05/05/2015 às 16:47
Jornalista do DF publica foto e sofre ataque racista na internet
Escrito por: Redação do FNDC
Fonte: R7
Injúria racial gera revolta entre internautas e milhares manifestam apoio à vítima no Facebook
Um ataque racista contra uma jornalista negra de Brasília (DF) por meio
do seu perfil numa rede social causou forte comoção dentro e fora da
Internet nesta terça-feira (5). Cristiane Damacena publicou no dia 24 de
abril uma nova foto no Facebook e cinco dias depois passou a sofrer
injúrias de cunho racial por ao menos 5 perfis diferentes. Ela foi
chamada de “macaca” e “escrava” e sofreu zombarias por causa da cor da
pele.
De lá pra cá o caso ganhou repercussão e o apoio a Cristiane extrapolou
sua rede de amigos no Facebook. Ao meio-dia desta terça-feira já eram
14.663 curtidas na foto, onze mil comentários e 353 compartilhamentos.
Mensagens em defesa da jornalista, elogios a sua beleza e manifestações
de apoio formam a maior parte dos comentários. Ela é chamada de "linda"
em vários deles. A vítima não quer falar sobre os ataques e contratou
advogado para tratar do assunto. Numa das agressões, um internauta
afirma que ela usa um vestido amarelo "porque é a cor preferida do
macado pois lembra a banana".
Segundo o advogado Renato Ópice Blum, especialista em crimes
cibernéticos ouvido pelo R7 DF, a identidade de quem ataca pela Internet
pode ser descoberta em menos de 48 horas no Brasil. A investigação
começa pelo IP (espécie de registro que cada computador, - ou
smartphone, usa no acesso à rede) e chega ao endereço onde houve a
conexão à Internet. De acordo com o advogado, mesmo se o acesso foi
feito numa máquina instalada numa lan house é possível descobrir o
agressor com a ajuda de câmeras de segurança.
Depois de identificados, os responsáveis podem responder pelo crime de
injúria qualificada com pena que varia de um a três anos.
Para a advogada Indira Quaresma, da Comissão de Direitos Humanos da
OAB-DF, as vítimas de injúria racial devem tirar uma cópia da página em
que as ofensas estão postadas e com ela fazer um boletim de ocorrência. A
partir do boletim a investigação começa a ser feita pela Polícia
mediante uma ação penal privada.
De acordo com a SEPPIR, Secretaria de Políticas de Promoção da
Igualdade Racial da Presidência da República, a pasta recebeu 567
denúncias de racismo em 2014 (entre casos virtuais e não virtuais) e 200
só neste ano. Segundo a assessoria de comunicação do órgão, o caso será
acompanhado até que o inquérito aberto seja enviado para denúncia do
Ministério Público. A ministra da SEPPIR, Luiza Bairros, que está
cumprindo agenda no Maranhão, pode se pronunciar ainda nesta terça-feira
sobre os ataques à jornalista.
A Polícia Civil do Distrito Federal, que é responsável pelas
investigações em casos como o da jornalista Cristiane Damacena ainda não
se pronunciou sobre o assunto.
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