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terça-feira, 8 de julho de 2014

Conhecimento colaborativo, partilha, rede

Professor inova ao utilizar Wikipédia como avaliação

Escrito por: Isadora Otoni
Fonte: Revista Fórum

"Faz mais sentido que outras pessoas possam ter acesso do que ter um arquivo no meu pen drive", opina a aluna que participou do projeto de verbetes sobre perseguidos da ditadura militar no Brasil

Para João Alexandre Peschanski, que leciona Ciências Políticas na Faculdade Cásper Líbero, aplicar provas não faz mais tanto sentido. Para fugir de modelos de atividades arcaicas, o professor propôs que seus alunos fizessem verbetes na Wikipédia. Mas não sobre qualquer assunto: com os 50 anos de Golpe Militar, ele pediu que a memória dos perseguidos políticos da época fosse restaurada.

Mais do que usar a criatividade para causar impacto na formação dos estudantes de Jornalismo da faculdade, João Alexandre conseguiu mostrar a relevância da plataforma e a importância de uma boa apuração. E seus alunos confirmam. “Depois da desmitificação da Wikipédia, vemos que se você publicar um verbete sem referências bibliográficas ele vai ser deletado. Com isso, eu passei a usar a plataforma com mais confiança”, conta a aluna Sophia Winkel, de 19 anos.

Em dupla, a estudante escreveu uma página sobre Massafumi Yoshinaga, um perseguido durante a ditadura militar brasileira que se suicidou em 1976. “Tive um pouco de dificuldade de fazer sobre ele. Eu realmente tive que apurar tudo e a minha maior fonte de informação foi a Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos”, relata Sophia, que se empolgou ao contar detalhes da vida de Yoshinaga.

A aluna teve dificuldades para usar a Wikipédia, por não ter familiaridade com a plataforma. No entanto, ela conta que o professor foi ensinando a manusear o site por etapas.  Dessa forma, quando o projeto final foi proposto ela teve mais facilidades. “Logo na primeira vez em que tentei editar um verbete, pedi entre parênteses que não apagassem o que eu tinha feito porque ainda estava editando. Hoje em dia, acho um absurdo eu ter feito isso”, relembra. Com seu verbete no ar, Sophia se contenta por ter prestado um serviço para a sociedade.  “Faz mais sentido que outras pessoas possam ter acesso do que ter um arquivo no meu pen drive”.

Já a estudante Júlia Faria, de 20 anos, ressalta a complementaridade do projeto com a matéria de João Alexandre. “Além de aprender as minúcias de um período político tão importante, nós mesmos estávamos fazendo política. Trazer à vida essas pessoas desaparecidas pela ditadura é dar visibilidade a esse período que alguns parecem fazer questão de esquecer”, opina sobre o projeto.

A aluna escreveu sobre o militante desaparecido Luiz Almeida Araújo, e teve dificuldades em sua pesquisa. “Achei muitas informações contraditórias e muitas coisas ficaram incompletas”, conta. Manusear uma plataforma nova também não foi uma tarefa fácil, mas Júlia pontua que uma palestra feita em sala de aula a ajudou na atividade. Assim como Sophia, ela passou a dar mais credibilidade à Wikipédia. Além disso, as duas estudantes afirmaram que se tornaram colaboradoras ativas ao site.

Wikipédia, ditadura militar e Ciências Políticas: o que isso tudo tem a ver?
João Alexandre Peschanski conta que realizar o projeto foi fruto de diversas motivações. Quando o professor realizou seu doutorado, ele participou de um curso que usava a Wikipédia de maneira similar. “Foi meu primeiro contato e eu achei realmente interessante”, avalia. Outro impulso para a atividade era a discussão em torno dos 50 anos do Golpe Militar no Brasil e como ele e os estudantes poderiam contribuir com a Comissão da Verdade.

Por trás da lista de desaparecidos políticos, existiam três grandes objetivos. “O primeiro deles era efetivamente pedagógico. As novas tecnologias nos propõe impactar mais do que simplesmente uma provinha que o professor lê para verificar se o aluno decorou bem a matéria”, descreve. “Também pensei o curso como uma possibilidade dos alunos atravessarem essa barreira de serem simplesmente usuários ou leitores do Wikipédia e pudessem, a partir de oficinas, se tornarem editores. E tem esse aspecto de contribuição social-política, resgatando a memória de pessoas que sacrificaram a vida na luta contra a ditadura no Brasil”.

Para ele, a relação do projeto com Ciências Políticas é muito direta. “O tema foi abordado no primeiro bimestre, quando a gente discutiu formas alternativas de produção. A Wikipédia é uma forma alternativa de produção econômica“, comenta o professor, que cita o autor de A Riqueza das Redes, Yochai Benkler, como uma das referências para afirmação. “Outro lado é a discussão sobre o conteúdo que a gente acabou abordando, que é a ditadura”, disse Peschanski.

A atividade, que foi apoiada pelo Projeto Wikipédia na Universidade, abrangeu mais de 170 alunos trabalhando em pelo menos 166 verbetes, algo que João Alexandre ainda não tinha visto no Brasil. “Geralmente, os núcleos que são formados nas universidades públicas reúnem de 20 a 30 alunos que ficam fazendo contribuições. Aqui a dimensão era muito maior. Pelo aspecto quantitativo, o resultado é de muito impacto”, comemora ele.

sexta-feira, 15 de março de 2013

O "progresso", afinal, o que é?


Inovação a partir da obsolescência

15/03/2013
Por Heitor Shimizu
James Wallbank, fundador do Access Space, fala sobre iniciativa inglesa de transformação social por meio do domínio da tecnologia, que vai da reutilização de computadores à produção de novidades digitais (divulgação)

Agência FAPESP – Criar oportunidades de transformações econômicas e sociais por meio do uso (e reúso) da tecnologia é o objetivo do Access Space, centro de aprendizagem eletrônica em Sheffield, localizado no terceiro distrito mais populoso na Inglaterra.

Conhecida como “cidade do aço”, Sheffield foi seriamente afetada pela crise econômica atual, chegando a uma taxa de desemprego acima dos 10%. Ao mesmo tempo, na última década se agravou o problema do acúmulo de lixo eletrônico, com a rápida obsolescência dos computadores e outros dispositivos digitais.

Esse cenário levou o artista plástico James Wallbank e amigos a criar o Access Space, em 2000. “O centro começou com a união entre a fartura de computadores velhos e a escassez de oportunidades de trabalho e de desenvolvimento profissional na região. A proposta era conseguir uma resposta radical e sustentável a problemas como o declínio industrial e o deslocamento social”, disse Wallbank.
O fundador e diretor do Access Space esteve no início de fevereiro em São Paulo, quando falou com a Agência FAPESP.

O Access Space tem apenas seis funcionários fixos, mas dezenas de voluntários e cerca de 12 mil frequentadores por ano. “Somos um ‘fab lab’, um laboratório comunitário para fabricação digital que visa ao desenvolvimento social e ao empreendedorismo”, disse Wallbank.

A proposta não é competir com a grande indústria ou a produção em massa, mas permitir que as pessoas possam criar seus próprios produtos, adaptados a usos específicos e particulares, que não seriam considerados economicamente viáveis pelos fabricantes tradicionais. O conceito de “fab lab” se originou no Media Lab do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT).

“Começamos por meio da reutilização de computadores quebrados ou considerados obsoletos e sem valor. Reformávamos as máquinas e, principalmente, fazíamos adaptações de modo que elas pudessem não apenas voltar a funcionar, mas ser empregadas no desenvolvimento de inovações digitais e na capacitação de pessoas”, disse Wallbank.

Os computadores eram formatados para que passassem a rodar Linux, um sistema operacional gratuito e colaborativo, e a contar com softwares também gratuitos e com códigos abertos.
“O Access Space nunca gastou dinheiro em hardware ou software e o modelo inspirou projetos em diversos países na Europa e no Brasil”, disse Wallbank. No Brasil, a iniciativa mais conhecida é a MetaReciclagem, criada em 2002 e ganhadora do Prêmio Ponto de Mídia Livre do Ministério da Cultura, em 2009, que tem como lema a “desconstrução da tecnologia para a transformação social”.

Segundo Wallbank, o Access Space é um laboratório digital livre aberto a todas as pessoas que queiram conduzir seus projetos técnicos e criativos e que possam contribuir com a formação e manutenção de uma comunidade de usuários. “Pessoas que ontem foram treinadas hoje são desenvolvedores de inovação e ensinam os novos participantes”, disse.

“O Access Space mobiliza a comunidade para o desenvolvimento de novos modelos de transferência de tecnologia, crescimento pessoal e regeneração urbana, ao mesmo tempo em que defende relações mais sustentáveis, inclusivas e criativas com as tecnologias”, disse.

Em 2012, o Access Space se expandiu em uma nova unidade, com a abertura do Refabspace, o primeiro “fab lab” de Sheffield. O laboratório digital conta com computadores e diversos outros equipamentos como cortadora a laser, estações de solda, controladora computadorizada de máquinas e bordadeira digital.

“Estamos aprendendo a dominar e a desenvolver soluções em diversas tecnologias, como a impressão em 3D, com a qual podemos produzir peças plásticas em pequena quantidade”, disse Wallbank.

Mais informações: http://access-space.org

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Processos de edição, atividades colaborativas, compartilhamento, coletivos


Livro colaborativo sobre o Rio usará fotos do Instagram

rio365 Fonte: ARede

10/10/2012 - As agências de comunicação Horto e Núcleo da Ideia deram início na última segunda-feira (7), no Rio de Janeiro, ao projeto "Rio365 - Um Documentário Fotográfico". A ideia é criar um livro que retrate o dia a dia da capital fluminense, usando como matéria-prima fotografias de usuários do Instagram.

Para criar o livro, os organizadores vão propor missões fotográficas aos usuários da rede social ao longo dos próximos 365 dias. Qualquer pessoa com perfil criado no Instagram pode participar, gratuitamente. As missões serão divulgadas no perfil @Rio365, a cada semana.

Uma equipe de curadores vai divulgar as missões em suas redes pessoais e selecionar diariamente, durante 365 dias, as melhores fotos clicadas pelo público. No total, serão propostas 52 missões.

Para estimular a participação, as melhores fotos de cada semana, mês, bimestre e ano receberão destaque e prêmios. E a cada bimestre será realizado um #Instameet, encontro de usuários do Instagram, para expor as fotos selecionadas, promover a troca de ideias e entregar os prêmios.

Além do Instagram, o projeto tem páginas no Twitter, Tumblr e Facebook. Ao final, será produzido o livro @Rio365, onde serão registradas as 365 fotos selecionadas nas 52 missões (incluindo imagens produzidas pelos próprios curadores).

A equipe de curadores é formada por Raul Mourão (artista plástico), Nelson Vasconcelos (escritor e jornalista), Anna Letícia Cohen (coordenadora do grupo IgersRio, um dos perfis mais influentes do Instagram), Sidney Garambone (jornalista e escritor), além de curadores especiais que serão convidados ao longo do processo.

A concepção e curadoria geral do projeto é de André Galhardo, fotógrafo, diretor de arte e sócio da Horto. A coordenação geral e realização é da Núcleo da Ideia, comandada por Flávio Bidoia e Luciane Araujo. A iniciativa tem patrocínio da Light e da Secretaria de Estado de Cultura do Rio e com apoio institucional da Superintendência de Museus do Estado.

O Instagram é uma rede social acessível exclusivamente via smartphone ou tablets. Para usá-la, deve-se instalar o aplicativo, disponível em versão para Android ou iOS (iPhone e iPad).