(...) O pensamento tem que pensar o que o forma, e se forma com o que pensa. A dualidade crítica-conhecimento revela-se perfeitamente inútil: o pensamento diz o que ele é.
(...)
Na Lógica do sentido ocorre a pergunta: o que é pensar? Pergunta que Deleuze escreve duas vezes ao longo do seu livro: no texto de lógica estóica do incorporal e no texto de análise freudiana do fantasma. Que é pensar? Escutemos os estóicos que nos dizem como pode haver pensamento do pensado; leiamos Freud que nos diz como pode o pensamento pensar. Talvez aqui consigamos, pela primeira vez, uma teoria do pensamento que esteja inteiramente liberta do sujeito e do objeto. Pensamento-acontecimento tão singular como um golpe de sorte; pensamento fantasma que não busca o verdadeiro mas que repete o pensamento.
Michel Foucault, in Theatrum Philosoficum.
Trad. Jorge Lima Barreto, 4 ed. São Paulo: Anagrama, 1987, pp.
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