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Apesar de a crença em seres sobrenaturais ser muito generalizada em todas as formas de mágica, muitos sustentam que os próprios nomes e ritos, a própria parafernália da magia em ação tem seus poderes especiais, capazes de produzir resultados sobrenaturais. A varinha, por exemplo, é potente por causa de sua consagração: não necessariamente porque conjura um espírito a efetuar uma ação.
Os objetos de magia são conhecidos da maioria das pessoas: por certo, pelo menos daqueles que estudaram de alguma forma o assunto. Os rituais também estão em muitas obras, descritos por “adeptos” ou criticados por seus oponentes. Já mencionei a possível importância histórica e etnológica de um estudo das raízes das práticas ocultas. Haverá ainda certo número de pessoas que não estará interessado no fluxo cultural mas quererá saber: “Há alguma verdade na magia?”. A resposta a isso é que, muito possivelmente, há bastante “verdade” na magia. Qual é e aonde pode levar, fica para os pesquisadores demonstrarem.
O que existia na alquimia? Havia pelo menos a química moderna; apesar de não de minha competência dizer o que sobrou. A hipnose, atualmente não apenas fato aceito, mas uma técnica muito valiosa, vem diretamente da magia. O que existe no moderno espiritismo, descendente do xamanismo mongólico, também não compete a mim dizer. Uma coisa, no entanto, é certa: que a magia, enquanto tal, na mera repetição de rituais disponíveis ao leitor comum, é de pouca valia para quem quer que seja. Segundo os ocultistas hindus, conforme é descrito nestas páginas, muitas formas de magia e, portanto, certos supostos e bem documentados milagres são atribuídos à existência de uma força não-descoberta (akasa) que parece ter alguma conexão com o magnetismo. Autores arábico-islâmicos (que deram ao mundo a ciência moderna) também suspeitam a presença dessa força. Se ela existe, é tarefa dos experimentadores descobri-la.
O homem é um “animal inventor de símbolos”.
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Idries Shah, 1956. In: Magia oriental.
Tradução José Rubens Siqueira. São Paulo: editora 3, 1973, pp. 28-29.
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