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segunda-feira, 11 de março de 2013

MEU PRIMEIRO E-BOOK

por Samantha Maia
Fonte: Carta Capital



Há pouco mais de um ano, 70% dos brasileiros nunca tinham ouvido falar em livros digitais. A experiência com essa leitura, em geral de obras disponibilizadas em PDF gratuitamente na internet, era considerada uma opção de segunda linha, incapaz de superar o papel. O mercado digital muda, porém, de maneira veloz. A aposta recente das grandes empresas vendedoras de e-books no Brasil – Amazon, Apple e Google – e a movimentação das maiores redes de livrarias brasileiras – Livraria Cultura e Saraiva – para não ficarem atrás no negócio marcam a entrada de vez do novo produto no País. “É um caminho sem volta”, diz Hubert Alqueres, da Câmara Brasileira do Livro (CBL), representante das editoras.


A Apple iniciou as vendas de e-books brasileiros em outubro de 2012, por meio da iTunes. Em dezembro foi a vez do Google, com o Google play, e da Amazon, com seu site brasileiro. Alex Szapiro, vice-presidente do Kindle da Amazon do Brasil, conta que a empresa estudou o mercado durante um ano e meio. “Viemos pelo potencial brasileiro de ser um dos maiores mercados do mundo.” A Livraria Cultura e a Saraiva já comercializavam livros digitais desde 2010, mas o volume de obras disponíveis equivalia a 10% do que existe hoje.


O acervo continua pequeno comparado a mercados maduros. São 15 mil títulos em português, diante de 1 milhão de obras nos Estados Unidos, onde as vendas de e-books começaram nos primórdio dos anos 2000. No mercado de livro impresso, 58 mil títulos foram lançados apenas em 2011. Os investimentos das editoras para a conversão dos arquivos devem, no entanto, impulsionar rapidamente o número de obras brasileiras disponíveis em formato digital.


Uma novidade importante foi o governo federal publicar, há duas semanas, um edital para a compra de 80 milhões de livros digitais didáticos, com entrega prevista a partir de 2015. A iniciativa casa com a aquisição recente de 600 mil tablets para professores. Pelo fato de 30% do faturamento do setor editorial brasileiro vir de encomendas governamentais, a primeira compra pública de e-books é um passo decisivo para organizar esse mercado e derrubar o custo de produção.


A difusão dos tablets e dos smartphones no Brasil foi importante para aumentar a atratividade dos e-books com o ganho da mobilidade. Em 2012, cerca de 3 milhões de tablets foram vendidos no País. O livro eletrônico tem, porém, um instrumento próprio que ainda não é comum entre os brasileiros: o e-reader, ou leitor digital. São aparelhos leves, com menos de 200 gramas, dimensão em média de 6 polegadas e tela sem brilho, que cansa menos a vista. Custam de 300 a 400 reais, têm memória para armazenar mais de mil livros e bateria que dura até 30 dias. É em torno de tais dispositivos que está centrada a disputa no mercado local. Mais do que nos preços, hoje em média 30% mais baixos que os livros convencionais, e no acervo, ainda com pouca diferença -entre os concorrentes.


Há cinco anos, a americana Amazon lançou o Kindle, por meio do qual é possível comprar, baixar e ler os livros digitais adquiridos em seu site. A multinacional trabalha com um formato de arquivo de e-books próprio, o KF8, diferente do resto do mercado, que usa o Epub. Com a aproximação da Amazon do território brasileiro, as demais varejistas ligaram um sinal de alerta, e a Livraria Cultura correu para divulgar a parceria com a Kobo, fabricante japonesa de e-readers. A venda de dois tipos de dispositivos nas lojas da Cultura foi iniciada na quarta-feira 23. Todo o cuidado é tomado porque quem comprar um Kindle não vai consumir livros da Livraria Cultura e da Saraiva, por exemplo, pois o dispositivo não lê o formato Epub. Os dois formatos podem, no entanto, ser abertos em computadores, tablets e smartphones, via programas ou aplicativos próprios.


“Não olhamos o nosso modelo de negócio como aberto ou fechado. Você compra um título na Amazon e pode lê-lo em múltiplas plataformas: no PC, no Mac, no iPhone, no iPad, no Android. É só baixar os nossos aplicativos Kindle”, defende Szapiro. Arquivos em PDF também podem ser lidos no dispositivo da Amazon.
Onde o e-reader caiu no gosto dos consumidores, registra-se, a Amazon abocanhou fatias consideráveis das vendas com o seu Kindle. Na dúvida sobre o melhor aparelho, e a considerar a limitação das diferenças de formatos, clientes se perguntam a que -conteúdo poderão ter acesso a partir de cada um. Apesar de as empresas afirmarem que a busca por títulos exclusivos deve ser estratégica, seus catálogos, por enquanto, oferecem em grande parte best sellers e obras tradicionais.


A parceria com o Kobo trouxe um catálogo de 1 milhão de títulos para a Cultura, mas apenas 15 mil nacionais. A expectativa de Sergio Herz, presidente-executivo da empresa, é de que as vendas de e-books dobrem em 2013 e impulsione os lançamentos das editoras. “É um mercado em transição, estamos aprendendo ainda com ele. Consideramos o catálogo atual bom e está crescendo.” A Amazon tem 13 mil livros nacionais e a Saraiva, 15 mil. “Conseguimos acrescentar 350 títulos ao nosso catálogo apenas em janeiro”, diz Marcilio Pousada, diretor-presidente da Saraiva.


As livrarias menores, perto de 3,5 mil no País, são desafiadas a adaptar-se ao novo cenário, mas ainda não encontraram uma maneira de competir com as grandes redes. Uma estratégia deve ser definida até o fim do ano. A Associação Nacional das Livrarias (ANL) chegou a apresentar um pedido ao governo de proteção ao setor. A carta aberta traz sugestões como o estabelecimento de um intervalo de 120 dias entre o lançamento de livros impressos e os digitais, o desconto máximo de 30% do e-book sobre o preço do impresso, no caso das livrarias, ou de 5% no caso de venda direta da editora ou distribuidora. “Somos importantes para manter a bibliodiversidade, um papel que tem de ser mantido no mercado digital”, diz Ednilson Xavier, presidente da ANL.


Os escritores, por sua vez, esperam conseguir vender mais e obter maior participação nas vendas. No livro impresso, os contratos garantem de 10% a 12% do preço de capa para o autor, e no caso de e-books, o repasse tem sido de 40% a 45%. “Esperamos conseguir uma participação de 70% a 80%, pois os livros digitais são mais baratos para as editoras”, diz Joaquim Maria Botelho, presidente da União Brasileira dos Escritores (UBE). Segundo as editoras, não existe regra para esse porcentual. “A queda de custos pode, sim, beneficiar os escritores, mas isso depende de cada contrato”, diz Alqueres, da CBL

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Tecnologia na escola

As 12 tendências da educação brasileira até 2017


Laboratórios móveis, redes, inteligências colaborativas, geolocalização, aprendizado baseado em jogos, conteúdo aberto. Achou essa lista futurista demais para ser usado em escala nas escolas do Brasil, públicas e privadas? Talvez ela não seja tão inalcançável assim. O sistema Firjan reuniu um grupo de 30 especialistas para analisar o estado do uso da tecnologia em práticas no país e fez prognósticos sobre quais ferramentas já estarão sendo usadas em escala em um horizonte de até cinco anos.

O estudo “As Perspectivas Tecnológicas para o Ensino Fundamental e Médio Brasileiro de 2012 a 2017: Uma Análise Regional do NMC Report”, divulgado nesta semana, identifica 12 tecnologias emergentes que têm potencial para impactar o ensino, além das dez principais tendências e os dez maiores desafios da educação brasileira.
 
olly / FotoliaAs 12 tecnologias que devem invadir as salas de aula até 2017
  Entre as 12 tecnologias apresentadas, quatro foram apontadas entre as que devem começar a fazer parte massivamente das salas de aula em menos de um ano: ambientes colaborativos, aprendizagem baseada em jogos e os dispositivos móveis representados por celulares e tablets; outras quatro estavam entre as que devem começar a ter seu uso mais frequente em dois ou três anos: redes, geolocalização, aplicativos móveis e conteúdo aberto; e mais quatro foram podem ser esperadas em um período de quatro ou cinco anos: inteligência coletiva, laboratórios móveis, ambiente pessoal de aprendizagem e aplicações semânticas. (Alguns desses termos podem ainda não estar claros, por isso o Porvir preparou um infográfico explicativo, confira abaixo).

Os 30 membros do conselho deste projeto [...] perceberam as portas se abrindo nas escolas de educação básica no Brasil para modelos de aprendizado híbrido e colaborativo
Feito pela primeira vez no Brasil, o estudo insere um capítulo regional ao já tradicional Horizon Report, que anualmente faz previsões sobre o uso da tecnologia no universo educacional. O panorama global permitiu também comparações entre o contexto brasileiro e o internacional. Bruno Gomes, assessor de tecnologias educacionais do Sistema Firjan e participante tanto da pesquisa global quanto da nacional, ressalta alguns pontos em que nós nos distanciamos muito do mundo. “No Brasil, a gente já consegue ver o hardware, as coisas físicas em sala de aula, como o celular e o tablet. Mas falta a internet, então tudo que é feito na nuvem ou depende de uma rede boa e estabilizada vem depois”, diz.

Por isso, enquanto nos países ibero-americanos e na pesquisa global a computação em nuvem é uma realidade esperada em um ano, os especialistas brasileiros nem sequer apostaram nela para um panorama de até cinco anos. “Outra curiosidade é que, conteúdo livre, que já está acontecendo no mundo, ainda não vai acontecer no Brasil neste ano. O brasileiro ainda é apegado à autoria”, acrescenta Gomes.

Apesar das diferenças, alguns pontos são comuns em todas as partes do mundo, principalmente no que diz respeito aos desafios encontrados. “Formação de professores é um problema para o mundo”, ressalta Gomes. No relatório divulgado durante o evento Conecta 2012, que terminou hoje, os especialistas destacam também outra relevante coincidência entre o que esperam ver no Brasil e o que está posto no mundo. “Os 30 membros do conselho deste projeto concordaram com o conselho global em relação à tendência mais importante. Eles perceberam as portas se abrindo nas escolas de educação básica no Brasil para modelos de aprendizado híbrido e colaborativo”, afirmam os autores do relatório.

Este post foi alterado às 15h03 de 26 de novembro de 2012.