sexta-feira, 27 de junho de 2014

Do confronto explícito entre discursos

Príncipe gringo?! A gente prefere estudar! #NaoMeAjudaLuciano

Fonte: Muda Mais



Ontem [24/06], no final da tarde, Luciano Huck gerou polêmica ao tuitar o novo quadro do Programa Caldeirão do Huck.

O tuite em questão é esse: >>>> "@LucianoHuck Ta no Rio? Solteira? Quer 1 principe encantado entre os "gringos" q estão na cidade. Mande fotos e o pq; namoradaparagringo@globomail.com (link sends e-mail)"

Reparem na escolha do email: namorada para gringo. Como assim, gente?

O que nos surpreende não é o formato "arrume um namorado" - que de original não tem nada -, mas a ausência de qualquer reflexão sobre o fato de o Brasil ser tido como um dos principais destinos para turismo sexual, sem contar a exploração sexual de crianças e adolescentes e o tráfico de pessoas para fins sexuais. 

O que nos assusta é que não se trata de um programa de namoro simplesmente - como já vimos muitos. Mas como pode um apresentador de grande alcance na mídia brasileira, com um público muitas vezes adolescente, vender a ideia de "príncipe encantado estrangeiro" desconsiderando toda a luta nacional para o combate à exploração sexual de crianças e adolescentes e a situação de cuidado especial que grandes eventos proporcionam?

 O governo fez uma série de ações justamente para coibir exploração sexual durante a Copa do Mundo, incluindo aplicativos para notificação automática, e estamos todos de olhos abertos para a violência contra as mulheres. 

Ei,  Secretaria de Direitos Humanos, (link is external) Unicef (link is external) , Onu Mulheres, e outros órgãos internacionais, convidamos vocês a darem uma olhadinha nessa matéria e esperamos que façam algo pra impedir que esse programa vá ao ar. Nada contra o Luciano - quer dizer, mais ou menos - mas tudo contra esse absurdo de expor mulheres, seja na rua, dentro de suas casas, seja em rede nacional.

Situação presente em todo o mundo e que atinge milhares de adolescentes brasileiros, a exploração sexual é uma prática comum e cri-mi-no-sa, conforme codigo penal brasileiro (link is external), podendo gerar até 3 anos de reclusão para o envolvido.

Também está ainda presente o habitual viralatismo local. Luciano não só propõe ajudar garotas a encontrar um ~príncipe encantado~ como sugere que tem preferência pra que o cargo pretendido seja ocupado por um ~gringo~ /o\ /o\ /o\.

Quando essa matéria foi ao ar, Luciano Huck já havia tirado o post (link is external) de seu Facebook, mas até o momento mantém o tuíte em sua página oficial no site em questão. Vale lembrar ao Luciano, que a memória da internet e o que é colocado nela não pode ser facilmente deletado. Hoje, com todos os recursos da rede, não é preciso muito pra fazer um simples e prático print-screen.

quarta-feira, 18 de junho de 2014

Da oportunidade de reunião de povos, gentes, culturas

Trata-se de vídeo produzido pelo jornalismo de cultura villera (=da favela) do "La Garganta Poderosa", de Buenos Aires, Argentina


CLACSO TV
 



SOMOS LOCALES OTRA VEZ
Primera cobertura villera del Mundial

 
A poco de llegar a Brasil y todavìa acelerados a mil, grabamos este video para que conozcan a esta favela poderosa, ajena a la monstruosa cobertura internacional y al torbellino de noticias que se forma con el Mundial. Lejos de los centros para periodistas y las zonas tuneadas para turistas, hoy tenemos una comunidad que nos abraza, para hacernos sentir como en casa, porque aunque nunca habìamos estado de este lado de la frontera, ¡en Santa Marta se respira cultura villera!






sábado, 14 de junho de 2014

"Complexo de vira-latas": o que é isso, afinal? II

Na rede, gringos combatem o complexo de vira-latas brasileiro

publicado em 13 de junho de 2014 às 15:51


O sistema automatizado de entrega de bagagens do aeroporto internacional de Denver foi um dos maiores fracassos da História recente da construção civil. Estourou o orçamento, destruía as bagagens e teve de ser abandonado. Ah, se fosse no Brasil…


Gringos “provam” que problemas não são “só no Brasil” e também reclamam
por Fabiana Uchinaka, sugerido por SM

Do UOL, em São Paulo 13/06/201406h00
Só no Brasil… o transporte atrasa, não há táxis, a fila não anda, o aeroporto é uma bagunça, o ônibus é lotado. Só no Brasil existe burocracia, injustiça e corrupção. Só no Brasil tem protesto e confusão.
Só que… não.

Desde que o país do futebol virou o palco desta Copa do Mundo, a expressão virou o bordão dos brasileiros para reclamar dos problemas mais sérios –ou esdrúxulos– que temos por aqui e para manifestar grandes doses de “vergonha” pelo mundo estar vendo nossas mazelas. Mas os comentários dos internautas de outros países nas redes sociais têm mostrado que não é bem assim.
A revista britânica The Economist publicou na terça-feira (10) o texto “Traffic and tempers” (algo como “trânsito e humores”) no Facebook, que traz um relato do imbróglio que é circular por São Paulo na véspera do Mundial e diz que “no momento em que você aterrissa no Brasil você começa a perder tempo”. Dezenas de gringos rebateram o artigo com frases que podem deixar alguns internautas canarinhos chocados:

“Parece quando você visita o departamento da Receita da Filadélfia [nos EUA] para pagar uma conta”, diz o americano Sam Sherman.

“Há filas diárias por táxis no aeroporto Schiphol, em Amsterdã… E não é Copa do Mundo”, conta Tatyana Cade.

“Cena diária do trajeto em Tóquio, exatamente como esta imagem”, alerta Ryo Yagishita.

“Parece a Argentina, nada mais refrescante que viajar como gado depois de um longo dia de trabalho”, descreve Pao Radeljak. “Me lembra Buenos Aires”, completa Paola Scarlett.

“A mesma coisa aconteceu com os brasileiros quando eles viajaram de Heathrow para Gatwick. O engarrafamento caótico de Londres [que sediou a última Olimpíada] também é mundialmente famoso. Depois, pense no eletricista inocente que foi morto por policiais justiceiros no metrô de Londres, que disseram que ele era terrorista [caso Jean Charles de Menezes]. Não é uma vergonha para um país desenvolvido reclamar do Brasil quando também tem problemas em seu país? Pense nos manifestantes em Londres, e na destruição por quatro dias alguns anos atrás. Então vira vergonha duplar”, afirmou Naithirithi Chellappa.

“Para todos os brasileiros que reclamam de seu país: vocês deveriam tentar viver na Europa por um minuto. Sim, nós temos tudo regulado, mas as coisas estão cada vez mais nazistas. E falar sobre corrupção? Você acha que não acontece aqui? Aqui é tão desenvolvido que você nem vê, está muito escondido e tudo é feito por políticos e outros criminosos [daqui] fora da Europa”, analisa o holandês Roas Metten. “A polícia é uma piada, eles não pegam criminosos, eles dão multas o dia todo.”
Metten completa: “Os abraços e beijos que recebo em um mês no Brasil, não ganharia em dez anos na Europa. Então talvez as coisas aqui sejam melhores reguladas pelas leis e sistemas, mas é um inferno culturalmente e nas relações.”

O espanhol Álvaro Munhoz tenta fazer uma análise mais ampla: “Para falar a verdade, se o número de pessoas que chega ao mesmo tempo excede a capacidade, a situação poderia acontecer em qualquer lugar do mundo.”

Enquanto o internauta Leandro Cintra aproveitou para contar que recentemente levou 40 minutos para conseguir um táxi… em Nova York (EUA). E mais meia hora para entrar em um ônibus… em Fort Lauderdale (EUA). Já Wenderson Neves lembrou que a fila na imigração de Londres é de pelo menos duas horas com policiais muito pouco cordiais.

A também britânica BBC perguntou em texto publicado na terça: “What is it like to live in a Favela?” (Como é viver numa favela?). E a internauta Adreane Bertumen prontamente respondeu: “Todo país, toda cidade tem a sua ‘favela’. Gueto é gueto em todos os lugares. O Brasil não é o único”.

“Essas favelas não são nada comparadas às que temos em Nairóbi, no Quênia”, diz Eric Murimi.

“Venham ver Sodoma e Gomorra em Gana”, convida Leroy Amankwa.

“Nos Estados Unidos, nós precisamos acordar e olhar ao redor. É difícil achar uma cidade que não tenha acampamentos de sem-teto por todo seu perímetro. Bem escondidos, mas estão cada vez maiores a cada ano. Não estamos em posição de jogar pedra em outros governo”, ressalta Marie Lawson. “Nos EUA, temos guetos e estacionamentos de trailers”, concorda Eric D Molino.

PS do Viomundo: Foi justamente por isso que escrevi, dias atrás, no Facebook, sobre minhas quase duas décadas de moradia em Nova York e Washington:
Esse Dan Stulbach [em comentário na ESPN] é um bobão, que fica falando coisas manjadas para agradar a turma do complexo de vira-latas. Acaba de sentir as dores da FIFA pelo fato de que assentos foram instalados no Itaquerão na semana da estreia. Grande coisa. Será que ele já viu outros eventos internacionais, onde muitas coisas são feitas de última hora, no mundo todo? Os bobocas da classe média precisam desta ideia de que são privilegiados por viajar a Nova York, Londres e Paris, onde nada atrasa e tudo dá absolutamente certo, ao contrário do Brasil. É o último bastião dos vira-latas para que eles se sintam privilegiados em relação aos brasileiros “comuns”. Se esse bobão quiser ouvir eu conto 20 anos de histórias de coisas que não deram certo em Nova York…

quinta-feira, 5 de junho de 2014

Práticas colaborativas de resistência contra a vigilância na rede

Fonte: Lista de e-mails da organização Fight for the future


Hey team,


My fingers are trembling a bit as I type this email -- partly from exhaustion but mostly from tremendous excitement. Tomorrow we Reset the Net, and start on a path toward securing the web, and defending freedom for generations to come.


Just today, we received a very special message from Edward Snowden himself. All of us at Fight for the Future are humbled, knowing that our huge victories this year mobilizing against government surveillance would not have been possible without him risking everything to expose the abuses of the worlds’ most powerful governments.


I’m pasting Snowden’s statement in its entirety below. Please forward this email to everyone in your address book, and share this far and wide. These last few hours are critical and we need all hands on deck to push Reset the Net over the edge.




"One year ago, we learned that the internet is under surveillance, and our activities are being monitored to create permanent records of our private lives — no matter how innocent or ordinary those lives might be.


Today, we can begin the work of effectively shutting down the collection of our online communications, even if the US Congress fails to do the same. That’s why I’m asking you to join me on June 5th for Reset the Net, when people and companies all over the world will come together to implement the technological solutions that can put an end to the mass surveillance programs of any government. This is the beginning of a moment where we the people begin to protect our universal human rights with the laws of nature rather than the laws of nations.


We have the technology, and adopting encryption is the first effective step that everyone can take to end mass surveillance. That’s why I am excited for Reset the Net — it will mark the moment when we turn political expression into practical action, and protect ourselves on a large scale.


Join us on June 5th, and don’t ask for your privacy. Take it back.”


Will you stand with Edward Snowden, Fight for the Future, and the largest websites on the Internet to help Reset the Net tomorrow, June 5th?

Please help spread the word by sharing the page on social media:






Stay tuned for one more email from us tomorrow encouraging everyone to download the tools in the Reset the Net Privacy Pack! Check it out now if you want:
http://pack.resetthenet.org


Thanks for all you’ve done to make this possible.


“See” you tomorrow when we Reset the Net.
-Evan, Tiffiniy, Holmes, Kevin, and the whole FFTF team


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Reset the Net Updates June 4th, 2014

-For complete updates,
see our press release from today here.

-Mojang, the maker of hugely popular game Minecraft, told us they’ll be running the splash screen tomorrow to promote the Reset the Net Privacy Pack!

-
Namecheap has already sold thousands of SSL domains to help Reset the Net. Got a site? Switch it over now and some of the $$ goes to FFTF.

-Our Thunderclap is now reaching over 9 million people to help educate everyone about easy to use encryption tools. Click here to join with twitter, facebook, or tumblr.

-The most exciting announcements are still to come. Follow the hashtag #ResetTheNet to stay up to date.


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terça-feira, 3 de junho de 2014

Fazer (ou não) o discurso circular: formas de ativismo na rede

"Amigo dos animais,

neste momento em que felizmente a sociedade manifesta interesse em abrir suas mentes e corações para a cruel realidade dos animais explorados pela ciência, liberamos o conteúdo deste livro, com a total concordância do autor.
Desejamos a todos que as informações nele contidas possam ser assimiladas e multiplicadas para todos os consumidores brasileiros.

Nina Rosa"





Este livro traz o texto integral, revisto e atualizado, da dissertação de Mestrado intitulada Vozes do Silêncio - Cultura científica: ideologia e alienação no discurso sobre vivissecção, defendida por João Epifânio Regis Lima no Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo em 1995. O texto verifica as suposições e questões levantadas durante o percurso acadêmico do autor em seu curso de graduação em Ciências Biológicas na USP, referindo-se ao comportamento acrítico, natural e espontâneo dos estudantes e professores desse curso, envolvidos em suas pesquisas, diante da prática da vivissecção (experimentação com animais), que atingia, em várias ocasiões, dimensão de crueldade e violência.


Em depoimentos colhidos de universitários, professores, pesquisadores e outros profissionais envolvidos com a vivissecção, o autor identifica elementos ideológicos de caráter cientificista, tecnicista, mecanicista e especista, que são analisados à luz de Habermas, Adorno e Horkheimer. A esse macrocontexto geral fornecido pelos teóricos de Frankfurt é acrescida, como microcontexto, a álgebra social de Heider e Festinger para entender a dinâmica psicológica em jogo na situação concreta particular em que o aluno está efetivamente realizando um experimento com animais. O caráter monolítico, unidimensional, acrítico e alienado dos discursos aponta a vivissecção como prática inercial e tradicional, além de parte integrante, tida como indispensável, do paradigma moderno das ciências biológicas. Vista como mal necessário, a prática da vivissecção cega cientistas e educadores para a busca de métodos alternativos ou substitutivos. Com ela ficam ciência e homem empobrecidos.