívoca do material pelo notificado;
IV – descrição da relação entre o notificante e o conteúdo apontado como infringente; e
V – justificativa jurídica para a remoção.
§ 3o Ao tornar indisponível o acesso ao conteúdo, caberá aos provedores de aplicações de Internet informar o fato ao responsável pela colocação à disposição do público, comunicando-lhe o teor da notificação de remoção e fixando prazo razoável para a eliminação definitiva do conteúdo infringente.
§ 4o Caso o responsável pelo conteúdo infringente não seja identificável ou não possa ser localizado, e desde que presentes os requisitos de validade da notificação, cabe aos provedores de aplicações de Internet manter o bloqueio.
§ 5o É facultado ao responsável pela colocação à disposição do público, observados os requisitos do § 2o, contranotificar os provedores de aplicações de Internet, requerendo a manutenção do conteúdo e assumindo a responsabilidade exclusiva pelos eventuais danos causados a terceiros, caso em que caberá aos provedores de aplicações de Internet o dever de restabelecer o acesso ao conteúdo indisponibilizado e informar ao notificante o restabelecimento.
§ 6o Qualquer outra pessoa interessada, física ou jurídica, observados os requisitos do § 2o, poderá contranotificar os provedores de aplicações de Internet, assumindo a responsabilidade pela manutenção do conteúdo.
§ 7o Tanto o notificante quanto o contranotificante respondem, nos termos da lei, por informações falsas, errôneas e pelo abuso ou má-fé.
§ 8o Os usuários que detenham poderes de moderação sobre o conteúdo de terceiros se equiparam aos provedores de aplicações de Internet para efeitos do disposto neste artigo.“

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Rodas de conversa sobre a cultura digital

Fonte: A Rede

PARTE I

3º Festival da Cultura Digital: as redes nas ruas

Áurea Lopes
5/12/2012 

O vão livre do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro foi mais do que apropriado para traduzir o espírito do 3º Festival de Cultura Digital. A ideia era levar o conceito e o movimento do conhecimento livre para a rua, romper as barreiras dos espaços físicos fechados e até mesmo as limitações do mundo virtual. De 2 a 4 de dezembro, centenas de ativistas, estudiosos e interessados em aprender sobre cultura livre e democratização do acesso às tecnologias da informação e da comunicação passaram pelos vários palcos do evento – literalmente aberto a relatos de experiências, trabalhos colaborativos, demonstrações de projetos e rodas de conversas.

Todas as atividades procuraram se orientar pelo espírito “da produção e da apropriação do bem comum, seja esse bem cultural ou resultado material de uma criação intelectual”. Essa ideia vem da palavra commons, da língua inglesa, que contém um conceito tão abrangente que ainda não há uma tradução consensual para o português – discussão que também foi objeto de reflexão entre os participantes do festival, empenhados em trazer os temas da liberdade de expressão e produção mais próximo da sociedade brasileira.

“Essas estruturas vazadas para que todos possam ver, participar, representam a proposta do festival. Nós ocupamos o espaço público. Foi um exercício de liberação das potências da internet para as redes físicas, provocando processos inovadores”, avaliou Rodrigo Savazoni, diretor geral do festival.
Pela primeira vez, o encontro de cultura digital aconteceu fora de São Paulo, em um local aberto e sob a forma de festival – as edições anteriores seguiram o modelo de fóruns. As atividades foram distribuídas em seis eixos: Mostra de experiências, Visualidade, Laboratório Experimental, Espaço Multimídia, Encontro de Redes e Arena de debates. O ex-ministro Gilberto Gil foi o embaixador do festival e recebeu, na cerimônia de abertura, o professor Yochai Benkler, diretor do Berkman Center for Internet. 

Presente em todos os dias do festival, o ex-ministro participou, ao lado do compositor Jorge Mautner, de um debate na Arena sob o tema “Ocupações, revoluções, redes: articulação do movimento global”, em que falaram também moradores de rua que participam de uma ocupação urbana na Cinelândia. Fazendo uma análise sobre as mobilizações sociais contemporâneas, impulsionadas pelas tecnologias, Gil disse: “O rio da história arrasta muita coisa. As novas ofertas [referindo-se à internet] são aparentemente libertadoras. Mas não eliminam a necessidade da vigília, da disposição de lutar pela atenuação, que seja, das desigualdades. É sempre assim, não dá para aliviar, é preciso nadar contra o aluvião das injustiças”.


PARTE II

Projetos e articulações nos variados eixos da cultura digital

A troca de conhecimentos, experiências, links e aplicativos aconteceu em variados formatos e espaços durante o 3º Festival de Cultura Digital. Mas as conexões transcenderam a grade de programação. “O que estamos vivendo aqui é uma rede de afetos, que entrelaça as relações de pessoas para pessoas”, sintetizou Régis Bailux, do coletivo Bailux de metareciclagem.

Para abrigar um dos seis eixos do festival, um dos espaços da cidade do Rio de Janeiro escolhido foi o cine Odeon, na Cinelândia, onde aconteceram as palestras de convidados internacionais, como Yochai Benkler, diretor do Berkman Center for Internet, Michel Bauwens, fundador do Peer-to-peer, entre outros.

No Museu de Arte Moderna (MAM), coletivos com foco em arte, educação, direitos humanos e serviços públicos apresentaram seus trabalhos na sala da Cinemateca. No vão ivre do museu, as bancadas do Laboratório Experimental promoveram a troca livre de conhecimentos e desenvolvimentos colaborativos utilizando tecnologias livres.

“Este ano, quisemos quebrar a expectativa das pessoas em relação às oficinas, onde você v em e aprende a fazer algo. Neste festival, temos as pessoas dialogando e produzindo, espontaneamente, com liberdade”, disse Felipe Fonseca, um dos organizadores do laboratório. Ele apontou, entre outros projetos do laboratório, um trabalho com cartografia experimental. “Estamos falando do uso de mapas e cartografia como ferramenta e metodologia de interferir na realidade, a partir de sistemas livres de georeferenciamento”.

O Festival recebeu também o Ônibus Hacker, que fez sua primeira viagem, vindo de São Paulo com mais de 30 ativistas da transparência de dados públicos. O ônibus, projeto que se viabilizou a partir de uma iniciativa de financiamento coletivo, está se preparando para percorrer o país e levar às comunidades o conceito e a prática do direito cidadão de ter acesso aos dados governamentais, em todas as instâncias. O ônibus, que recebeu a vista do embaixador do Festival, Gilberto Gil, voltou para São Paulo equipado com um circuito de transmissão de rádio FM feito em uma das oficinas do festival.

 

PARTE III

Ministério da Cultura apresenta propostas e abre debate com ativistas

Em roda de conversa sobre participação cidadã, dia 4, no 3º FCD, o secretário de Políticas Públicas, Sérgio Mamberti, e o coordenador-geral de Mídia Digital, José Murilo Jr., apresentaram as iniciativas que o ministério da Cultura vem encaminhando dentro do Plano Nacional de Cultura.
Murilo falou sobre a criação do Sistema Nacional de Informações Culturais (SNIC), que está sendo desenhado para ser uma plataforma de dados abertos que a sociedade poderá não apenas consultar, mas complementar e também utilizar as informações de forma livre, uma vez que as APIs serão abertas. "Imaginamos uma espécie de Google Maps da cultura brasileira", disse o coordenador. A partir dessa base de dados, esclareceu, a população poderá construir serviços e aplicativos. "O sistema vai exigir a participação de produtores e artistas, que deverão manter o banco atualizado", completou. A grande riqueza, acrescentou, o volume de informações desse acervo virá da interlocução com a sociedade.

Murilo também apresentou ao público do 3º FCD a proposta do ministério de criar um registro unificado de obras de arte, acoplado a uma licença pública para bens culturais. Os detalhes da nova licença ainda não estão definidos: “Queremos construir esse conceito junto com a sociedade, com vocês, para isso estamos aqui. O diálogo está aberto e o ministério espera as contribuições”.

Sérgio Branco, pesquisador da Fundação Getúlio Vargas, colocou a preocupação de que a licença pública não venha excluir a licença Creative Commons. Murilo garantiu que não será uma licença obrigatória, tampouco virá para substituir a licença Creative Commons. Poderão ser usadas ambas, adiantou. "A combinação de registro autoral com uma licença customizada vai permitir que o autor decida que tipo de incentivo à circulação deseja para sua obra", avaliou.

O secretário Mamberti anunciou que no início de 2012 o MinC deverá publicar o mapeamento dos projetos do Pronac, com dados do período 1995-2011: "Vamos abrir a caixa de Pandora, com detalhamento de tudo o que foi pago a produtores, artistas e todos os envolvidos nas iniciativas financiadas com recursos do Pronac".

 

 

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Ministério da Cultura, cultura, rumos da prosa...

Remixofagia – a cultura é de todos

Fonte: Autoria em Rede


O vídeo “Remixofagia – Alegorias de uma revolução” mostra em pouco mais de 15 minutos a riqueza e a potencialidade do trabalho que estava sendo feito pelo Ministério da Cultura no governo Lula, primeiro com Gilberto Gil e depois com Juca Ferreira. Gestões antenadas com as novas tecnologias de comunicação, ao mesmo tempo em que resgatavam o espírito antropofágico da cultura brasileira. O resultado: uma multidão de agentes culturais produzindo e trocando pelo vasto território nacional através dos Pontos de Cultura.

O vídeo pode ajudar a entender o que está por trás da disputa em torno da política do atual MinC, com Ana de Hollanda à frente, que privilegia a cultura como negócio produzido pelas indústrias cultural e criativa. Falam agora em levar cultura ao povo, defendem uma cultura de elite, profissional, em contraste com a cultura “amadora” gerada pelo próprio povo. São dois entendimentos opostos sobre o que é cultura e, acima de tudo, sobre o que um governo do Partido dos Trabalhadores, portanto de perfil popular e social, deva fazer nesse campo.

Vale ver e divulgar!




Remixofagia – Alegorias de uma revolução from FLi Multimídia on Vimeo.