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De
07 à 10 de maio mais de 300 ativistas de 21 países se reuniram na
Bolívia para dar vida ao ELLA 2015, o Segundo Encontro Latino-Americano
de Mulheres que foi realizado na Villa Coronilla, em Cochabamba.
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Durante
quatro dias, militantes, midiativistas, agentes culturais, organizações
e representantes de diferentes movimentos de mulheres vivenciaram o
proyecto mARTadero, localizado na periferia da cidade. O ambiente é
considerado um berço das artes, focado na mudança social através de
mecanismos artísticos e culturais. Foi assim que, do coração da
América Latina, dos cantos do mARTadero, a polifonia e a pluralidade das
mulheres reunidas apontaram acordos estratégicos para o empoderamento
de todas as identidades femininas e criaram uma agenda comum para o
fortalecimento do papel da mulher na sociedade contemporânea.
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A
programação do ELLA 2015 abrangeu diversos eixos temáticos de trabalho,
entre eles: corpo, saúde e aborto, LGBTTTIQ, Micromachismos, Mulheres +
TICs, Mulheres Afrodescendentes, Mulheres indígenas, Cultura, Violência
e Sexualidade. As participantes refletiram e debateram em torno às
temáticas, além de propor ações coletivas pontuais e abrangentes. Tudo
isso, em um grande espaço de convivência, encontros e reencontros, em
que a troca de experiências e as conexões subjetivas também fizeram
parte importante da programação.
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A
primeira edição do ELLA foi realizada em 2014, de 15 a 18 de maio, na
cidade de Belo Horizonte/Brasil. Formada por cerca de 50 atividades
marcadas por convívios e práticas colaborativas, o encontro teve como
intuito, colocar em contato experiências de diferentes perfis de
mulheres vindas de mais de 15 países da Iberoamérica, como a Argentina,
Bolívia, Venezuela, Chile, Equador, Colômbia, Perú, Costa Rica, Uruguai,
México, Guatemala, Honduras, Espanha, Paraguai e Brasil.
O
objetivo principal do primeiro encontro foi conectar iniciativas e
pessoas em rede para troca de experiências e elaboração de propostas
conjuntas em escala continental. A aliança gerada pelo encontro
construiu diversas campanhas feministas ao longo do ano, além do ELLA
2015, ampliando sua abrangência e tornando-se ainda mais colaborativo.
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▪ Nandin Solis
a Wigudur Galu, como gosta de ser chamada é nativa da comunidade dos
Kuna, uma população indígena do Panamá. Ela habita sua comunidade e seus
afetos a partir de uma identidade particular, as Wigunduguid, em honra a
um Deus Kuna cuja a particularidade é ter uma alma dupla. Omeguid,
significa "como mulher", e muitas vezes é usado depreciativamente, para
falar dos homens homosexuais da comunidade. Nandin, em um gesto de
reapropriação de insulto, se apresenta de ambas formas. Qualquer um que
não conheça suas terras pensaria que uma Omeguid é claramente uma pessoa
trans, mas segundo o que nos conta Wigudur, é uma identidade
transgênero particular muito diferente - http://bit.ly/1B6M8o4
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▪ Kelly Inés
é colombiana afrodescendente, e se apresenta como lésbica-abortóloga,
seus ideais apostam na construção a partir da crítica feminista, com o
objetivo de criar as possibilidades necessárias para que cada corpo faça
de sua carne, seu próprio campo de batalha. Nesta entrevista aumenta a
urgência de diferenciar o potencial e o futuro de ambas as categorias
políticas: o feminismo como projeto emancipatório e as mulheres como
experiência politizada - http://bit.ly/1HmrjcX
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▪ Simone Silva
confirma que o MTST começou por volta de 1990, sendo uma luta de
ocupação de espaços públicos, para logo negociar com o governo local
soluções de moradia digna. Em São Paulo, uma das cidades mais caras da
América Latina, milhares de trabalhadores não tem ingressos suficientes
para pagar o aluguel de um apartamento pequeno, que pode custar cerca de
1.500,00 reais, ou um passe de metrô que pode custar em torno de 4,50
reais, demais para quem os salários não passam de 1.600 reais mensais.
Só
alguns minutos de conversa bastaram para entender que sendo em sua
maioria de mulheres, o MTST está intimamente ligado com a politização
radical do pessoal - http://bit.ly/1FmVUrh
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▪ A voz de Magdalena Fabbri
- coordenadora da Organizando Trans Diversidad (Chile) - nos convidou a
questionar nossos privilégios de sexo, gênero, classe e raça, para
avançar na construção de agendas específicas.
Sua
experiência de transgenerização é traçada no limite de vida em um
suicídio, a ansiedade, e, principalmente, sobre as críticas de cada
privilégio com o qual ele foi socializadx - http://bit.ly/1ddgOik
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▪ Com 28 anos Georgina Orellano (Argentina)
transmite na força das suas palavras, a experiência de ter exercido
durante 9 anos o trabalho sexual nas ruas de Buenos Aires. Suas
reflexões ecoaram no ELLA para questionar a hipocrisia moral da
sociedade que habitamos e para posicionar a autogestão dos corpos, como
forma de disputar o poder com o capitalismo e suas formas de domínio e
exploração do corpo das mulheres e homens na relação capital-trabalho. -
http://bit.ly/1E9MyK6
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"Se eu pudesse escolher, eu teria escolhido mil vezes ser lésbica." Assim começa o depoimento de Vero Ferrari, jornalista, ciberativista e militante feminista do Peru que liderou o Movimento Homossexual de Lima. http://bit.ly/1QjuMLJ
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Veja a cobertura colaborativa fotográfica completa realizada dia a dia durante o ELLA 2015:
(Todas
as fotografias produzidas na cobertura colaborativa do ELLA se
encontram disponíveis em alta resolução nos albuns linkados e podem ser
utilizadas livremente com a licença Creative Commons 3.0)
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As
diferentes mesas de debates e reflexões do Segundo Encontro
Latino-americano de Mulheres, foram transmitidas ao vivo pelo canal de
streaming Abya Yala com o objetivo de aproximar do ELLA, todas aquelas
que não puderam acompanhar presencialmente a jornada. Com transmissões
em tempo real, todo o material do ELLA 2015 pode se ver nesse link - http://bit.ly/1Hxn4eF
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De
que maneira você vê a imagem da mulher nos meios de comunicação? O
debate muitas vezes é invisibilizado por nossa sociedade. A imprensa
segue desenhando os destinos e papéis sociais das mulheres
enquadrando-as em um contexto de desigualdade. Foi a partir dessa
provocação que o Facción + ELLA proporcionaram através de diferentes
linguagens, como as entrevistas, fotografia, crônicas e vídeos projetar a
luta feminista em todos os campos. Por meio das redes e das ferramentas
de comunicação alternativa, os quatro dias do encontro estiveram em um
fluxo de informação sob a mesma lógica, e concluímos que: a comunicação
deve ser feminista.
Conheça mais e acompanhe o material das redes sociais!
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Durante
todo o encontro, em um estúdio armado pelo canal de televisão Abya
Yala, as participantes do ELLA realizaram entrevistas para compartilhar
suas expectativas sobre o espaço. O que levaram do ELLA 2015? As
mulheres levantaram a voz: saíram da Bolívia com alegria, um espírito
renovado de resistência e acompanhadas por novas companheiras de luta.
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A
rádio no ELLA 2015 foi uma espécie de auto-falante livre, criada para
acompanhar as refeições, intervalos, entre outras atividades que se
sucederam no encontro. Essa cobertura foi feita pelo Facción Rádio - O
braço radiofônico da rede Facción. A Plataforma tem como objetivo
traspor a pluralidade de vozes unindo o mapa latinoamericano para ecoar
no continente. Essa foi a primeira experiência de cobertura feita pela
frente específica de rádio do Facción.
Além da produção dos materiais, a rádio também incidiu na formação de novos quadros em conjunto do projeto Sonora Coronilla.
As atividades contaram também com a atuação da "NoisRádio Comunicação
Alternativa" e com as crianças do Coletivo Villa Coronilla, um grupo
formado por meninos e meninas do bairro da periferia cochabambina. A
iniciativa é semente que se formou no processo de comunicação aberta
impulsada pelo proyecto mARTadero. Os pequenos se lançaram a aprender
rapidamente como manusear os equipamentos básicos para realizar
registros em áudio. Assim, colocamos em prática a aprendizagem e o
trabalho colaborativo nas entrevistas sem censura. Nessa nota, um
destaque sobre a experiência: As crianças dominaram a rádio.
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Com
seus diversos eixos temáticos de trabalho, as participantes se
empoderaram das discussões que compuseram a programação, tal como o ato
de soberania e autonomia das mulheres sobre os seus corpos, a urgência
de seguir militando pela diversidade, o papel da mulher no trabalho e a
violência patriarcal, entre outras temáticas.
As
reflexões finais foram além dos debates teóricos e se buscou trabalhar
em soluções coletivas, elaboradas principalmente a partir das histórias
de vida de cada participante que agregaram seus corpos à luta do
movimento feminista a partir da pluralidade do movimento de mulheres.
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PROPOSTAS DA ÚLTIMA PLENÁRIA
->
Transformar o ELLA em uma plataforma, um espaço permanente para
compartilhar metodologias, informação, formulação de projetos e a
criação de intervenções múltiplas e diversas.
->
Foi acordado que o ELLA 2016 será realizado na Centro-América para
fomentar maior participação das mulheres da região, em uma lógica de
autogestão e com pesquisa de fundos alternativos para alcançar uma maior
participação de outras mulheres. Também foi decidido, a inclusão de
novos temas, como por exemplo as mudanças climáticas e a
transversialização do multiculturalismo em todas as agendas.
->
Abrir um grupo de trabalho a partir do eixo cultural: Fazer com que a
cultura seja a base de interação das diversas agendas. Desenhar
campanhas entrelaçadas onde se podem levantar todas as lutas na
diversidades de uma abordagem cultural. A campanha que foi proposta, foi
batizada como nome “A Batalha Cultural” para… (direito das mulheres
lésbicas, direitos das trabalhadoras sexuais, direito a decidir, direito
a autonomia sexual, direito a identidade de gênero, etc)
->
Promover o convite à organizações participantes do ELLA que se somem à
criação da convenção pelos DDSS e DDRR do OEA. A iniciativa está em
curso, aberta a quem queira se somar.
-> Criar um fundo colaborativo para viabilizar o que foi proposto e o que foi gerado nas vivências em práticas colaborativas.
->
Ilustração e a criação de simbologias e/ou de simulacros para os
próximos encontros por exemplo; Casamentos homossexuais, famílias
diveras, amor livre, como formas de manifestação.
->
Criar um plano de fortalecimento entre membros, redes, coletivos e
organizações que já exitem em torno do ELLA. Propõe-se fazer parte de um
grupo, fortalecer as redes e os movimentos existentes em uma vinculação
com as redes regionais de diferentes populações de mulheres e as
diversas causas.
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->
Construir um diretório das organizações que tenham participado no ELLA
2014/2015, a mais mulheres, organizações, redes, grupos categorizados
que possa ser alimentado de volta progressivamente. Onde todos os
participantes podem encontrar temas afins e parcerias criativas.
->
Criar um plano estratégico de participação regional e vinculação de
agendas e populações. Criar um plano de comunicação intern junto com a
experimentação de novas formas de comunicação para além de redes
digitais.
->
Desencadear a mobilidade de recursos em termos internacionais, debater
sobre o bem-estar como possibilidade de enfrentar muitas lutas, propor
formas de economia criativa, cooperação Sul - Sul entre os países para
que estas lutas se tornar virais.
-> Criar uma memória viva que conte a historicidade dos encontros.
->
Fazer encontros temáticos nacionais e subregionais do ELLA para nos
conhecermos e saber o que estamos propondo. Realizar mesas permanentes
para o próximo encontro.
-> Pelas que já não estão, pelas que seguem junto e as que logo virão. Vamos ao #ELLA2016!
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