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sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

Feliz ano novo!

Merendeiras da periferia de SP vão ao Senegal dividir experiências sobre alimentação escolar




Elas ganharam concurso da Prefeitura de São Paulo com um 'arroz colorido' e foram a Dacar mostrar o que fazem para a comunidade escolar local

Merendeiras Maria Aparecida e Claudia de Jesus Silva durante atividade em Dacar

Ainda é São Paulo capital, mas Parelheiros — a cerca de 40 quilômetros da praça da Sé — assemelha-se a uma cidade do interior. Em vez de prédios, congestionamento e poluição, o bairro tem vegetação nativa, nascentes e uma importante produção familiar de alimentos. Distante do centro e com poucas opções de transporte público, é também uma das regiões mais pobres da cidade, onde o rendimento médio mensal é de R$ 888,32 por pessoa, segundo dados do IBGE.


No coração de Parelheiros, no final da rua Cinco, sem saída, está a escola de onde saíram as vencedoras do concurso “Educação Além do Prato”, realizado pela Prefeitura de São Paulo, que premiou as melhores receitas apresentadas pelas escolas da rede municipal. Juntas, a merendeira Maria Aparecida Gomes Martins e a professora Sonia Maruso Ribeiro cruzaram o Atlântico para apresentar, a convite da ONU, a receita vencedora de arroz colorido (veja a receita no fina da reportagem) em Dacar, capital do Senegal, durante o Encontro Regional da África Ocidental sobre Segurança Alimentar.

A ideia do concurso surgiu no DAE (Departamento de Alimentação Escolar) como uma tentativa de aproximar a comunidade escolar do debate em torno da necessidade de uma alimentação saudável. No total, 292 escolas — desde creches até EJAs (Educação de Jovens e Adultos) e escolas indígenas — participaram da disputa e foram oferecidos três níveis de premiação: viagem ao Senegal (1º lugar), viagem a Brasília (2º lugar) e jantar em um renomado restaurante de comida brasileira (3º lugar).

Prêmio outorgado às escolas vencedoras| Foto: Vanessa Martina Silva
Prêmio outorgado às escolas vencedoras
Foto: Vanessa Martina Silva


Além de Maria Aparecida e Sonia da Emei (Escola Municipal de Educação Infantil) Recanto Campo Belo - Professora Dirce Zillesg Borges, as vencedoras do CEI (Centro de Educação Infantil) Penha Bom Jesus — a merendeira Claudia de Jesus Silva e a pedagoga pós-graduada em educação infantil e cultura Vivian Brandão Polli — também participaram da viagem a Dacar.

No que se refere à alimentação escolar, o Brasil é uma referência mundial, sobretudo no continente africano, que está buscando implementar modelos para melhorar a oferta de alimentos. Por essa razão, a ONU convidou as vencedoras do programa para expor suas experiências para ministros de Educação de 27 países da África Ocidental reunidos em Dacar entre 8 e 12 de junho.

Sobre a apresentação, Maria Aparecida lembra que foi uma experiência "muito boa". "Ouvimos muita coisa e a nossa apresentação… alguns choraram quando falamos que aqui as crianças fazem três refeições por dia. Lá eles comem uma ou duas vezes só."

Já Sonia ressalta que “alguns países já têm políticas públicas formuladas e estão implantando a alimentação escolar. Outros ainda dão um voucher para que as famílias comprem alimentos. Com nossa experiência, procuramos dar esperança e eles já começaram a se organizar em rede. Isso é importante”.


Reprodução/Youtube

Crianças participaram de oficinas culinárias, confecção de jogos e conscientização para evitar desperdício de alimentos


Após o evento, em 12 de junho, 21 países aprovaram a criação de uma Rede Africana de Alimentação Escolar, cujo objetivo é estimular e aprimorar as políticas de alimentação escolar e o aumento do orçamento dos países destinados a esse fim.

Senegal
Participar do projeto foi fácil. Difícil foi convencer Maria Aparecida, que trabalha há 12 anos na Emei Recanto Campo Belo, a receber o prêmio. "Eu não queria ir. Era longe e eu estava morrendo de medo, nunca tinha andado de avião”, conta. Mas, o incentivo das outras merendeiras, das professoras e direção da escola a fez mudar de ideia.


WFP/Mariana Rocha

Em Senegal, mães se revezam durante a semana para preparar a alimentação das crianças



Para a pedagoga, especialista em educação infantil e pós-graduada em docência superior Sonia, a questão não era o avião, nem o medo da viagem, mas o ceticismo. “Só caiu a ficha que eu iria no dia que eu estava no aeroporto. Até então era algo que eu não conseguia sentir”, disse.





WFP/Mariana Rocha

Delegação brasileira conheceu a escola primária de Oudiour, localizada a cerca de 160 km de Dacar, no Departamento de Gossas



Questionada sobre o que mais chamou sua atenção na viagem, Sonia diz que foi a aridez do ambiente e a falta de natureza. “Eu vi somente uma flor, a primavera, na ilha de Gorée, e apenas uma árvore verde. Dentro da escola tinha uma imensa árvore e as conversas aconteceram embaixo dela”.

O bate-papo ficou na memória, conta. A experiência da escola de Parelheiros, que há anos mantém, com o auxílio de professores e alunos, uma horta nas dependências do prédio, inspirou a comunidade local. Mas, as dificuldades que enfrentam são muitas, afirma Sonia. “O prefeito de Oudiour disse: ‘eu tenho uma escola; tenho um espaço de três hectares; tenho um poço; tenho uma bomba que vai a 20 metros e tenho água, que está a 100 metros. Eu não quero dinheiro, quero uma bomba’. Até hoje a gente se comunica por WhatsApp [com as outras colegas que também viajaram] e se pergunta: ‘e a bomba?’”, conta.


Vanessa Martina Silva

Morango, alface e couve são algumas das produções da horta da Emei Recanto Belo



Esperança
“Foi uma experiência que marcou a minha vida. Entrou uma Sonia no avião e saiu outra”, avalia a professora. “Tem questões que vieram comigo para o Brasil, que me tiram o sono. Temos uma riqueza muito grande que não aproveitamos e até desperdiçamos. Então se eu colocar lado a lado Brasil e Senegal e olhar o desperdício, ele soa como uma afronta”.

Depois de tudo o que viu e viveu, Sonia não considera que tenha recebido do programa uma premiação. “Eu não vejo como um prêmio, vejo como uma missão. Não sei se eu vou voltar para Senegal, mas eu gostaria de voltar e ver a horta da escola verdinha…”.

A mesma percepção é compartilhada por Maria Aparecida: “Não me arrependo. Se for para ir de novo, eu vou. Eu volto pra África”. E conclui, observando que “a gente reclama muito, mas no fundo somos ricos perto do que vimos lá. Na nossa escola às vezes falta uma salsinha e eu reclamo, mas lá o tempero é só pimenta. Aqui as crianças têm três refeições por dia, lá uma ou duas apenas”.



Receita Arroz Colorido

Maria Aparecida e o arroz colorido| Foto: WFP/Mariana Rocha
Maria Aparecida e o arroz colorido| 
Foto: WFP/Mariana Rocha

Ingredientes:
- 20 quilos de arroz cozido com óleo, temperado com alho, cebola e sal;
- 20 unidades de cenouras grandes cozidas na água e sal;
- 15 unidades de beterrabas médias cozidas na água e sal;
- 8 maços de couve ou espinafre aferventados na água e sal;
Para decorar:
- 2 quilos de tomate picado;
- 1 maço de salsinha picada para decorar;
Opcional:
- 10 unidades de ovos cozidos fatiados
Modo de preparo:
Dividir o arroz em três partes iguais. Passar separadamente as cenouras, as beterrabas e o espinafre cozidos na peneira ou no liquidificador. Após misturar a cenoura no arroz, reserve e faça este procedimento com os outros ingredientes. Depois monte em uma assadeira cada parte do arroz em camadas sobrepostas ou coloque-os em camadas conforme as cores, lado a lado. Decorar com tomate e salsinha picados e levar ao forno para gratinar. Se desejar, coloque fatias de ovos cozidos sobre a preparação final, para decorar.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Tecnologia na escola

As 12 tendências da educação brasileira até 2017


Laboratórios móveis, redes, inteligências colaborativas, geolocalização, aprendizado baseado em jogos, conteúdo aberto. Achou essa lista futurista demais para ser usado em escala nas escolas do Brasil, públicas e privadas? Talvez ela não seja tão inalcançável assim. O sistema Firjan reuniu um grupo de 30 especialistas para analisar o estado do uso da tecnologia em práticas no país e fez prognósticos sobre quais ferramentas já estarão sendo usadas em escala em um horizonte de até cinco anos.

O estudo “As Perspectivas Tecnológicas para o Ensino Fundamental e Médio Brasileiro de 2012 a 2017: Uma Análise Regional do NMC Report”, divulgado nesta semana, identifica 12 tecnologias emergentes que têm potencial para impactar o ensino, além das dez principais tendências e os dez maiores desafios da educação brasileira.
 
olly / FotoliaAs 12 tecnologias que devem invadir as salas de aula até 2017
  Entre as 12 tecnologias apresentadas, quatro foram apontadas entre as que devem começar a fazer parte massivamente das salas de aula em menos de um ano: ambientes colaborativos, aprendizagem baseada em jogos e os dispositivos móveis representados por celulares e tablets; outras quatro estavam entre as que devem começar a ter seu uso mais frequente em dois ou três anos: redes, geolocalização, aplicativos móveis e conteúdo aberto; e mais quatro foram podem ser esperadas em um período de quatro ou cinco anos: inteligência coletiva, laboratórios móveis, ambiente pessoal de aprendizagem e aplicações semânticas. (Alguns desses termos podem ainda não estar claros, por isso o Porvir preparou um infográfico explicativo, confira abaixo).

Os 30 membros do conselho deste projeto [...] perceberam as portas se abrindo nas escolas de educação básica no Brasil para modelos de aprendizado híbrido e colaborativo
Feito pela primeira vez no Brasil, o estudo insere um capítulo regional ao já tradicional Horizon Report, que anualmente faz previsões sobre o uso da tecnologia no universo educacional. O panorama global permitiu também comparações entre o contexto brasileiro e o internacional. Bruno Gomes, assessor de tecnologias educacionais do Sistema Firjan e participante tanto da pesquisa global quanto da nacional, ressalta alguns pontos em que nós nos distanciamos muito do mundo. “No Brasil, a gente já consegue ver o hardware, as coisas físicas em sala de aula, como o celular e o tablet. Mas falta a internet, então tudo que é feito na nuvem ou depende de uma rede boa e estabilizada vem depois”, diz.

Por isso, enquanto nos países ibero-americanos e na pesquisa global a computação em nuvem é uma realidade esperada em um ano, os especialistas brasileiros nem sequer apostaram nela para um panorama de até cinco anos. “Outra curiosidade é que, conteúdo livre, que já está acontecendo no mundo, ainda não vai acontecer no Brasil neste ano. O brasileiro ainda é apegado à autoria”, acrescenta Gomes.

Apesar das diferenças, alguns pontos são comuns em todas as partes do mundo, principalmente no que diz respeito aos desafios encontrados. “Formação de professores é um problema para o mundo”, ressalta Gomes. No relatório divulgado durante o evento Conecta 2012, que terminou hoje, os especialistas destacam também outra relevante coincidência entre o que esperam ver no Brasil e o que está posto no mundo. “Os 30 membros do conselho deste projeto concordaram com o conselho global em relação à tendência mais importante. Eles perceberam as portas se abrindo nas escolas de educação básica no Brasil para modelos de aprendizado híbrido e colaborativo”, afirmam os autores do relatório.

Este post foi alterado às 15h03 de 26 de novembro de 2012.