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quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Mídia Ninja

Boletim Carta Maior
Mídia| 06/08/2013 | Copyleft

Mídia Ninja: "tomar posição sem vestir o manto da falsa imparcialidade da grande mídia"

O ao vivo sem pós-produção da Mídia Ninja é capaz de despertar debates sem o aval da mesma mídia que está, hoje, enxugando suas redações e precarizando seus funcionários. Em entrevista à Carta Maior, os ninjas reclamam da falta de um marco regulatório da mídia e dizem que "a ausência de regulação dificulta o exercício da liberdade de expressão da população."

 
 
A simultânea crise e consolidação dos veículos tradicionais também recebe no seu seio mídias agora reconhecidas como alternativas. Com modo de expor particular: o fato tal como ele se dá e "se dando". O "ao vivo" sem pós-produção. O debate, então, é aberto obrigatoriamente sem aval da mesma grande mídia que está, hoje, enxugando suas redações e precarizando seus funcionários.

Desponta um grupo dentre estes que são conhecidos como meios alternativos de informação: o Ninja (Narrativas Independentes, Jornalismo e Ação). O grupo cedeu entrevista por e-mail à Carta Maior e nos contou sobre sua configuração e posição políticas.

A iniciativa fala de dar poder aos novos protagonistas da realidade brasileira, mas também o posicionamento do mercado e Estado traz questionamentos que deverão seguir no horizonte dessa mídia que mesmo incipiente tem seu importante papel. Aprofundar e efetivar a liberdade de expressão para além do capital passa a ser hoje uma das principais pautas da expansão da democracia.

Carta Maior: Quando se iniciaram as atividades do grupo? Quantas pessoas participam do grupo e como são coordenadas suas atividades?

Mídia Ninja: O Ninja surge a partir de um acúmulo de mais de 15 anos de produção midialivrista no Brasil, de experiências que vão desde os fanzines e da blogosfera ao Fora do Eixo, rede que está em mais de 200 cidade no país e vem desenvolvendo tecnologias de comunicação e produção de conteúdo há 7 anos. Nesse processo aproximou de si outras redes, coletivos, jornalistas e midialivristas que, juntos, deram início a um projeto que ao mesmo tempo conseguiu que se fortalecesse um veiculo independente, como também catalisar uma rede de comunicação autônoma que usufrui dos frutos e ferramentas desenvolvidas durante esse histórico.

Hoje ele é uma rede descentralizada de comunicadores que buscam novas possibilidades de produção e distribuição de informação. São milhares de pessoas usando a lógica colaborativa de compartilhamento que emerge da sociedade em rede como premissa e ferramenta. A iniciativa veio à tona há meses atrás, durante a cobertura do Fórum Mundial de Mídia Livre na Tunísia. Desde então, o Ninja vem realizando coberturas por todo Brasil, apresentando pautas e abordagens omitidas na mídia tradicional.

CM: Qual, na opinião de vocês, é a função das narrativas independentes? De que maneira vocês quiseram retratar os atos e protestos dos últimos dois meses?
MN: A função das narrativas independentes é dar poder a cada vez mais gente para contar histórias a partir do ponto de vista do que estão vivendo. Mais do que uma ferramenta, é uma noção que ajuda a dimensionar a comunicação como serviço de utilidade pública.

Além de comunicadores, somos ativistas também. Quando fomos fazer a cobertura da vinda do Papa ao Brasil por exemplo, direcionamos o nosso olhar para entender quem era contra a visita de Francisco, não contra a religião, mas que protestava pela ausência de um Estado laico.

Logo, as nossas coberturas sempre explicitarão aquilo que de fato estamos vendo e vivendo. Nós também tomamos bombas em protesto, dois de nós já foram presos apenas por estar exercendo o direito à comunicação. Quando fazemos a cobertura de um protesto indígena ou quilombola, estamos de fato envolvido com aquela pauta, não se ganha legitimidade com quem está nas ruas apenas com discurso, a nossa prática de mídia precisa estar com a frequência modulada com o espaço-tempo da nossa geração.

CM: O que pensam do Marco Regulatório da Mídia? Como vocês veem o problema da mídia no Brasil?

MN: A ausência de regulação dificulta o exercício da liberdade de expressão da população, e favorece a existência de oligopólios que tanto comprometem a pluralidade nos conteúdos que são veiculados quanto a independência nas pautas.

Outro ponto: a falta de um marco regulatório não condiz com o contexto político, que apresenta o empoderamento de uma nova geração de protagonistas. As possibilidades que temos com a tecnologia disponível hoje em dia e as possibilidades de democratização da produção de conteúdo também não são contempladas.

É dever do estado também promover a diversidade de opiniões. Uma lei contribuiria necessariamente para a não criminalização dos movimentos sociais, por exemplo. Além de garantir a diversidade e o direito de manifestação e liberdade de expressão, distribuindo de forma mais equânime e democrática o recurso público ou o espectro eletromagnético.

Da forma que está hoje, a Globo recebe uma porcentagem gigantesca das verbas de publicidade do governo e uma emissora como a Jovem Pan ocupa uma faixa de espectro equivalente a de centenas de rádios comunitárias.

CM: De que maneira vocês se colocam no debate político hoje?

MN: A mídia livre é um ato político, e todo ato precede necessariamente de um debate. Tomar uma posição diante do que estamos cobrindo sem vestir o manto da falsa imparcialidade da grande mídia já é uma forma de se colocar.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Comunicação e expressão: a questão está posta em toda parte!

The National Conference for Media Reform is dedicated to changing the media and building a better democracy. The conference will be held in Denver on April 5–7, 2013.

We’ll tackle lots of big questions in Denver. Will innovation and creativity flourish online, or will corporations lock the Internet down? How will the next generation of journalists redefine what it means to report the news? Will communities have access to the technologies they need to solve the problems they face? How can we take on big companies and corrupted policymakers — and win?
Our conference brings together some of the nation’s best thinkers, activists and media makers because we believe that building a better world begins with people connecting to each other in person.



***

China: jornalista conta como funciona a censura à mídia no país

No início de janeiro, a redação do "Semanário do Sul", publicado em Guangdong, China, declarou greve contra a censura prévia praticada pelas autoridades da província na edição especial de Ano Novo. A ação levou um amplo movimento de solidariedade de muitos outros veículos de imprensa chineses. Neste artigo, publicado no portal Esquerda.net, Qian Gang, jornalista que trabalhou no semanário, descreve as práticas de censura que o PCC pratica sobre a imprensa do país e nesse caso específico.

 
 



Numa palestra que dei há mais de um mês na Universidade de Hong Kong, sugeri modestamente que os dois primeiros passos para a reforma política na China poderiam ser: um tratamento mais tolerante para com os meios de comunicação e um maior respeito aos direitos da população chinesa. No debate que se seguiu, várias pessoas criticaram a falta de ambição desta perspetiva. "Não deveríamos ir mais longe?", perguntaram. No entanto, na última semana vimos como até estes "tímidos" desejos se chocaram com uma forte resistência na China. E nunca eu tinha imaginado que a primeira prova, o primeiro episódio importante do ano 2013 na China, em matéria de meios de comunicação, aconteceria no jornal em que eu trabalhei, o Semanário do Sul (Nanfang Zhoumo).

O conflito, agora denominado "incidente da saudação de Ano Novo do Semanário do Sul", começou com a brutal intromissão das autoridades de propaganda da província de Guangdong nos preparativos da edição de Ano Novo do jornal. Na reação que provocou, foi criticada a censura. A quem deseje compreender melhor o incidente do Semanário do Sul, recomendo em particular dois artigos. O primeiro, "Denúncia da exclusão dos veículos de imprensa pelo Partido", é obra do ex-redator-chefe do Diário Metropolitano do Sul, Cheng Yizhong. O segundo, "Quem reviu a saudação de Ano Novo do Semanário do Sul", foi escrito por Zeng Li. Este trabalhava, na realidade, no Semanário do Sul como revisor de conteúdos, e no meio da crise publicou um artigo num blogue no qual desmentiu rotundamente os rumores de que os chefes de propaganda provinciais não tinham sido responsáveis pelo conflito no Semanário do Sul. Zeng apresentou provas concludentes da existência da censura.

Para ser preciso, a China não tem (ou normalmente não tem tido) o tipo de censura sobre o material impresso que foi prática comum no tempo do Kuomintang. Com Mao Zedong, a mensagem da imprensa estava totalmente unificada. Na era de Deng Xiaoping, falou-se de reforma, e um vice-ministro da propaganda chegou a dizer então que "o que os jornais publicam ou não publicam é algo que deveria ser decidido pelos próprios jornais". Depois do massacre de 4 de junho de 1989 na praça Tiananmen, no entanto, os meios de comunicação voltaram a estar submetidos a um estrito controle. Durante o mandato de Jiang Zemin, os controles diários dos média eram exercidos sobretudo na forma de "ordens e proibições prévias" e "castigos a posteriori".

Proibição e castigo
Quando trabalhei como subchefe de redação no Semanário do Sul, de 1998 a 2001, vi numerosas "ordens e proibições" e vários exemplos de "castigo". As primeiras delimitam e restringem basicamente o trabalho antes da publicação; estabelecem o que se pode e não se pode informar e como deve fazê-lo. Talvez também indiquem o que tem de ser informado. O castigo costuma ser imposto pelo "grupo de comentário de notícias" do Departamento de Propaganda, que rastreia o conteúdo da mídia, chamando à ordem quando se descobrem "problemas" retrospectivamente. No tempo em que estive no Semanário do Sul, recebíamos regularmente uns dez ou mais "comentários de notícias" por ano do Departamento Central de Propaganda. Cada vez que isso ocorria, os diretores superiores - os da nossa matriz, que edita o Diário do Sul - sofriam palpitações de ansiedade. Quando chegava um desses comentários, pressionavam-nos a discutir a questão. Nos reuníamos e decidíamos se tínhamos que fazer autocrítica ou se era preciso adotar outra medida disciplinar.

O meu destino, isto é, a minha demissão como um dos principais redatores do jornal foi traçada quando acumulei um bom número desses "comentários de notícias". Um artigo polêmico foi a gota que fez transbordar o copo, e assim chegou a minha vez de sair para não voltar. No passado, o Semanário do Sul gozava da proteção da direção do partido da província de Guangdong, mas durante os anos em que trabalhei na redação, a situação foi piorando progressivamente.

A censura prévia sai da jaula
Como assinalou Cheng Yizhong, em finais do mandato de Jiang Zemin, as ordens e proibições do Departamento de Propaganda chegavam clandestinamente: deixaram de ser emitidas por escrito. A partir de 2005, estreitaram-se os controles. Depois da criação, no começo da década de 1990, do Grupo de Comentários de Notícias, o Departamento Central de Propaganda estabeleceu um "sistema de revisão de conteúdos", incorporando os seus "revisores" (shenduyuan) nas redações dos veículos considerados estratégicos. Estes revisores praticariam a censura prévia do conteúdo. Ao mesmo tempo, uma série de funcionários de propaganda fiéis ao Partido foram nomeados redatores-chefes com a missão de tomar precauções estritas.

Tal como as coisas evoluíram, numa situação em que o mínimo deslize se confundia com um ato hostil, a atitude dos veículos considerados mais críticos pelos funcionários de propaganda era de maior temor. O Departamento Central de Propaganda tornou-se muito mais intervencionista, desenvolvendo o seu poder perante publicações como o Semanário do Sul. Zeng Li, o revisor destinado ao Semanário do Sul, revelou que desde maio de 2012, quando Tuo Zhen foi nomeado responsável pela Propaganda de Guangdong, o controle e a supervisão da imprensa da província atingiram proporções nunca vistas anteriormente. O tema de cada número do semanário devia ser comunicado ao departamento provincial de propaganda, e os editores não podiam trabalhar nele até que fosse aprovado.

Todas as reportagens importantes e os editoriais tinham que ser submetidos à revisão por parte do Departamento de Propaganda antes de poderem serem publicados. Inclusive houve um caso em que a notificação da exclusão de um artigo não chegou até ao jornal ter entrado na impressora, de maneira que foi preciso destruir centenas de milhares de exemplares impressos (outro companheiro do Semanário do Sul diz que em 2012 houve quatro casos de artigos que tinham sido censurados depois da edição ter entrado nas máquinas).

Os cinco cortes
De fato, o processo de edição do número especial de Ano Novo de 2013 do Semanário do Sul é um exemplo vivo da censura de notícias na China atual. No meio da tormenta, o Comitê de Ética Profissional do semanário publicou uma versão do processo interno em que apresenta uma imagem fiel da brutal intromissão da censura de notícias. Ao ter colaborado na edição de Ano Novo, compreendo como ela é importante para a imagem de marca do Semanário do Sul. Os leitores e leitoras esperam a edição com interesse, e o processo de elaboração é laborioso e preciso, especialmente quando tudo o que se faz é analisado à lupa.

Os preparativos para esta edição começaram no início de dezembro. O tema acordado no início era "atravessar o rio", em alusão, certamente, à famosa expressão de Deng Xiaoping sobre o processo de reforma como um ato de "atravessar o rio passando por cima das pedras". A redação comunicou o tema proposto ao redator-chefe do jornal, Huang Can, que respondeu em meados do mês assinalando que a edição se centraria na ideia "O sonho da China". Uma decisão para, acima de tudo, apaziguar os dirigentes do Departamento de Propaganda. A 23 de dezembro, a redação entregou a Huang Can um projeto escrito do número especial, e no dia seguinte o redator-chefe apresentou o plano à autoridade provincial de propaganda. Convém destacar que essa foi a primeira vez na história do jornal que a edição especial de Ano Novo se submeteu à censura prévia. Efetivamente, esta censura prévia do Semanário do Sul comportou o que denominamos os "cinco cortes", a saber:

Primeiro corte: Muitos dos temas propostos foram recusados. A 26 de dezembro chegou a primeira indicação do departamento provincial de propaganda, referente à seção "gente". Tinha que se eliminar muitos perfis que se tinham planejado sob certas pessoas.

Segundo corte: A Saudação de Ano Novo da edição especial foi entregue duas vezes às autoridades de propaganda para revisão. O título original da saudação do Semanário do Sul era "O sonho da China, o sonho do constitucionalismo". Huang Can não estava contente com o editorial, de modo que introduziu mudanças e depois remeteu-o às autoridades. O ato seguinte foi a ordem dada ao jornal para que elaborasse outro projeto, que voltou a ser submetido a revisão. O projeto apresentado a 31 de dezembro ficou reduzido a mil palavras, e o título era "Estamos mais perto que nunca do nosso sonho".

Terceiro corte: Praticaram-se importantes cortes no conteúdo das páginas interiores. Na noite de 31 de dezembro, quando já se terminava a produção do número especial, Huang Can transmitiu novas indicações do departamento de propaganda para os editores do jornal. Foi eliminada uma página inteira. Mais tarde chegou outra ordem de suprimir mais dois artigos. Os editores não tiveram outro remédio que trabalhar mais duas horas para deixar pronta a edição.

Quarto corte: Houve uma tentativa de substituir toda a manchete do número especial. Quando os editores estavam a maquetar a página, Huang Can tirou uma foto da manchete com o seu celular e enviou-a ao departamento de propaganda. Nas primeiras horas de 1º de janeiro de 2013, Huang Can informou de repente aos editores sobre a última "opinião" da autoridade de propaganda. Esta considerava que a ilustração da manchete sobre a história de "Yu, o Grande, domando as águas" era demasiado escura e podia ser mal interpretada, disseram. Tinha que ser substituída pela fotografia de um porta-aviões. Além disso, na manchete não deviam figurar as palavras "O sonho da China, um sonho vislumbrado através da adversidade". Ao conhecer estas instruções, o estado de ânimo dos editores afundou-se. A hora limite para aprovar as provas de imprensa tinha passado há muito e era praticamente impossível introduzir mudanças substanciais. Após algum debate, acordaram em manter a ilustração e mudar o título para "Os sonhos da pátria".

Quinto corte: Este foi o último corte e o mais grave, e deu-se após a conclusão todo o processo de produção. Cerca de três horas da madrugada do dia 1º de janeiro, quando o trabalho tinha chegado ao fim, os editores responsáveis pelo número especial deram a aprovação às páginas. O subchefe de redação foi o último a assinar antes do envio das provas para impressão. Os editores desligaram então os seus celulares e foram para casa. Ao amanhecer, o chefe e o subchefe de redação foram convocados pelo departamento de propaganda, que lhes ordenou que introduzissem novas mudanças no jornal. O problema estava na manchete e na saudação anual. A autoridade provincial de propaganda disse que tinha que se incluir umas observações introdutórias na manchete. Estas palavras foram atribuídas ao chefe de propaganda de Guangdong, Tuo Zhen, quando o incidente chegou às redes sociais chinesas.

Partindo do que sabemos agora, tudo indica que as observações introdutórias foram ditadas de viva-voz pelo vice-ministro de Propaganda, Yang Jian, e transcritas pelo subchefe de redação antes de voltar a enviá-las por SMS para aprovação definitiva. A versão final destas observações foi reenviada então pela autoridade de propaganda para inclusão na publicação. Ainda não está claro quem exatamente deu o último toque ao texto, que continha alguns erros de vulto, como por exemplo ao referir o episódio histórico de Yu o Grande domando as águas e dizer que ocorreu há 2.000 anos. Na realidade, Yu o Grande viveu entre 2200 e 2100 a.C., ou seja, há mais de 4.000 anos.

Ainda insatisfeita, a autoridade também voltou a algumas passagens da saudação de Ano Novo (que, recordemos, já tinha sido censurada três vezes). Era preciso suprimir várias linhas e acrescentar cerca de 100 palavras novas. Uma vítima dessa versão final foi a última referência à palavra "constitucionalismo", a ideia chave do projeto original. Os novos itens da saudação incluíam frases tomadas diretamente do relatório político ao recente XVIII Congresso Nacional do Partido: "Confiamos na nossa teoria, confiamos no nosso rumo e confiamos no nosso sistema". Na noite de 1º de janeiro, a autoridade provincial de propaganda ordenou que se mudasse o título da edição especial pela expressão "Em busca de sonhos". Já que a equipa de edição estava fora de serviço, foram o chefe e o subchefe de redação quem tiveram que ir à gráfica para executar as últimas instruções.

Peço aos meus companheiros jornalistas chineses que me digam, após ler este relato, se alguma vez conheceram um processo de edição como este. Conheço perfeitamente os mecanismos de controle dos meios de comunicação na China, mas este caso parece-me incrível. Há algo que esta censura não toque? Não: os esboços de conteúdo, os temas gerais e concretos, os rascunhos, as fotos, tudo, absolutamente tudo tem de estar ao serviço dos objetivos do Departamento de Propaganda. E os jornalistas e editores do jornal são pouco mais que serventes que estão ali para receber ordens. O pessoal do Semanário do Sul teve de trabalhar até ao esgotamento, dia após dia, não para criar o melhor número possível do jornal, mas para satisfazer os obscuros caprichos dos funcionários do Departamento de Propaganda. Estes controles são como um pesadelo que continua dia após dia, mês após mês.

O Semanário do Sul é um produto comercial, ainda que, antes de tudo, seja um produto de tipo especial. É editado por uma empresa que opera comercialmente e cujo proprietário, em última instância, é o Partido Comunista da China. No entanto, a China conta já hoje com um "sistema empresarial moderno". Olhemos para as empresas estatais de hoje: podem os dirigentes do Partido manejar a seu desejo os diretores dessas empresas? Podem meter os narizes e mexer no seu funcionamento? Certamente que não. Mas estes sintomas crônicos da economia planificada continuam a estar muito vivos no sistema atual de comunicação e propaganda.

O primeiro "não"
O incidente do Semanário do Sul é importante, antes de tudo, porque dá a conhecer publicamente o que tem ocorrido nos bastidores. Ao longo de vários anos, o controle da mídia foi tornando muito mais rigoroso. Os métodos da censura prévia tem sido empregados descaradamente nos bastidores. Nos últimos anos, os leitores assíduos do semanário terão notado que este se tornou menos contundente e menos crítico, que não tratou muitos acontecimentos importantes. A proliferação do jargão oficial e do palavreado oco não terão passado despercebidos. Li Haipeng, antigo jornalista do Semanário do Sul, escreveu recentemente na rede social chinesa: "Comecei a trabalhar no Semanário do Sul em 2002 e fui embora em 2009. Vi com os meus próprios olhos que não houve nem um dia em que o jornal não tivesse que lutar sob um controle férreo. Era como uma árvore que perdia um ramo num dia e outro no dia seguinte..."

As leitoras e leitores do Semanário do Sul não podiam saber quanta verdade tinha ficado sepultada sob o peso da censura prévia, quantas faíscas tinham sido apagadas. Os jornalistas sofreram durante muito tempo, mas desta vez já não podiam aguentar. As suas reivindicações eram concretas: queriam que se anulasse a censura prévia e que os editores voltassem a ter autonomia. Talvez agora, após esta batalha contra a censura, os responsáveis pelo Departamento de Propaganda sejam mais cuidadosos. Mas o caminho para a liberdade de expressão, tal como está consagrada no artigo 35º da Constituição Chinesa, será longo. As ordens e proibições continuarão, e o castigo continuará à espera de quem pise fora da linha.

Mas podemos dizer que as coisas começaram a se mexer. Pela primeira vez, a palavra "Não" soou no sistema de meios de comunicação da China. O jogo de interesses contrapostos que temos visto nesta semana não tem paralelo no passado. A minha esperança é que os dirigentes da China tenham a sabedoria de distinguir entre os que desejam e apoiam uma nova abordagem do governo e aqueles cujos atos vergonhosos não geram mais do que raiva e desconfiança. Chegou o momento dos meios de comunicação gozarem de mais tolerância. Chegou o momento de haver mais respeito aos direitos das pessoas. Em matéria de reforma política, já não podemos esperar mais tempo.

*Artigo de Qian Gang, publicado no China Media Project em 11 de janeiro de 2013, traduzido para espanhol por Viento Sur. Tradução de Carlos Santos para esquerda.netwww.esquerda.net

segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Adeus, ano velho. Feliz ano novo?

Comunicação 2012, um balanço: não foi fácil, e nunca será

Como fazer que uma população majoritariamente feliz se dê conta de que seu direito fundamental à liberdade de expressão está sendo exercido apenas por uns poucos oligopólios que defendem os seus (deles) interesses como se fossem o interesse publico? Mais ainda: como esperar que um governo em lua-de-mel com a “opinião pública” corra o risco de enfrentar o enorme poder simbólico de oligopólios de mídia, capaz de destruir reputações públicas construídas ao longo de uma vida inteira em apenas alguns segundos? O artigo é de Venício Lima.

Venício Lima (*) 
Observatório da Imprensa

Não há como ignorar certa monotonia nos balanços de fim de ano do setor de comunicações. Sem muito esforço, um observador atento constatará que:

1. Os atores e interesses que interferem, de facto, na disputa pela formulação das políticas públicas são poucos: governo, empresários de mídia (inclusive operadores de telefonia e fabricantes de equipamento eletroeletrônico) e parlamentares.

Há que se mencionar ainda o Judiciário que, por meio de sua mais alta corte, o Supremo Tribunal Federal (STF), tem interpretado a Constituição de 1988 de maneira a legitimar uma inusitada hierarquia de direitos em que prevalece a liberdade da imprensa sobre a liberdade de expressão e os direitos de defesa e proteção do cidadão (acórdão da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental – ADPF – nº 130, de 2009).

Aguarda decisão, por exemplo, a Ação Direta de Inconstitucionalidade – ADI nº 2404 na qual os empresários de radiodifusão, usando a sigla do PTB e representados pelo ex-ministro Eros Grau, pedem a impugnação do artigo 254 do Estatuto da Criança e do Adolescente – vale dizer, questionam a política pública definida pelas portarias 1220/2006 e 1000/2007 do Ministério da Justiça que estabeleceram as normas para Classificação Indicativa de programas de rádio e televisão.

Não me esqueci da chamada “sociedade civil organizada” – movimentos sociais, partidos, sindicatos, ONGs, entidades civis, dentre outros. Todavia, como sua interferência continua apenas periférica no jogo político real, prefiro tratá-la como um não-ator.

2. Alguns atores ocupam posições superpostas, por exemplo: ministro das Comunicações e/ou parlamentar (poder concedente) é, simultaneamente, empresário de mídia (concessionário de radiodifusão); e,

3. As principais regras e normas legais são mantidas ou se reproduzem, ao longo do tempo, mesmo quando há – como tem havido – um processo de radicais mudanças tecnológicas.

Essa realidade pode ser verificada, em seus eixos principais, pelo menos desde a articulação que levou à derrubada dos 52 vetos do então presidente João Goulart ao Código Brasileiro de Telecomunicações – CBT (Lei 4.117/1962) e que deu origem à criação da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), 50 anos atrás. Depois disso, no que se refere às concessões do serviço de radiodifusão, mais ou menos a cada dez anos as regras se consolidam: primeiro na Lei 5.785/1972; depois no Decreto 88.066/1983 e na Constituição de 1988 e, mais recentemente, no Decreto 7670/2012.

O resultado é que, ano após ano, permanece praticamente inalterada a supremacia de determinados grupos e de seus interesses na condução da politica pública de comunicações.

Creio que as políticas de radiodifusão no Brasil constituem um exemplo daquilo que, em Ciência Política, os institucionalistas históricos chamam de “dependência de trajetória” (path dependency), isto é, “uma vez iniciada uma determinada política, os custos para revertê-la são aumentados. (...) As barreiras de certos arranjos institucionais obstruirão uma reversão fácil da escolha inicial” (Levi).

O eventual leitor(a) poderá constatar esta “dependência de trajetória” nos balanços que tenho publicado neste Observatório desde 2004 (ver “Adeus às ilusões“, “Balanço de muitos recuos e alguns avanços“, “Notas de um balanço pouco animador“, “Balanço provisório de um semestre inusitado“, “Mais recuos do que avanços“ “Algumas novidades e poucos progressos“, “O que se pode esperar para 2009? (1)“, “O que se pode esperar para 2009? (final)“, “Por que a mídia não se autoavalia?“ e “Os avanços de 2011“).

2011 versus 2012
No fim de 2011, escolhi fazer um breve “balanço seletivo” registrando fatos que poderiam ser considerados como avanços no sentido da democratização da comunicação (ver “Os avanços de 2011“). Um ano depois, muito do que se esperava que acontecesse no curto prazo, de fato, não se concretizou. Exemplos:

(a)o marco civil da internet não foi votado pelo Congresso Nacional;

(b)o esperado crescimento e fortalecimento dos movimentos em prol da criação dos conselhos estaduais de comunicação social em vários estados da Federação não ocorreu: o movimento prossegue em Brasília; o conselho da Bahia foi instalado, mas funciona precariamente; e o projeto no Rio Grande do Sul ainda não foi encaminhado à Assembleia Legislativa; e,

(c)a Frente Parlamentar pela Liberdade de Expressão e o Direito a Comunicação com Participação Popular (Frentecom), que havia sido criada em abril e da qual se esperava um papel relevante no encaminhamento de questões relativas às comunicações na Câmara dos Deputados, apesar do esforço de vários de seus integrantes tem sido ignorada pela direção da Casa.

Por outro lado, 2012 poderá ser lembrado por alguns acontecimentos protagonizados direta ou indiretamente pela grande mídia, no Brasil e no exterior.

Inglaterra e Argentina
O primeiro registro há de ser para Inquérito Leveson (The Leveson Inquiry) cujo relatório final foi apresentado em novembro. Nele está uma descrição/diagnóstico de práticas “jornalísticas” que, infelizmente, não ocorrem apenas na Inglaterra. Há também um conjunto de propostas de ações institucionais para evitar o desvirtuamento completo da liberdade da imprensa, inclusive a criação de uma instância reguladora autônoma, tanto em relação ao governo quanto aos empresários de mídia. Independente dos resultados concretos, o relatório Leveson deveria ser lido e discutido entre nós (ver, neste Observatório, “Um documento com lugar na história“, “Areopagítica, 368 anos depois“ e “O vespeiro do controle externo“).

O segundo registro é a batalha judicial que ocorre na Argentina entre o governo e o Grupo Clarín. Um projeto que surgiu de amplo debate nos mais diferentes segmentos da sociedade foi submetido ao Congresso Nacional – onde tramitou, recebeu emendas, foi aprovado e transformado em lei. Mesmo tendo essa origem, a Ley de Medios de 2009 vem enfrentando, por parte de um dos principais oligopólios de mídia da América Latina e de seus aliados, inclusive no Brasil, uma resistência feroz, como se constituísse uma ameaça – e não uma garantia – à liberdade de expressão. Como afirmou recentemente o relator especial da ONU para liberdade de expressão, a Ley de Medios argentina deveria ser estudada como um exemplo de regulação democrática, protetora da liberdade de expressão plural e diversa.

Discurso único
No Brasil, o ano de 2012 foi dominado pelo discurso único da grande mídia –antes, durante e depois das eleições municipais – em torno do julgamento da Ação Penal nº 470 e da CPI do Cachoeira. O macarthismo praticado no tratamento de vozes discordantes confirma ad nauseamo papel da grande mídia de julgar, condenar e/ou omitir, seletiva e publicamente, ignorando o princípio da presunção de inocência e/ou a ausência de provas.

A defesa corporativa e intransigente de jornalistas envolvidos em práticas suspeitas, a transformação do julgamento no STF em espetáculo, o massacre seletivo a determinados políticos e partidos e a mitificação (ou a execração) pública de juízes, reafirmam o papel político/partidário que a grande mídia tem desempenhado em momentos decisivos de nossa história, a rigor, desde o início do século 19.

Numa época em que os impressos atravessam uma crise de variadas dimensões; jornais e revistas tradicionais são fechados (Jornal da Tarde e Newsweek, por exemplo) e “práticas jornalísticas” são questionadas (exemplo: o Inquérito Leveson, na Inglaterra), não deixa de surpreender a intolerância arrogante dos pronunciamentos na reunião anual da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP, na sigla em espanhol), ocorrida em outrubro, em São Paulo, e manifestações e documentos provenientes dos institutos Millenium e Palavra Aberta (think tankse lobistas do empresariado), como se os donos da imprensa se constituíssem no inquestionável padrão ético de referencia para a liberdade e a democracia.

Inércia governamental
O ano de 2012 ficará também marcado pela inquietante inércia do governo federal em relação ao setor de comunicações. Salvo o decreto que regulamentou a Lei de Acesso à Informação (Decreto 7.724, de 16/05/2012) e a norma do Ministério das Comunicações que regulamenta o Canal da Cidadania (previsto no Decreto 5820/2006 para a transmissão de programações das comunidades locais, e para a divulgação de atos, trabalhos, projetos, sessões e eventos dos poderes públicos federal, estadual e municipal), não há praticamente nada.

Onde estão as propostas (mais de seiscentas) aprovadas na 1ª Conferência Nacional de Comunicação (Confecom) e encaminhadas ao governo federal em dezembro de 2009?

Onde está o projeto de marco regulatório elaborado no fim do governo Lula e encaminhado pelo ministro Franklin Martins ao ministro Paulo Bernardo, em janeiro de 2011?

Por outro lado, uma leitura equivocada das normas legais de distribuição de recursos publicitários pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom-PR) vem sufocando financeiramente a chamada mídia alternativa e consolidando ainda mais a concentração de grupos oligopolísticos. A mídia alternativa, por óbvio, não tem condições de competir com a grande mídia se aplicados apenas os chamados “critérios técnicos” de audiência e CPM (custo por mil).

Se fossem cumpridos os princípios constitucionais (muitos ainda não regulamentados), o critério de distribuição de recursos deveria ser “a máxima dispersão da propriedade” (Edwin Baker), isto é, a garantia de que mais vozes fossem ouvidas no espaço público promovendo a diversidade e a pluralidade – vale dizer, mais liberdade de expressão.

E o Parlamento?

Além da não votação do marco civil da internet, impedida pelos poderosos interesses das empresas de telecom em relação à neutralidade da rede, há de se mencionar a reinstalação, em julho, do Conselho de Comunicação Social (CCS), depois de quase seis anos de inatividade ilícita. A mesa diretora do Congresso Nacional, presidida por José Sarney, cuja família é historicamente vinculada a concessões de radiodifusão, ignorou a Frentecom e articulou a nova composição do CCS fazendo que nele prevaleçam interesses oligárquico-empresariais e religiosos.

Os não-atores

Por fim, os não-atores. O destaque é o lançamento pelo renovado coletivo do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC) dacampanha nacional “Para expressar a liberdade – Uma nova lei para um novo tempo”(em abril) e seus vários eventos regionais e locais, incluindo a vinda ao Brasil de Frank La Rue, o relator especial pela liberdade de expressão da ONU (em dezembro). Apesar do boicote sistemático da grande mídia, a atenção que a campanha tem recebido na mídia alternativa constrói um embrionário espaço público onde circulam informações que não estão disponíveis nas fontes dominantes.

Registre-se ainda que partidos políticos – sobretudo a partir do julgamento da Ação Penal nº 470 – finalmente parecem se dar conta da importância fundamental das comunicações no jogo político. Salvo raras exceções, todavia, não se tem até agora resultados concretos na atuação partidária no Congresso Nacional, nem na proposta de projetos e/ou ações junto à sociedade.

Não será fácil

O mundo não acabou, como muitos acreditavam. Os índices de desemprego nunca foram tão baixos e o salário médio tão elevado. A ascensão social fez as classes A e B crescerem 54% na última década e, nos próximos três anos, outras oito milhões de pessoas serão a elas incorporadas. O Corinthians, patrocinado pela Caixa Econômica Federal, é campeão mundial de futebol. O nível de satisfação do brasileiro nunca esteve tão elevado (de acordo com pesquisas do Data Popular, IBGE e Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República).

A novela Avenida Brasil dominou as telas de TV ao longo de seis meses com audiências médias de 50% (Ibope). A grande mídia – sustentada em boa parte por verbas oficiais (70% dos recursos distribuídos nos primeiros 19 meses do atual governo foram destinados a apenas 10 grupos privados, de acordo com a Secom-PR) – celebra a condenação dos “corruptos” na Ação Penal nº 470; se apresenta como defensora da ética pública e das liberdades – sobretudo da liberdade de expressão –; e prossegue na sua obsessão seletiva de mobilizar a “opinião pública” contra determinados políticos e partidos.

As médias de aprovação tanto do governo como da presidente Dilma Rousseff batem recordes após recordes: 62% e 78%, respectivamente, de acordo com a última pesquisa CNI/Ibope (dezembro).

Diante desses fatos, sejamos razoáveis.

Como fazer que uma população majoritariamente feliz se dê conta de que seu direito fundamental à liberdade de expressão está sendo exercido apenas por uns poucos oligopólios que defendem os seus (deles) interesses como se fossem o interesse publico?

Mais ainda: como esperar que um governo em lua-de-mel com a “opinião pública” corra o risco de enfrentar o enorme poder simbólico de oligopólios de mídia, capaz de destruir reputações públicas construídas ao longo de uma vida inteira em apenas alguns segundos?

Em 2013 não será fácil – como, aliás, nunca foi.

(*) Venício A. de Lima é jornalista e sociólogo, pesquisador visitante no Departamento de Ciência Política da UFMG (2012-2013), professor de Ciência Política e Comunicação da UnB (aposentado) e autor de Política de Comunicações: um Balanço dos Governos Lula (2003-2010), Editora Publisher Brasil, 2012, entre outros livros

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Liberdade de expressão, liberdade de opinião, liberdade de imprensa... cultura livre?


Política| 19/11/2012 | Copyleft

Relator da ONU vem ao Brasil debater liberdade de opinião e de expressão

O relator especial da ONU para a promoção da liberdade de opinião e expressão participará de eventos da campanha “Para expressar a liberdade” entre os dias 11 e 13 de dezembro, em Brasília e São Paulo. Frank de la Rue virá ao Brasil por convite do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação e, além de eventos com a sociedade civil, fará também encontros com membros do Executivo e do Legislativo.

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O relator especial da ONU para a promoção da liberdade de opinião e expressão participará de eventos da campanha “Para expressar a liberdade” entre os dias 11 e 13 de dezembro, em Brasília e São Paulo. Frank de la Rue virá ao Brasil por convite do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação e, além de eventos com a sociedade civil, fará também encontros com membros do Executivo e do Legislativo.

De la Rue acompanha de perto a agenda de mudanças regulatórias na América Latina, e tem sido defensor de iniciativas de promoção do pluralismo e diversidade nos meios de comunicação. Recentemente, apontou a lei de serviços de comunicação audiovisual da Argentina (conhecida como ‘ley de medios’) como um modelo para todo o continente e para outras regiões do mundo. Em seu relatório de 2011, destacou questões específicas da liberdade de expressão na Internet.

A atividade principal com a sociedade civil será no dia 13 de dezembro, à noite, em São Paulo, em local a definir, e terá como tema “Liberdade de expressão e concentração de meios na América Latina”. No dia 14, a campanha Para Expressar a Liberdade fará uma plenária nacional em São Paulo, em local ainda a definir, para discutir as próximas ações na defesa de um novo marco regulatório para as comunicações brasileiras.

As entidades que participam da campanha (veja lista completa em www.paraexpressaraliberdade.org.br) convidam todos os interessados a estarem em São Paulo nos dias 13 e 14 de dezembro para as atividades com Frank de la Rue e para a plenária nacional. Oportunamente, será divulgada a agenda completa das atividades com De la Rue em São Paulo e Brasília.