24/05/2013 - 19h58 | Fonte : OlharMS
BRASÍLIA - Em menos de uma semana de investigação, a Polícia Federal
descobriu indícios de que uma central de telemarketing com sede no Rio
de Janeiro foi usada para difundir o boato de que o Bolsa Família, o
principal programa social do governo federal, iria acabar. Mensagem de
voz distribuída pela central anuncia o fim do programa, conforme dados
do inquérito aberto no início da semana a partir de uma determinação do
ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. A descoberta reforça a tese
de que a ação tenha sido organizada.
A polícia tentará agora descobrir quem contratou os serviços de
telemarketing e se, de fato, existe algum grupo com interesse
político-eleitoral por trás da tentativa de se assustar os beneficiários
do Bolsa Família. A polícia decidiu também interrogar, a partir da
próxima semana, as 200 primeiras pessoas a fazer saques logo após o
início da disseminação dos boatos sobre o fim dos programas. A polícia
quer saber como cada um deles foi informado sobre o fim do programa.
— Está comprovado o uso do telemarketing — disse ao GLOBO uma fonte que está acompanhando de perto as investigações.
Os boatos sobre o falso fim do programa começaram a ser difundidos no
sábado passado e provocaram uma corrida em massa à agências da Caixa
Econômica Federal, pagadora do benefício. Os primeiros saques foram
feitos no Maranhão, Pará e Ceará por volta de 11h do sábado passado, 30
minutos depois do registro de uma das ligações da central de
telemarketing sobre o falso fim do programa. No dia seguinte, os
terminais da Caixa registravam 900 mil saques no valor total de R$ 152
milhões.
A presidente Dilma Rousseff classificou a ação de criminosa. Cardozo
disse que a hipótese mais provável é que se tratava de uma manobra
orquestrada. A ministra da Secretaria Nacional de Direitos Humanos,
Maria do Rosário, chegou a insinuar, no twitter que os boatos teriam
partido da oposição. Líderes da oposição reagiram e passaram a levantar
suspeitas sobre setores do governo que, no fim das contas, acabariam
obtendo dividendos políticos com o caso.
Os investigadores do caso tentam se manter longe dos embates políticos,
mas não descartam que o episódio tenha alguma conotação eleitoral.
O Bolsa Família tem sido motivo de debate nas principais eleições nos
últimos anos. A partir do aprofundamento sobre o uso do telemarketing e
de declarações dos beneficiários, a polícia entende que poderá
esclarecer o caso.
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