"Não
existe dinheiro para produção cultural hoje no Brasil. Não há um
sistema nacional de cultura que de fato seja efetivo e que consiga fazer
os governos federal, estadual e municipal estarem integrados num bloco
de investimentos. O investimento na cultura em nosso país é ínfimo.
Cresceu muito nos últimos anos, mas está muito longe da demanda de
produção cultural que temos, e por isso desenvolvemos novas formas de se
fazer cultura no Brasil: com caixas coletivos, moedas complementares,
casas coletivas. Um outro gargalo é que o próprio Estado que
criminaliza os movimentos culturais. A
Lei 8.666
te coloca no mesmo lugar de grandes corporações para prestar contas.
Uma grande corporação que gere R$ 60 milhões, e que tem um grande corpo
técnico é capaz de prestar forma conta como o sistema pede. Da mesma
forma você tem um ponto de cultura que tem R$ 60 mil para gerir, é o
mesmo que presta conta, é aquele está apresentando a peça no palco, e se
ele compra um parafuso ao invés de um prego, corre o risco de ser
preso.
Nós precisamos criar mecanismos pra tratar os diferentes de forma
diferente. Não dá para você achar que a perspecativa isonômica vai
tratar uma grande fundação da mesma forma que trata o pequeno ponto de
cultura. Tem que ter uma forma de conseguir refletir ao entorno dessas
diferenças gritantes que existem num país de dimensões continentais como
o nosso."
Bruno Torturra
"Para
mim nós vivemos potencialmente a idade de ouro do jornalismo, em uma
sociedade que se define pela leitura constante de informações, pela
troca. Cada vez mais brasileiros têm um smartphone capaz de fazer o que
apenas um canal de televisão era capaz de fazer há 10 anos. E como
aceitamos a idéia de que o jornalismo está morrendo?
Há um potencial gigantesco colocado em nossa geração: pessoas que já
nascem na rede e já nascem comunicadores públicos. Há uma massa de
jornalistas e estudantes de jornalismo sem emprego e sem perspectiva de
emprego, e mais do que isso, há uma massa da população precisando,
demandando, esperando um jornalismo diferente, confiável, independente.
Menos de 8% da população brasileira acredita que a grande mídia
representa a população ou valores democráticos, 35% acreditam que os
veículos representam os interesses de seus donos, 32% acreditam que a
grande midia representa os interesses dos mais ricos, 15% acreditam que a
grande mídia representa o interesse de políticos vinculados a esses
veículos. Essa crise de identidade você mede na rua. Se você for ver as
marchas de junho e julho, um alvo cada vez mais frequente nas ruas era a
própria mídia. Muitos entenderam as manifestações como um fenômeno
político inédito: eu acredito que são sobretudo um fenômeno de
comunicação, com a capacidade e empoderamento súbito das pessoas de
criar as próprias narrativas e quebrar uma narrativa oficial onde todos
simultaneamente conseguiram falar que o rei estava nu.
Ivana Bentes
"As
políticas públicas do Brasil ainda estão sendo pensadas para um modelo
de economia industrial, fordista, fabril. Digo isso na economia, na
cultura, na educação - o que nós temos é uma linha de montagem que tenta
dar conta de um modelo serial, que está em transição e em crise.
Trata-se efetivamente da grande disputa e do grande desafio não só do
Fora do Eixo, mas de todos os pontos de cultura, de todas as pessoas que
trabalham com cultura, e eu diria mais, de todos os jovens brasileiros.
Tínhamos a conclusão de que todos os jovens iriam entrar no sistema
formal de trabalho, com seus direitos assegurados, e essa não é a
realidade do Brasil e do mundo. Quando eu digo que o Fora do Eixo
transformou precariedade em autonomia, ele está inventando através da
sua moeda complementar, através do trabalho colaborativo, através do
aproveitamento desse momento de uma economia da abundância, onde com
internet, com acesso a comunição, você pode produzir muito, transformar
pobreza, precariedade, em riqueza, em valor. Então acho que essa é a
máscara dessa outra economia, da economia do comum, do colaborativo que
nós estamos vivendo, e está sendo criminalizada. Então nós estamos
tratando da nova forma do trabalho da juventude do Brasil, estamos
tratando dessa nova forma de trabalho do precariado, que está no hip
hop, nos pontos de cultura, está por todo lugar que é o autônomo, ou
seja, é transversal essa crise, e a crise do emprego fordista".
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Jandira Feghali (PC do B / RJ)
“Este
fórum, a possibilidade de debate entre cultura e comunicação, acontece
em um momento bastante interessante na política brasileira.
Acho que um grande legado ao Parlamento e ao país que esta Comissão
pode deixar, é a desburocratização da relação Estado e sociedade por
meio de uma política estruturante. Um grande salto que podemos dar é
fazer com que a Comissão seja uma espécie de fiadora de mobilização
popular.
Quanto a credibilidade da mídia, há uma provocacão importante: a
internet é um campo livre de opiniões, e é um espaço de disputa. Como
vocês enxergam a disputa política nos espaços de comunicação?. Dentro
disso um outro encaminhamento desta Comissão é a criação grupo de
trabalho especifico para estruturar as propostas que acumulamos até aqui
e dar visbilidade a questão da mídia”. Veja fala completa
aqui.
Jean Willys (PSOL / RJ)
“Como
é que o Fora do Eixo lida com a vontade dos artistas de ser eixo e de
estar no eixo? Como desarticular esse Star system? Que outra proposta de
sucesso existe e quais são as dificuldades que você tem de lidar com
esse imaginário do artista que já está impregnado com essa ideia de
sucesso?”
Veja a fala completa
aqui.
Evandro Milhomem (PC do B / AP)
“Eu
fico muito contente com a oportunidade de ter um debate como esse. Nem
sempre os compromissos com a formalidade dessa Casa permitem-nos
debater estes temas de forma relacionada: mídia, economia solidária,
cultura, tudo com o devido entrelaçamento entre essas coisas que estão
no dia a dia das pessoas.”
Veja a fala completa
aqui.
José Stédile (PT / RS)
"Na
minha opinião, o movimento Fora do Eixo, depois do MST (que durante
muitos anos foi referência dos movimentos sociais), é um movimento que
está se tornando referência no Brasil, e não é porque luta pela Cultura,
é porque luta por um novo modelo de vida. "
Veja a fala completa aqui.
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Domingos Sávio (PSDB / MG)
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"Tenho
um sobrinho que participa do movimento Coletivo Fora do Eixo, um músico
em Minas Gerais encantado com todo o processo. Acho muito importante
que a gente construa uma alternativa. Na verdade você tem uma Lei que
regulamenta a aplicação de um pequeno recurso ou de milhões de reais
tentando colocar tudo com a mesma regra, então você precisa ter um
modelo simplificado e com mais controle social por que o modelo
simplificado não pode ser a premissa da falta de transparência, o modelo
simplificado, para não cair em descrédito, tem que ser um modelo hiper
simplificado e que tenha mais transparência".
Veja a fala completa aqui.
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Waldenor Pereira (PT / BA)
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"Lá
na minha cidade, um grupo do Fora do Eixo realiza um festival cultural
de muito boa qualidade, inclusive com ações como música, teatro, cinema,
entre outras atividades. Portanto, quero mais uma vez testemunhar que a
experiência do Fora do Eixo por lá é uma experiência exitosa - pelo que
realiza quase semanalmente na nossa cidade, palco de uma grande
efervescência cultural".
Veja a fala completa aqui.
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Fernando Marroni (PT / RS)
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"Parabéns
pelo trabalho! Eu acho que estamos vivendo em uma disputa política
sobre mídia, sobre sistemas de convivência, ou seja, um projeto que se
contraponha a isso".
Veja a fala completa aqui.
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Marina Santanna (PT / GO)
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"Sem
dúvida entendo que o movimento Fora do Eixo é de fato uma orientação
preciosa para caminhos novos nos movimentos que vão surgindo. A feição é
nova, os instrumentos são novos, existem novos recursos. Essas
possibilidades de educação política pela cultura e pela comunicação
estão colocadas".
Veja a fala completa
aqui.
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